2024 vai ser melhor para financiar carro zero
Especialistas dizem que a queda nos juros e o aumento da taxa de empregos deve levar ao aquecimento da venda de veículos novos
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Quem precisa de financiamento para adquirir um carro, vai contar com mais facilidades em 2024.
O setor automotivo projeta um ano de crescimento, com mais acesso a créditos e taxas mais compatíveis para a aquisição de veículos, segundo especialistas do mercado de automóveis.
Para o mercado, o cenário positivo é uma junção de fatores, como juros mais baixos, inflação mais controlada, um maior interesse por parte dos bancos e um olhar mais voltado para o setor automotivo por parte do governo.
O Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodives) disse o setor no Estado estima um crescimento de 12 % das vendas em 2024. Um dado divulgado nesta quarta-feira (07) já dá uma mostra da tendência para o decorrer do ano. A venda de veículos teve um crescimento de 47,51% em janeiro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Ao todo, foram emplacados 6.840 veículos, contra 4.637 no mesmo período de 2023.
“De modo geral, há uma melhora no ambiente do varejo. A evolução nos índices de emprego, quedas de juros e fluxo maior de crédito permitem estimar uma projeção de crescimento de mais de 12% para este ano”, afirmou Augusto Giuberti, presidente do Sincodives.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma que espera a queda dos juros do financiamento automotivo neste ano, seguindo a tendência que começou em 2023 — de 28,7% ao ano em dezembro de 2022 para 26% ao ano no último mês de novembro.
A avaliação do presidente do Conselho Regional de Economia do Estado (Corecon-ES), Claudeci Pereira Neto, é que o momento é favorável, com a redução da taxa de juros, mas principalmente com a redução da taxa de desemprego.
“As pessoas estão mais empregadas e com possibilidade de ganhar mais, enfim, mais estabilizadas. O consumidor tem que ficar atento às promoções das revendedoras, que reduzem a taxa de juros. Essa concorrência no setor automotivo é muito importante”, disse.
Alerta
Segundo o economista Ricardo Paixão, o período é positivo, porém, as famílias devem avaliar sua realidade orçamentária, já que um financiamento, que pode ser de até 5 anos, compromete o orçamento a longo prazo.
“Não é porque nós estamos aqui num boom da indústria automobilística, dando condições um pouco mais favoráveis para uma determinada parcela da sociedade, que a gente vai sair trocando de carro, comprando um veículo novo, porque isso pode comprometer o orçamento, então cada um vai ver a sua realidade, quanto que já está comprometido do seu orçamento”.
Brasil pretende virar referência em veículos sustentáveis
O programa Mobilidade Verde e Inovação, também conhecido como Mover, foi anunciado no fim do ano pelo governo federal.
A ideia do novo programa nacional é “ampliar as exigências de sustentabilidade da frota automotiva e estimular a produção de novas tecnologias”.
A regulamentação detalhada do Mover deve ser publicada nos próximos meses. É só depois disso que se terá uma noção mais clara das novas exigências. Ainda assim, já é possível entender as principais mudanças, que serão no incentivo fiscal, foco na indústria nacional, veículos que poluem menos serão premiados com o chamado IPI Verde.
Além disso, o Mover foca fortemente no biocombustível, ou seja, em qualquer combustível obtido a partir de biomassa vegetal ou animal, como é o caso, por exemplo, do etanol.
Saiba mais
Como buscar financiamento automotivo
Para os interessados em adquirir um veículo por meio de financiamento, a primeira etapa é entender se existe entrada, quanto ela representa do valor total do veículo e qual porcentagem da renda mensal poderá ser comprometida com o financiamento do veículo e outros gastos que o acompanham.
A decisão do banco vai depender da situação do CPF do interessado, que não pode estar inadimplente no mercado, e da renda que possa ser comprovada. A Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito, explica que as parcelas de crédito em geral só devem comprometer até 30% da renda mensal do cliente.
Os bancos fazem a avaliação de crédito e estipulam um limite de financiamento para aquele perfil de cliente. O que pode ocorrer é a não liberação de crédito ou um limite de financiamento baixo para o desejo do consumidor no momento.
Exemplo
Simulação de compra da Fiat Strada 2024, o carro mais vendido de 2023: o modelo do carro considerado para as simulações é o de entrada, que sai a R$ 135.990 na Fiat. O valor, contudo, corresponde ao preço à vista do veículo.
Se considerada a taxa de juros de um financiamento — neste caso, média do ano passado, segundo dados do Banco Central, de 2% ao ano — o montante aumenta significativamente, a depender do prazo de financiamento.
Com entrada de R$ 7.048,96 e 24 parcelas de R$ 7.048,96, o montante pago será de R$ 169.175,04, com juros de R$ 33.185,90.
Em outra simulação com entrada de R$ 3.835,45 e 60 parcelas de R$ 3.835,45, o total pago será de R$ 230.127, como juros de R$ 94.137.
Despesas
Os especialistas, como o presidente do Corecon-ES, Claudeci Pereira Neto, reforçam, que além de planejar os custos do financiamento, é preciso considerar outras despesas do veículo, como seguro, IPVA, combustível, manutenção e, se preciso, estacionamento.
Considerando uma taxa média de 4% para o pagamento do IPVA, será precisar pagar R$ 5.439 por ano. Fazendo o mesmo cálculo para o seguro do carro, haverá outro pagamento de R$ 5.439. Para despesas de manutenção de um carro novo, pode-se considerar a taxa de 1% ao ano, que corresponde a R$ 1.359,90. Soma-se a isso a despesa com combustível, que pode variar bastante, e estacionamento, se for necessário.
Neste cenário do exemplo, o carro financiado em 60 meses (5 anos) custaria mais de R$ 58 mil por ano, sem contar o combustível.
Tem que avaliar se realmente é possível realizar um financiamento dentro do orçamento familiar, já que será uma dívida a longo prazo, segundo os especialistas.
Medida do governo
Neste ano e nos próximos o destaque fica com o programa “Mover”. É um plano mais abrangente e deve promover uma renovação da frota no Brasil.
Fonte: Especialistas consultados, Sincodives, Banco Central, Febraban e pesquisa AT.
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