Crescimento na indústria deve gerar mais 47 mil empregos no ES até 2027
Produção industrial capixaba registrou a segunda maior alta do País em 2023 e liderou o crescimento em diversos meses de 2024 e 2025
O crescimento econômico do Espírito Santo e os avanços tecnológicos vão tornar necessárias as contratações de 47,4 mil novos profissionais pela indústria até 2027.
A informação é do presidente do Conselho de Relações de Trabalho da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Agostinho Rocha, com base em dados do Observatório Nacional da Indústria (ONI), vinculado à Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Agostinho destaca que o grande desafio do Espírito Santo é a escassez de mão de obra qualificada para preencher essas 47,4 mil vagas que serão criadas até 2027.
“Vamos precisar formar milhares de profissionais para atender a demanda crescente, além de requalificar os que já estão. Por conta disso, o Senai-ES tem ampliado a sua oferta de cursos de qualificação e aperfeiçoamento”, comenta.
Conforme explica o mentor de carreiras e consultor de desenvolvimento humano Elias Gomes, o Estado tem se destacado consistentemente no cenário nacional. A produção industrial capixaba registrou a segunda maior alta do País em 2023 e liderou o crescimento em diversos meses de 2024 e 2025.
Esse avanço é impulsionado por setores-chave como a indústria extrativa (petróleo, gás e minério de ferro), metalurgia e celulose.
“A indústria não está dispensando pessoas. Ela está crescendo e precisa de novos colaboradores que estejam atualizados e que possam crescer junto com ela”, afirma o especialista.
Advogada e analista de perfil comportamental, Míriam Gramlich Fialho diz que os novos profissionais que estão entrando no mercado de trabalho devem ser capazes de desenvolver competências humanas, criativas e estratégicas, como liderança, colaboração, criatividade e gestão de crises.
Tatiane Franco, gerente-executiva de Educação do Sesi-ES e do Senai-ES concorda e acrescenta que a indústria, com sua crescente robotização e automação de processos, vem ocupando funções repetitivas e operacionais que antes eram desempenhadas por trabalhadores, justamente para que essas pessoas possam se dedicar a funções que exigem mais criatividade, estratégia e relacionamento humano.
Segundo projeções do Mapa do Trabalho da ONI, até 2027 as áreas com maior demanda por profissionais serão Logística e Transporte e Construção.
Esses setores, somados, devem ter 19.422 dos novos postos de trabalho que serão criados até 2027, com oportunidades para técnicos de controle da produção, almoxarifes e armazenistas, operação de máquinas de terraplanagem, ajudante de obras civis, trabalhadores de estruturas de alvenaria, fundações, entre outros.

Salário maior contra escassez
O setor industrial tem oferecido salários de 2% a 15% superiores à média salarial do mercado para contratar funcionários ou mesmo mantê-los.
É o que revelou levantamento realizado pela consultoria especializada em recrutamento de média e alta gerência Michael Page.
Para Stephano Dedini, diretor-executivo da Michael Page, esse movimento tem se tornado mais frequente ao longo deste ano, motivado principalmente pela dificuldade de atração de talentos e migração de profissionais para outros segmentos.
“Isso tem ocorrido porque as novas gerações não têm os mesmos objetivos de carreira que outras tiveram. Antes era comum uma pessoa trabalhar a vida inteira na indústria e hoje isso não acontece com a mesma frequência”, explica.
“Esse tipo de movimento interrompe o ciclo estrutural da organização, eliminando a curva natural de aprendizado e comprometendo os resultados”, completa.
Outro fator que tem contribuído para as indústrias oferecerem salários mais atraentes é a fuga de cérebros para outros segmentos, como mercado financeiro, tecnologia, logística ou até mesmo optando por empreender.
É pressão para estudar e se qualificar!
Combinação de fatores entre os motivos
O que motiva a pressão por requalificação são, de um lado, as novas tecnologias, que elevam o padrão mínimo de conhecimento exigido para operar máquinas, softwares e processos mais complexos.
De outro, o crescimento da economia capixaba, ampliando a demanda por profissionais com padrões elevados de eficiência e qualidade.
Isso cria um ambiente em que a indústria precisa de mais profissionais preparados para sustentar os ganhos de produtividade que justificam os investimentos, diz o economista-chefe do Ibef-ES, Felipe Storch.
O resultado esperado é um mercado de trabalho mais seletivo e promissor. Para os trabalhadores que se atualizam, abrem-se empregos melhores e salários mais altos.
Para as empresas, a requalificação garante competitividade, reduz gargalos e fortalece a posição do Espírito Santo em cadeias produtivas nacionais e globais. Storch diz que investir em capacitação traz benefícios individuais e coletivos.
Risco de ficar para trás
O profissional que não se qualificar pode enfrentar uma série de consequências progressivas. São elas, segundo o mentor de carreiras e consultor de desenvolvimento humano Elias Gomes:
Perda de relevância: as habilidades atuais se tornarão obsoletas e novas vagas exigirão competências como automação, análise de dados e robótica.
Estagnação e desvalorização: sem novas competências, a negociação salarial cai, colegas se destacam e a carreira fica estagnada.
Risco de desemprego: num mercado competitivo, empresas valorizam quem domina novas tecnologias; funções repetitivas são automatizadas e profissionais não qualificados ficam mais vulneráveis.
Problemas psicológicos: a falta de adaptação pode causar frustração, ansiedade e baixa autoestima, impactando a vida profissional e pessoal, segundo o mentor de carreiras Elias Gomes.
ANÁLISE
“Sem requalificação, há sério risco de ficar para trás”
Gisélia Freitas, diretora de Pessoas, Cultura e Diversidade do Ibef-ES
“Se o profissional não passar por essa requalificação, corre sim o sério risco de ficar 'para trás' e até perder o emprego. A automação e a adoção de tecnologias substituem gradualmente atividades repetitivas ou de baixa complexidade, e os profissionais sem atualização podem enfrentar desvalorização e exclusão do mercado.
No Brasil, entre 15% e 20% dos empregos atuais poderão ser automatizados até 2030, tornando a requalificação essencial. A redução de desigualdades está ligada à capacidade de acesso à requalificação — quem não se adaptar tende a se marginalizar no mercado.
Em 2023, a indústria capixaba teve forte crescimento — o segundo maior avanço do País — e a produção industrial seguiu em recuperação em 2025. Esse cenário reflete tanto o momento de expansão regional como a transição tecnológica que exige competências cada vez mais complexas.”
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