Bitcoin dispara e aumenta o interesse de investidores
Moeda digital voltou a ter valorização acima da média e seu índice chegou a desbancar, com folga, ativos como o ouro e o dólar
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Após um 2023 de constantes oscilações positivas e negativas e distantes da alta histórica de 2021, a criptomoeda Bitcoin, a primeira e mais famosa do mercado de criptoativos, voltou a ter valorização acima da média.
A moeda digital alcançou alta de 46,76% no último mês, segundo apontava o painel do Google na noite da última sexta-feira (01). O índice desbanca com folga ativos como o ouro (+1,64%) e o dólar (+0,71), considerados seguros.
O aumento elevou a moeda para uma faixa de R$ 310 mil, ou seja, passou a custar 158% mais do que no mesmo período do ano passado — que era de cerca de R$ 120 mil.
A alta é explicada pelo movimento de mercado nos Estados Unidos, que reconheceu a criptomoeda como válida para operação com fundos de índice, como explicou o professor de Contabilidade e Finanças, Talles Brugni.
Esse tipo de investimento remunera a partir do desempenho de índices financeiros, ou seja, do percentual de elevação ou queda das bolsas de valores, por exemplo.
“Isso fez com que investidores se arriscassem no mercado de criptomoedas sem precisar aprender como mexer com criptoativos, além de se expor ao Bitcoin com a segurança do reconhecimento oficial, o que aumenta a demanda e o preço”, diz o professor.
Após a liberação pela comissão de valores mobiliários americana, em janeiro, a criptomoeda alcançou cerca de US$ 8 bilhões (R$ 39 bilhões na cotação atual) na última quinta-feira (29), segundo a Bloomberg.
A orientação para investidores é que as métricas desses fundos de índice americanos sejam monitoradas. “Se continuarmos vendo esse nível de interesse, a chance do Bitcoin atingir seu pico histórico neste trimestre é alta”, afirmou João Galhardo, analista do BTG Pactual.
Os especialistas também aguardam o chamado “halving”, que é uma redução no ritmo de emissão de novas unidades de Bitcoin, evento que ocorre de forma automática a cada quatro anos para controlar o valor da criptomoeda.
De seis bitcoins emitidos a cada 10 minutos, o número será reduzido para três a partir de abril, segundo Brugni. “Podemos esperar uma superação dos US$ 65 mil (R$ 322 mil). Os analistas mais otimistas enxergam um preço acima de US$ 100 mil (R$ 495 mil) até o final deste ano.
Precaução e visão a longo prazo
Embora a valorização da moeda digital estimule os investimentos, é preciso ter precaução, principalmente para aqueles que são novatos no mercado dos criptoativos.
A elevação e a posterior queda do preço da moeda digital levam investidores desavisados a colocarem dinheiro no momento errado, principalmente quando a intenção é o retorno a curto prazo.
O professor e especialista em Contabilidade e Finanças Talles Brugni, entusiasta da criptomoeda, explica que o Bitcoin é um ativo muito volátil, tanto para cima, quanto para baixo.
“Alguns investidores olham as janelas muito curtas, o que cria uma visão errada. Quando se olha a longo prazo, o ativo sempre sobe, mas as correções são muito bruscas porque as altas também são”, afirma.
Para conseguir ter ganhos com o investimento, é preciso ter paciência e entender os mecanismos do mercado, como controle na oferta a partir do halving (redução na emissão de novas unidades de bitcoin).
“Ele (o investidor) tem que aguentar a volatilidade e saber que é um dinheiro que pode ser perdido”, afirma o head do Mercado Bitcoin Research, André Franco, à revista Exame.
Quanto ao uso como moeda no dia a dia, permanece sendo pouco difundido, apontam especialistas.
Saiba mais
Alta de 46,24%
O Bitcoin, principal moeda digital no mercado, teve alta de 46,24% em fevereiro, deixando para trás ativos considerados mais seguros, como o ouro (+1,64%) e o dólar (+0,71).
Os principais motivos, segundo especialistas, são a adoção da criptomoeda pela comissão de valores mobiliários americana para investimentos em fundo de índice, o que aumentou a demanda e o preço.
Outro ponto é o chamado “halving”, evento programado no código da moeda digital que reduz a emissão dela pela metade a cada quatro anos — vai de seis para três a cada 10 minutos.
Fontes: Valor Econômico e especialistas citados na reportagem
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