Custo com veículo supera o de alimentação, aponta pesquisa
Gasto com alimentação não significa que as pessoas estão comendo mais, afirma especialista
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Por categorias, alguns recortes chamam a atenção: o valor usado com veículo próprio e habitação, superam gastos com alimentação dentro e fora de casa, incluindo delivery.
Mas no ranking das 10 categorias com maior potencial de consumo, a alimentação no domicílio ocupa a terceira posição, seguida por materiais de construção, plano de saúde/tratamento médico e dentário e medicamentos. Já a alimentação fora de casa, vem na sétima colocação.
Diretor da IPC Marketing Editora e responsável pelo levantamento, Marcos Pazzini, explica que posição de destaque do veículo próprio, passando a ficar acima da alimentação, teve início na pandemia.
“Todo mundo teve de ficar em casa, o que fez explodir as demandas de entregas e serviços de delivery, ao ponto de passarmos a ter uma fila de espera para compra de motos para essa atividade. Ao mesmo tempo, o serviço de transporte por aplicativo também se tornou cada vez mais popular dado ao desemprego da população a partir da pandemia”.
O presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindbares), Rodrigo Vervloet, explica que o gasto com a alimentação não significa apenas que as pessoas estão comendo mais.
“O preço dos produtos no supermercado aumentou muito por causa da inflação e, pelo nosso setor segurar esse repasse de preço para o cliente, acaba aumentando o consumo em restaurante. Então, as pessoas em vez de estarem cozinhando em casa, acabam optando por um prato executivo, self-service no dia a dia”.
Ao analisar os dados, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos, destaca que no Estado quase 34% do consumo estão voltados para moradia e habitação, material de limpeza, materiais de construção. “Curioso que com veículo próprio o capixaba consome mais que com alimentação e bebidas”.
Para ele, sendo o Índice baseado no consumo da População e o Espírito Santo têm a 15ª população do Brasil, seu potencial de consumo se apresenta na 12ª posição, o que mostra uma melhora na renda per capita do capixaba.
“O setor de material de construção, veículos, alimentos e bebidas são os que têm maior potencial de consumo, o que favorece as indústrias capixabas e os serviços como de manutenção de veículos”.
População rural passa de 600 mil, e urbana é de 3,28 milhões
Outro dado que chama a atenção é o aumento da população rural, que ainda passa de 600 mil, enquanto que a urbana ultrapassa 3,280 milhões, totalizando mais de 3,8 milhões em todo o Estado.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos, diz que o Estado segue o padrão de distribuição como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, se diferenciando de São Paulo e Rio de Janeiro.
“No Espírito Santo, cerca de 15% da população está em zona rural enquanto em São Paulo este número é de 3,3%. Com o trabalho rural se valorizando com novas tecnologias e melhores salários e a possibilidade do trabalho online, pode fixar as pessoas no campo e até reverter o êxodo rural. Importante destacar que assim como Santa Catarina o Espírito Santo tem baixo índice de desemprego o que pode ser a soma de se optar e investir no campo”.
Já falando no turismo no contexto geral, ele avalia que é importante trabalhar o maior consumo com viagens e lazer, já que para viagens e lazer o capixaba consome apenas cerca de 1,2% em média, mas nos grupos de domicílios de A e B este consumo por viagens é quase três vezes maior.
“Quanto melhor a renda, mais consumo de turismo. O turismo tem um fator relevante para o impacto no potencial de consumo do Estado, já que segundo o IPC MAPS o potencial do Espírito Santo chega a R$ 51 por pessoa por dia em consumo excluindo gastos com habitação e veículos. Além disso, cada turista que fica no Estado gasta mais de R$ 81 por dia, segundo pesquisa do Observatório do Turismo do Estado”.
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