Vitória e suas conexões
Vitória: 474 anos de conexões que moldaram a cidade
Na semana em que Vitória comemora 474 anos, é inevitável uma certa nostalgia. O lugar, originalmente chamado de Vila Nova do Espírito Santo, passou a ser chamada de Vitória em 1551, após uma batalha entre os colonizadores portugueses e os índios Goitacazes. Desde então, o arquipélago com cerca de 50 ilhas foi sendo reconfigurado e hoje, após aterros sucessivos, chegamos ao número de 33 ilhas.
As conexões entre os lugares e comércio sempre passavam pela baía e pelos canais do manguezal. Com o crescimento urbano no período Colonial, Vitória se consolida como a referência urbana de uma capitania, um território isolado no país. Esse hiato de exclusão ocorreu até meados do século XVIII, início do século XIX. Em 1823, a Vila de Vitória passa a categoria de Cidade.
No início do século XX, as conexões passam a ser valorizadas com obras de escadarias e do Viaduto Caramuru (1925), expandido a cidade para onde outrora era um alagadiço, o Parque Moscoso, que foi povoado com casarões ecléticos. Outras conexões foram feitas, como a Rodovia Serafim Derenzi (1939), para escoamento da produção agrícola. Com a abolição (1888), Vitória, assim como todo o país, presencia a ocupação dos territórios periféricos pelos recém-libertos. Surgem as favelas nos morros e ao longo da baía de Vitória e manguezais.
A requalificação urbana de São Pedro (1980), com remoção de palafitas, inicia um processo de melhorias nas condições habitacionais e salubridade para a população. Na sequência, o Projeto Terra, com a definição de 05 poligonais, implanta uma série de melhorias na infraestrutura urbana e social - uma ação multidisciplinar que interviu em casas e vias, mas também na educação, saúde e geração de emprego e renda. Em 1996 é lançado o “Vitória do Futuro”, marco importante do planejamento estratégico capixaba. Presenciamos a criação de parques urbanos, mirantes e escadarias, além da construção de escolas e creches. Recentemente foram inauguradas as obras da Orla Noroeste, um concurso de projetos lançado pelo Instituto de Arquitetos/ES e contratado pela PMV, em 2014.
Mas quais são as ações necessárias nesse começo de século XXI? Certamente a urbanização e conexão dos morros da capital é a “bola da vez”. A tal “acupuntura urbana” citada pelo arquiteto Jayme Lerner precisa ser adotada como conceito nas intervenções urbanísticas. Conexões são necessárias, os acessos. Falamos aqui de soluções integradas de planos inclinados, elevadores e passarelas que possam conectar lugares e pessoas. Uma ação integrada com um projeto de alinhamento viário e melhorias das habitações, incluindo soluções de remoção e demolição de construções em áreas de risco e integração com as áreas verdes e de preservação permanente. Ações de vanguarda e melhoria da qualidade de vida da população, são as conexões sempre presentes na cidade de Vitória, desde 1551.
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