Carne e café são os próximos a sair do tarifaço, diz ministro
Previsão é do ministro Paulo Teixeira, após governo dos Estados Unidos recuar na sobretaxa imposta à celulose brasileira

A carne e o café brasileiros podem ser os próximos produtos a ficarem livres do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa é a previsão do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, Paulo Teixeira, que ontem ressaltou que o governo americano recuou quanto à tarifa de 10% imposta à celulose brasileira.
“Os americanos não aguentam pagar o preço que estão pagando. O Brasil fornece os melhores produtos, com os preços mais baratos, e o americano estava pagando um preço muito bom. Mas o tarifaço encareceu esses produtos lá e eles continuam comprando”.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, acredita que a revogação da tarifa do café será capitaneada pelo consumidor estadunidense.
“Os EUA estão revogando as tarifas em doses homeopáticas. O consumidor americano tem predileção pelo café, consome muito o produto. E, no fim das contas, é o consumidor quem determina o volume de compra e venda do produto”.
Segundo Rocha, o produto gerou mais de R$ 1 bilhão em receitas, em 2024, mais do que o faturamento obtido com a celulose, de quase R$ 900 milhões.
“Falam muito que o café da Colômbia tem mais qualidade que o brasileiro, mas é nossa produção é a maior do mundo e responsável por abastecer o mercado americano. E nós também somos os responsáveis por suprir a demanda por carne de lá”, frisou.
Outros produtos agrícolas com grande produção no Espírito Santo também deverão ter as taxas revogadas em breve, diz o presidente da Feag. “Tudo chegará a um equilíbrio. Especiarias como a pimenta -do-reino e o gengibre, que nos dá um destaque fantástico no mercado nacional, serão beneficiadas pela revogação de tarifas dos Estados Unidos”, afirmou.
Entre janeiro e julho deste ano, o Estado exportou mais de 34 mil toneladas de pimenta-do-reino, com faturamento de mais de US$ 217 milhões (R$ 1,17 bilhão).
Já o gengibre registrou mais de 10 mil toneladas exportadas, com faturamento de mais de US$ 14 milhões (R$ 75,4 milhões), segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Alta nas exportações de celulose
Os Estados Unidos suspenderam o terifaço sobre as importações da celulose brasileira, deixando-a isenta, segundo uma ordem executiva norte-americana.
A celulose já estava na lista de exceções da sobretaxa adicional de 40%, anunciada por Donald Trump no início de julho e que entrou em vigor no início de agosto. Com o novo decreto, ficou de fora também a tarifa de 10% que vigorava desde abril.
A medida traz previsão de aumento na exportação de celulose do Brasil, mas sem grandes impactos para o Estado, segundo o consultor empresarial e CEO da DVF consultoria, Durval Vieira de Freitas.
“Essa revogação favorece o Brasil, estimula a exportação para os Estados Unidos e fortalece o trabalho de produção da celulose. Nosso país é o segundo maior produtor de celulose do mundo, e o maior exportador”.
Para o Espírito Santo, a medida traz tranquilidade para os produtores, mas é mais benéfica para outros estados, como o Mato Grosso, afirma Durval.
“O Mato Grosso é o maior produtor de celulose do Brasil e será muito beneficiado. E o Espírito Santo, como quinto maior produtor do País, terá tranquilidade”.
Entenda o caso
Taxação da pimenta e do mamão
Início das tarifas
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou tarifas de importação para mais de 180 países. O Brasil ficou com taxa de 10%.
50% para o Brasil
Trump enviou cartas para chefes de estado de diversos países, anunciando novas tarifas. Ao Brasil, impôs taxas de 40%, somadas aos 10% anteriores, justificando a ação com acusação de que o Supremo Tribunal Federal (STF) cometia censura e violações à liberdade de expressão no País. Alguns dos produtos tarifados foram café, carne, móveis, máquinas, pescado, mamão e também pimenta-do-reino e gengibre, de forte produção capixaba.
Exceções
Suco de laranja, aeronaves, petróleo, fertilizantes, café e celulose estavam entre os produtos que ficaram de fora da sobretaxa, mas permanecendo com tarifa de 10%.
Isenção para celulose
Os EUA anunciaram o fim do tarifaço para a celulose, isentando a importação do produto totalmente.
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