Conheça a dieta mediterrânea, que pode ser aliada da saúde mental
Estudo indica que propriedades dos ingredientes da dieta têm sido associadas à melhora de sintomas de depressão e ansiedade

Baseada em grãos, frutas, hortaliças e pescados, a dieta mediterrânea pode contribuir para diminuir sintomas de depressão e ansiedade, revelou um estudo conduzido em São Paulo e publicado no Mediterranean Journal of Nutrition and Metabolism.
A pesquisa analisou a alimentação e o estado mental de 199 adultos de um centro de saúde paulista, sendo a média de idade de 31 anos. Além disso, mais de 70% eram mulheres.
Para avaliar a adesão à dieta mediterrânea, um questionário de frequência alimentar com 78 itens foi usado. Em paralelo, a metodologia conhecida como inventário de Beck, reconhecida internacionalmente, foi utilizada para avaliar o estado mental.
Destacam ainda que os mecanismos pelos quais a dieta mediterrânea pode influenciar a depressão e a ansiedade ainda não são totalmente compreendidos, mas as propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes presentes nos ingredientes da dieta têm sido associadas à melhora dos sintomas de depressão e ansiedade na população em geral.
Essas propriedades, explica o nutrólogo Roger Bongestab, vão diminuir a circulação de radicais livres no organismo. Mas o que eles são?

Segundo o especialista, são substâncias inflamatórias que levam ao envelhecimento das células. Com isso, aumentam o risco de doenças do coração, vasculares, neurológicas e neurodegenerativas.
“Esses radicais livres estão sendo produzidos no nosso organismo mediante a alimentação ruim e também processos metabólicos naturais. É como se eles fossem 'lixo do metabolismo' e intoxicam”, destaca.
Roger destaca ainda que os benefícios da famosa dieta mediterrânea não se tratam apenas dela, mas da soma de hábitos saudáveis, como exercício físico.
A psiquiatra Maria Benedita Reis diz que uma alimentação saudável pode afetar o estado mental. “Há alimentos que são produtores de substâncias protetoras, indispensáveis para uma função cerebral adequada, como o ômega 3 e vitaminas do complexo B”.
Ela exemplifica que a deficiência de vitamina B pode causar ansiedade e irritabilidade.
Além da alimentação, a psiquiatra aconselha a mudança no estilo de vida, como parar de fumar, se exercitar e ter fé. “No sentido de crença, acreditar em algo. Pode ser no trabalho, religião ou que coisas boas virão”.
Fique por dentro
Antioxidantes e anti-inflamatórios
Ajudam a reduzir a circulação de radicais livres, substâncias que aceleram o envelhecimento das células.
O excesso de radicais livres aumenta o risco de doenças cardiovasculares, neurológicas – como o acidente vascular cerebral (AVC) – e de doenças neurodegenerativas. Atualmente, já se sabe que a inflamação cerebral está diretamente relacionada à ação desses radicais livres.
Proteção ao cérebro
Estudos apontam que alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios contribuem para a melhora da microbiota intestinal.
Essa microbiota é responsável por produzir cerca de 80% da serotonina do organismo, além de outras substâncias chamadas aminas ativas (ou pós-bióticos).
Essas substâncias chegam à corrente sanguínea e alcançam o cérebro, onde atuam de forma positiva: protegem contra a degeneração e inflamação cerebral, melhoram o comportamento e favorecem a atividade cerebral.
No que consiste a dieta mediterrânea?
No consumo diário de frutas, verduras, legumes, grãos, feijões, lentilhas, azeite e carnes brancas. Peixes são os mais indicados, assim como ovos e laticínios.
Oleaginosos
Alimentos de origem vegetal que têm alto teor de óleos e gorduras boas. O nutrólogo Roger Bongestab explica que castanhas e nozes, por exemplo, contêm selênio, que também é antioxidante.
Frutas
As cítricas também são ricas em vitamina C e licopeno, compostos que agem como antioxidantes.
Vegetais
Destaque para os verde-escuros, que têm vitaminas do complexo B, A e E, que também são antioxidantes.
Peixes
Especialmente os frescos, são fontes de ômega-3, conhecido como o “ômega anti-inflamatório”, que contribui para a saúde do corpo e da mente.
Economia
A psiquiatra Maria Benedita Reis alerta que é possível ter os benefícios da proteção à saúde mental com alimentos mais baratos, como o feijão. “Devemos fazer o que está dentro da nossa possibilidade”, diz.
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