Carreira: conheça as histórias de quem saiu do estágio para o comando da empresa
São comuns no Espírito Santo os casos de profissionais que começam cedo nas empresas chegam a cargos de liderança

O estágio é uma porta de entrada para o mercado de trabalho, especialmente para quem para quem faz faculdade ou ensino técnico e quer conhecer mais sobre a área que estuda.
E são comuns no Espírito Santo os casos de estagiários que foram crescendo profissionalmente até se tornarem chefes na mesma empresa em que começaram suas carreiras.
A presidente da Morar Construtora Aline Stefanon é um desses exemplos. Ela conta que, em 1998, estava buscando um estágio para finalizar seu curso técnico em Segurança do Trabalho e se candidatou a uma vaga na Morar, sem muitas expectativas.
“Foi em janeiro daquele ano. Fiz a entrevista com os dois sócios da empresa e passei, e aí comecei a conciliar também com a faculdade de arquitetura que eu estava fazendo. A partir daí começaram a surgir oportunidades em outras áreas dentro da empresa, e fui sempre aceitando, em busca de aprender coisas novas”.
Ela relata que passou por diversos cargos até que, em 2021, assumiu como vice-presidente da empresa. “E em 2023, por conta de uma decisão do então presidente de se mudar para os Estados Unidos para fazer um projeto pessoal, assumi como presidente da Morar, já que a nossa filosofia é de dedicação total à empresa”, explica.
Conforme explica a diretora da Center RH Eliana Machado, as empresas no Espírito Santo tendem a dar oportunidades de crescimento aos estagiários, sendo comum casos de diretores e gestores que passaram a carreira toda no mesmo lugar.
“Há empresas que já tem essa mentalidade de dar ao estagiário a oportunidade dele conhecer o máximo possível para somar não apenas na área que ele está, mas também futuramente em outras”, afirma a especialista.
Para o mentor de carreiras e consultor de desenvolvimento humano Elias Gomes, integrar o estagiário e prepará-lo adequadamente é algo de importância estratégia para as empresas.
Segundo Gomes, quem enxerga o estagiário não como uma fonte de mão de obra barata, mas como o verdadeiro início da jornada de um futuro líder, sai na frente com vantagens competitivas significativa.
“Quando um profissional cresce dentro da organização, ele absorve o DNA da empresa de uma forma muito profunda. Os valores, a missão e a forma de operar não são apenas conceitos aprendidos, mas experiências vividas ao longo de anos. Isso resulta em líderes mais autênticos e alinhados, que tomam decisões que perpetuam a cultura da empresa”, afirma.
Habilidades com IA e emoções são prioridades
O jovem que busca estágio e quer crescer profissionalmente dentro das empresas deve ter inteligência emocional e conheciomentos em Inteligência Artificial, segundo o presidente da Associação Brasileira de Estágios (Abraes) Seme Arone Júnior.
“A inteligência emocional é crucial para os jovens. A capacidade de aceitar as sugestões do gestor demonstra resiliência. Além disso, observamos uma forte concentração digital em dispositivos móveis e o conhecimento de linguagens de programação específicas da sua área de atuação”.
Para quem também almeja conquistar uma vaga de estágio e possivelmente crescer profissionalmente dentro de uma empresa, a especialista em recolocação profissional e conselheira da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Andiara Martins, também detalha outras dicas.
Ela destacou a importância dos soft skills, ou competências comportamentais, que vêm ganhando cada vez mais força nas empresas na hora de avaliar a contratação de um estagiário.
“Incluem organização de tempo, proatividade e disposição para aprender. As empresas têm reavaliado a importância relativa entre hard skills e soft skills, observando com crescente atenção as soft skills”.
Ainda segundo o levantamento da Associação Brasileira de Estágios, a maioria dos estudantes que ocupam essas vagas tem entre 16 a 29 anos e as mulheres representam a maioria, 53%, desse total. Entre 40% e 60% dos estagiários são efetivados como profissionais em empresas do país.
Estagiários que chegaram à chefia
Independência financeira

Hoje gerente de uma das unidades da Óticas Paris, Andresa Egidio dos Reis Torezani conta que começou como estagiária na empresa em 2001, quando tinha 16 anos.
“Eu sonhava com a independência financeira, em ter meu próprio dinheiro, e a Paris me abriu essa porta. Passei pela recepção, crediário, escritório e aprendendo até construir a estabilidade que tenho hoje”.
Jovem aprendiz

Rucherllen Freitas Pereira, 31 anos, conta que iniciou a carreira em 2011 como jovem aprendiz na São Bernardo Saúde. Quatro meses depois, foi efetivada e permaneceu na empresa até 2017, quando se mudou para Vitória e foi atuar na Qualisaúde, empresa criada para comercializar planos exclusivamente da São Bernardo Saúde. “Comecei como analista, fui promovida a supervisora e, atualmente atuo como coordenadora de implantação, responsável pela expansão da administradora junto a novas operadoras em diversos estados do Brasil”.
Postura importante

Rafael Folador iniciou sua trajetória na EDP em 2017, ainda como estudante de engenharia elétrica, demonstrando postura de aprendizado e apoio aos colaboradores, especialmente os mais antigos. Isso lhe abriu portas, permitindo atuar como terceirizado até surgir uma vaga de analista operacional.
Após passar por funções em Cachoeiro de Itapemirim e na Serra, atualmente é gestor operacional do Centro de Operações Integradas
Caminhos

O atual diretor-geral do ES em Ação, Fernando Saliba, começou a carreira como estagiário na Escelsa (atual EDP), onde passou quase toda a sua carreira.
“Depois fui engenheiro, gestor de primeiro nível, superintendente e diretor-geral, além de diretor de outras empresas do grupo. Quando você é um bom profissional, os caminhos vão se abrindo”, afirma.
Desde os 14 anos

Atual diretor-executivo do Banestes, José Amarildo Casagrande tem longa trajetória em bancos: começou a carreira como estagiário do Banco do Brasil em Araruama (RJ). Antes de assumir o posto no Banestes, ele encerrou sua carreira de 39 anos no Banco do Brasil no posto de superintendente estadual de Minas Gerais.
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