232 mil têm de voltar à sala de aula para não perder emprego
Esse é o número de profissionais que precisam passar por requalificação até 2027, segundo levantamento. Estudos vão além da técnica

A requalificação profissional até 2027 será uma necessidade para 232 mil empregados das indústrias do Estado. Caso não voltem à sala de aula, eles poderão perder seus empregos. O dado é fruto de levantamento do Observatório Nacional da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O presidente do Conselho de Relações de Trabalho da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Agostinho Rocha alerta que, apesar de o cenário no curto prazo não ser catastrófico, no médio prazo o risco de ser substituído no trabalho existe, porque, em todos os setores da economia, as inovações não param, e os profissionais precisam estar sempre atualizados para não se tornarem obsoletos.
“Quem ficar parado, sempre corre o risco de sofrer com a renovação de funcionários”, alerta.
Gerente-executiva de Educação do Sesi-ES e do Senai-ES, Tatiane Franco explica que essa atualização envolve desenvolvimento de “hard skills” — como o domínio de máquinas, equipamentos e softwares —, e também de “soft skills”, como pensamento crítico, inteligência emocional e criatividade e de práticas voltadas à saúde e segurança no trabalho.
“Realizamos um trabalho estratégico em nossas unidades, com oferta de cursos vocacionada para atender ao que cada território precisa, com foco no fortalecimento da indústria local”.
Tatiane complementa que esse direcionamento é baseado em dados levantados pelo Observatório da Findes e pelo Mapa do Trabalho Industrial e que, a partir desses estudos, nasceram iniciativas estruturantes, como os Centros de Excelência em áreas estratégicas.
“O Centro de Excelência em Mobilidade, com um olhar para os veículos elétricos, em Vitória; o Centro de Energias Renováveis, na Serra; e os Laboratórios de Solda e de Ensaios Mecânicos, em São Mateus”, cita.
Economista-chefe do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES), Felipe Storch explica que, conforme a tecnologia avança no mercado de trabalho, os profissionais que permanecem com habilidades defasadas acabam sendo menos produtivos e correm maior risco de serem substituídos.
“Quem agrega mais valor se mantém e até cresce nas empresas. Quem não acompanha fica para trás”, afirma.
Da mesma forma, Storch destaca que profissionais que buscam a requalificação acabam por abrir novas oportunidades de crescimento.
“A escassez de mão de obra qualificada aumenta o valor de quem vai atrás de novos conhecimentos”, completa.
Possibilidade de estudar a distância em alguns cursos
As oportunidades para se qualificar ou requalificar profissionalmente no Estado incluem até mesmo cursos de ensino à distância, onde é possível aprender sem sair de casa.
No site eadsenaies.com.br/cursos-ead-gratuito, por exemplo, há cursos gratuitos para diferentes áreas da indústria, incluindo lógica de programação, empreendedorismo e segurança do trabalho. Já no site futuro.digital há cursos pagos, também na modalidade EAD, em áreas como programação, almoxarife, IA, entre outras.
E além dos cursos ligados à Findes, também há programas de formação profissional feitos por empresas. É o caso da Vale, que está com inscrições abertas até amanhã para preencher 112 vagas no Estado em cursos de qualificação para soldador, mecânico de máquina industrial e eletricista, distribuídas pelos municípios de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra.
A iniciativa será desenvolvida em parceria com a Prefeitura de Vitória. Os selecionados receberão uma bolsa-auxílio mensal de até R$ 2.120, além de benefícios como assistência médica, seguro de vida, auxílio para atividade física, acesso ao Apoiar (programa de suporte jurídico, financeiro e psicológico).
As inscrições são pelo site vale.com/programa-de-formacao-profissional.
Para participar, é necessário ter 18 anos ou mais e ter concluído o ensino médio regular ou curso técnico. A prioridade será para mulheres.
Requalificação
Prazo até 2027 para requalificar milhões no País
O Brasil terá que formar mais 2,2 milhões de novos profissionais e requalificar 11,8 milhões que já estão no mercado entre 2025 e 2027 para atender à demanda da indústria nos próximos três anos, somando 14 milhões de trabalhadores. No Estado, serão 279,7 mil profissionais, sendo que 232,4 mil já estão no mercado de trabalho.
A projeção - elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) - leva em conta o crescimento da economia e do mercado de trabalho.
Segundo o Mapa do Trabalho Industrial, entre as áreas e profissões que mais demandarão qualificação estão: logística e transporte, construção, operação industrial, manutenção e reparação e metalmecânica.
Realidade varia conforme o estado
As áreas e ocupações com maior demanda por profissionais qualificados variam conforme o estado e estão relacionadas à economia local.
A atualização envolve o desenvolvimento de competências em dimensões como hard skills e soft skills.
Número de profissionais que precisam se qualificar no Estado
Logística e transporte
- Demanda por formação profissional: 77.854
- Demanda por formação inicial: 11.139
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 66.715
Construção
- Demanda por formação profissional: 34.253
- Demanda por formação inicial: 8.283
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 25.970
Manutenção e reparação
- Demanda por formação profissional: 25.268
- Demanda por formação inicial: 4.811
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 20.457
Operação Industrial
- Demanda por formação profissional: 21.742
- Demanda por formação inicial: 3.131
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 18.611
Metalmecânica
- Demanda por formação profissional: 20.275
- Demanda por formação inicial: 3.620
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 16.655
Alimentos e Bebidas
- Demanda por formação profissional: 16.551
- Demanda por formação inicial: 1.983
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 14.568
Tecnologia e Engenharia
- Demanda por formação profissional: 12.402
- Demanda por formação inicial: 2.051
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 10.351
Serviços Administrativos
- Demanda por formação profissional: 10.431
- Demanda por formação inicial: 1.870
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 8.561
Tecnologia da Informação
- Demanda por formação profissional: 8.908
- Demanda por formação inicial: 1.364
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 7.544
Serviços Gerais
- Demanda por formação profissional: 7.742
- Demanda por formação inicial: 1.462
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 6.280
Têxtil e Vestuário
- Demanda por formação profissional: 5.837
- Demanda por formação inicial: 1.136
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 4.701
Extrativa
- Demanda por formação profissional: 5.621
- Demanda por formação inicial: 1.078
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 4.543
Madeira e Móveis
- Demanda por formação profissional: 3.858
- Demanda por formação inicial: 673
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 3.237
Agropecuária
- Demanda por formação profissional: 3.910
- Demanda por formação inicial: 520
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 3.338
Comércio
- Demanda por formação profissional: 3.541
- Demanda por formação inicial: 680
- Demanda por treinamento e desenvolvimento: 2.861
Marcopolo
A demanda por qualificação e requalificação profissional tem feito empresas investirem em abrir suas próprias escolas. Um exemplo recente no Espírito Santo está na Marcopolo, que inaugurou no último mês uma unidade da “Escola de Formação Profissional Marcopolo (EFPM) em São Mateus.
O primeiro curso, com 38 alunos, será focado na função de montador de veículos automotores, além de promover competências como trabalho em equipe. O objetivo, segundo a empresa, é de qualificar a mão de obra para a própria companhia e para o mercado.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários