Busca por qualificação e crédito mais fácil: dificuldades de quem quer empreender
Dificuldade de entender qual caminho seguir vem sendo a principal queixa de quem deseja concretizar o sonho de ter o próprio negócio
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As políticas de crédito em âmbito estadual e federal têm facilitado a vida de empreendedores no momento de darem os primeiros passos para montar ou expandir micro e pequenas empresas (MPEs).
Mas, ao mesmo tempo em que essa ajuda chega em boa hora, a dificuldade de entender qual caminho seguir vem sendo a principal queixa de quem ainda busca concretizar esse sonho.
Kamila Ramos, que vende bolos saudáveis, comenta que a falta de clareza na busca pelos incentivos econômicos e de qualificação acaba atuando como desestímulo.
“As pessoas não conseguem ter um norte de como procurar ajuda. Temos alguns incentivos com empréstimos para maquinário, por exemplo, mas não é algo aberto.”
Ela comenta que só conseguiu entender o caminho quando passou a participar dos projetos da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), do governo do Estado.
Para a empreendedora do ramo de pipocas gourmet Marcela Rodrigues, de Vila Velha, esse investimento inicial é primordial. “Às vezes, a pessoa não tem condição. Para a pessoa ir para a rua, ela precisa ter um capital”, diz.
Neste Dia Nacional das Micro e Pequenas Empresas, comemorado nesta quinta-feira (5), os dados do setor são positivos. No Espírito Santo, são criados em média 211 negócios desse tipo por dia, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-ES).Atualmente, são mais de 472 mil empresas desse porte no Estado.
Dados do governo federal ainda apontam que o volume total de contratações por MPEs é cerca de seis vezes maior que o número das médias e grandes empresas .
Segundo o economista Ricardo Paixão, muitas políticas executadas estão descomplicando o processo, mas o dinamismo do mercado é um ponto de atenção.
“A todo momento estamos precisando de novas ferramentas. Temos o microcrédito, mas há empresários que não estão sendo contemplados”, comenta.
O superintendente do Sebrae-ES, Pedro Rigo, reforça a necessidade de atenção à qualificação do setor.
“Eles precisam de muita atenção quanto à gestão de uma forma em geral, tanto nas áreas de pessoas, tecnologia, mercado e principalmente na gestão financeira”, diz o superintendente do Sebrae-ES.
Chance para mulheres chefes de família
A possibilidade de abrir uma micro e pequena empresa (MPE) também tem sido uma alternativa para as mulheres que atuam como chefes de família ou precisam complementar a renda.
De acordo com dados compilados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-ES), atualmente são 195,5 mil mulheres liderando pequenos negócios no Espírito Santo. Elas representam 33,6% do total de empreendedores capixabas.
Dentro desse universo, 108.924 (55,69%) são negras. O setor de serviços (106.340) é o preferido entre as mulheres, seguido pelo comércio (43.689), indústria (22.241) e agropecuária (21.197).
A empreendedora Kamila Ramos vendia bolos junto com a sogra, mas continuou e se reinventou no ramo pela independência.
“Me divorciei e quis flexibilidade para estar com meus filhos e me organizar, além de ajudar nas despesas em casa”, diz.
Números do Estado
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316 milé o número de microempreendedores individuais (MEIs) ativos.
• 18 mil é o total de empregos criados por micro e pequenas empresas (MPEs) no 1º semestre deste ano.
• 43,8% das empresas que exportam são pequenos negócios, total de 383 empresas.
Dados do País
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214 milé o total de MPEs criadas no primeiro trimestre, 9,2% superior a 2022 e 60,8% maior que 2019.
Fonte:Sebrae e Sebrae-ES.
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