X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Economia

Após relator retirar 'taxa das blusinhas', Senado adia votação do Mover

Líder governista, Jaques Wagner (PT-BA), defendeu trabalhar até esta quarta para construir um prosseguimento sobre a votação da matéria


O relator do projeto do Mover (programa para descarbonização do setor automotivo) no Senado Federal, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), retirou do texto os "jabutis" –dispositivos sem relação com o texto inicial–, que tratam da "taxa das blusinhas" (compras internacionais de até US$ 50) e da autonomia do governo na política nacional de petróleo.

As mudanças foram feitas nesta terça-feira (4), dia em que também era prevista a deliberação da proposta, e surpreenderam senadores. Por isso, tanto oposição quanto a base do governo concordaram em adiar a votação para a próxima quarta (5).

Líder governista, Jaques Wagner (PT-BA), defendeu trabalhar até esta quarta para construir um prosseguimento sobre a votação da matéria.

Mesmo defensores da derrubada dos jabutis, como Rogério Marinho (PL-RN) e Omar Aziz (PSD-AM), entenderam ser melhor adiar a votação.

"Acho mais sensato, uma vez que o relator modificou o texto", disse Marinho, que é líder da oposição.

Mais cedo, o relator Rodrigo Cunha havia anunciado que o dispositivo sobre a chamada "taxa das blusinhas" seria retirado do projeto de lei "por ser um corpo estranho, uma artimanha legislativa".

O texto também cortou um jabuti que previa política de conteúdo local para o petróleo, outro que criava um novo regime fiscal para produção nacional de bicicletas, e um quarto que acrescentava alguns impostos específicos para carros movidos a álcool.

Caso sejam retirados do Mover pelos senadores, estes trechos ainda podem ser recolocados na proposta pela Câmara e, em todo caso, estarão sujeitos a veto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os jabutis dentro do projeto do Mover foram incluídos pela Câmara dos Deputados e já causaram uma série de adiamentos à votação.

O corte de Cunha aos dispositivos foi anunciado na tarde desta terça e o relatório foi apresentado já com a sessão do plenário iniciada, o que causou a reclamação de seus pares.

A decisão do relator pegou o Senado de surpresa. Líderes, mesmo os que estavam em contato com Cunha, disseram à Folha que não foram avisados. Há parlamentares que ainda tentam fazê-lo recuar.

Nos bastidores, já se negociava para que a aprovação do projeto acontecesse com o jabutis, e que depois o governo poderia vetar os trechos, se fosse necessário —em especial para barrar o trecho sobre petróleo, visto como preocupante por parte do Executivo.

Agora, a projeção dos parlamentares é que a discussão da matéria, caso o relator não volte atrás, deve ser mais demorada, com votação específica para estes pontos.

A expectativa é que pelo menos a taxa às compras internacionais de US$ 50 seja mantida no texto, mesmo que contra a vontade do relator.

"Certamente esse tema vai a debate, pois muitos senadores e senadoras acham justa a taxação dessas compras", afirmou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Se alguma mudança no texto for aprovada, ele terá de voltar à Câmara, o que deve atrasar ainda mais a aprovação do programa Mover.

O relator defendeu que a proposta deve se debruçar exclusivamente sobre o programa de descarbonização do setor de automóveis, e que esses outros temas devem ser debatidos separadamente.

"Considero estranho ao assunto mais importante [do projeto], que é o programa Mover", disse Cunha.

O relator afirmou ainda que um possível acordo para que os jabutis fossem vetados por Lula não foi conversado com o Senado.

O Mover (Programa Mobilidade Verde e Inovação) foi um programa criado pelo governo federal para substituir o antigo Rota 2030, que visa incentivar a implementação de uma frota automotiva menos poluente.

Ele foi criado inicialmente como uma medida provisória —que tem efeito imediato, mas prazo de validade curto. Depois, o governo enviou um projeto para transformar o programa em lei.

Durante a tramitação do projeto de lei, a Câmara dos Deputados incluiu nele, com apoio do presidente Arthur Lira (PP-AL), o fim da isenção de imposto sobre as compras internacionais de até US$ 50 —atualmente, estes produtos não pagam taxa, motivo pelo qual lojas virtuais como Shopee e Shein conseguem vendê-los a preços baixos.

O fim da isenção causou divergência na Câmara, travou o andamento do Mover e foi criticada como um jabuti, jargão usado para dispositivos que são incluídos em um texto, mas não tem relação com o tema principal dele.

Após semanas de adiamento em razão da falta de acordo, deputados e governo chegaram a um acordo para que o texto determinasse a taxação dessas compras em 20%, e o projeto foi aprovado no dia 28 de maio.

Durante a votação, porém, outro jabuti foi incluído, por meio de uma emenda que cria a política de conteúdo local para o petróleo —proporção mínima dos leilões do setor que deve ser destinado a empresas nacionais.

Os jabutis e as divergências atrasaram a votação do Mover, e a validade da medida provisória (30 de maior) passou sem que o projeto tenha sido transformado em lei. Assim, o programa caducou.

Na última segunda-feira (3), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, indicou que o governo pode vetar ao menos parte dos "jabutis" que foram incluídos no projeto, caso eles sejam aprovados.

Antes, na sexta (31), o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que Lula não deveria vetar a taxa para compras internacionais.

Por outro lado, o governo se opõe ao jabuti do conteúdo local do petróleo, uma vez que a emenda aprovada na Câmara reduz o poder do Executivo sobre a política do setor.

Atualmente, compete ao CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) e à ANP (Agência Nacional de Petróleo) estabelecer o mínimo das contratações nacionais que devem acontecer nos leilões da indústria petroleira.

Pela emenda dentro do Mover, esse percentual passaria a ser definido em lei, o que retira do governo a possibilidade de adaptar essa política às condições de momento do mercado e do setor.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: