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O que os carboidratos têm a ver com o refluxo?

Problema pode ser desencadeado por hábitos como ingestão de açúcares refinados e comer rapidamente, sem mastigar direito


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Imagem ilustrativa da imagem O que os carboidratos têm a ver com o refluxo?
Marcella Valent, empresária de 31 anos, conta que mudou os hábitos alimentares após descobrir refluxo aos 19 |  Foto: Leone Iglesias / AT

Comer algo e sentir azia. Quem nunca teve a sensação de que a comida não lhe caiu bem? Mas para quem sofre de refluxo, o mal-estar com a comida pode ser frequente. Estima-se que até 40% da população adulta apresentará refluxo em alguma fase da vida.

Quem sofre com a condição sabe que temperos fortes, café, bebidas gaseificadas e alimentos gordurosos podem piorar o quadro. Mas estudos apontam que fontes de carboidratos simples, como arroz branco, massas, pão e doces também podem piorar a situação.

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Uma dessas pesquisas, publicada no periódico The American Journal of Gastroenterology (Jornal Americano de Gastroenterologia — tradução livre), analisou, durante nove semanas, 98 pessoas com idades entre 47 e 72 anos e diagnóstico da Doença de Refluxo Gastroesofágico (DRGE).

Durante o período, os pacientes que diminuíram o consumo de carboidratos tiveram reduções significativas na frequência da azia, gosto ácido na boca, dor na garganta ou no peito e distúrbios do sono.

A gastroenterologista Lorena Auer explica que o consumo de carboidratos, principalmente na forma de açúcares refinados, pode causar a produção excessiva de gases e distensão abdominal.

“Essa distensão aumenta a pressão intra-abdominal, fazendo retornar o conteúdo do estômago ao esôfago. Pessoas com padrão alimentar rico em carboidratos podem evoluir com sobrepeso e obesidade. O excesso de peso, especialmente na região abdominal, aumenta a pressão sobre o estômago e o esfíncter esofágico inferior, tornando mais provável o refluxo”.

Segundo Lorena, o refluxo ocorre por uma falha na “válvula” existente na base do esôfago, que controla a passagem do alimento ou líquidos nessa região.

“No refluxo, essa válvula não funciona muito bem na abertura, por relaxamento ou por estar mais enfraquecida e, assim, o suco gástrico retorna pelo esôfago. Outra origem do refluxo é a presença de hérnia de hiato, onde uma porção do estômago está dentro da cavidade torácica”.

Há hábitos que também podem desencadear refluxo, segundo a gastroenterologista e nutróloga Christian Kelly Ponzo, como alimentar-se rapidamente, sem tempo adequado para a mastigação.

“Lembre-se de que o estômago não tem dente. Mastigar bem os alimentos facilita a digestão e o esvaziamento gástrico, reduzindo o risco do refluxo”.

Mudança nos hábitos alimentares

Foi aos 19 anos que a empresária do ramo da estética corporal e digital influencer Marcella Valent, de 31, descobriu que tinha refluxo.

Azia, eructação (arroto), má digestão e dor no estômago eram os sintomas que ela apresentava.

“Desde criança eu tinha refluxo, mas as crises eram esporádicas. Depois da minha primeira gestação piorou muito”, conta.

A melhora dos sintomas veio quando ela mudou hábitos alimentares. “Fiz uma bioressonância, descobri os alimentos que me faziam mal e os cortei da minha alimentação, como carboidratos processados e ultraprocessados, açúcar, refrigerantes, biscoitos, bolachas e bolos”.

Marcella conta que, antes de mudar a alimentação, fez vários tratamentos médicos. “Mas só melhorei, de fato, com essa mudança de estilo de vida”, conta.


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Refluxo

A doença do refluxo se caracteriza por sintomas relacionados ao retorno anormal do conteúdo do estômago para o esôfago e, eventualmente, até a boca.

Azia, regurgitação (percepção de conteúdo gástrico refluindo), tosse, laringite por refluxo, pigarro, rouquidão, dor torácica não cardíaca, globus faríngeo (nó na garganta), sinusite e otite de repetição são sintomas da doença.

O refluxo ocorre por uma falha na “válvula” que existe na base do esôfago.

A alimentação também é um agente causador do refluxo. Alimentos gordurosos, ricos em cafeína, bebidas alcoólicas e gaseificadas, além do cigarro, podem ser agravantes.

Fonte: Sobed e Lorena Auer.


Azia pode ser sintoma de câncer no estômago

Ainda que a azia seja associada ao refluxo, o sintoma pode ser sinal de outras doenças, como o câncer, conforme alerta a gastroenterologista e nutróloga Christian Kelly Ponzo.

“O refluxo não tem relação com o câncer gástrico. O que pode ocorrer é a pessoa ter azia, sintoma que pode estar presente tanto no refluxo quanto em quadros de úlceras gástricas. Mas também pode ser sintoma de câncer gástrico”, explica.

A recomendação, segundo a médica, é que, na persistência de sintomas digestivos, a pessoa procure um especialista para a avaliar e identificar qual patologia está presente.

Segundo a médica, uma das complicações associadas ao refluxo é o esôfago de Barrett. “É uma inflamação crônica do esôfago e que pode predispor ao câncer de esôfago”, alerta.

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