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TRIBUNA LIVRE

Quando a barbárie expõe a humanidade que ainda nos falta

Mesmo com leis avançadas, a falta de empatia e ação coletiva mantém a violência contra a mulher

SILVANA PAULA SOEIRO DE CASTRO PERINI | 22/12/2025, 13:11 h | Atualizado em 22/12/2025, 13:14
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna



          Imagem ilustrativa da imagem Quando a barbárie expõe a humanidade que ainda nos falta
Silvana Paula Soeiro De Castro Perini é delegada de Polícia |  Foto: Divulgação

Os últimos acontecimentos no Brasil têm revelado um cenário doloroso e repetido: a violência contra a mulher segue avançando em graus de crueldade que ferem não apenas as vítimas, mas a consciência coletiva. Em São Paulo, o país acompanhou, estarrecido, o caso da jovem arrastada por cerca de um quilômetro na Marginal Tietê.

Após quatro cirurgias e amputações graves, ela deixou o coma induzido, sobrevivendo por milagre a uma agressão que jamais deveria ter acontecido. A brutalidade deste episódio é tão impactante que até profissionais experientes em segurança pública declararam perplexidade diante da cena.

No Espírito Santo, mesmo com esforços contínuos de prevenção e políticas de enfrentamento, o feminicídio mais recente reacende o alerta para o que especialistas e órgãos de proteção repetem há anos: a maior ameaça à vida das mulheres continua vindo de quem compartilha o espaço doméstico. São vidas interrompidas, famílias devastadas e um rastro de sofrimento que se estende muito além da cena do crime.

Trata-se de uma violência que não nasce do nada. Ela se constrói em silêncios, permissões sociais, normalizações históricas e falhas institucionais que, juntas, criam o ambiente perfeito para que a agressão escale até o irreparável. E ainda que o Brasil tenha um dos arcabouços legais mais avançados do mundo — com a Lei Maria da Penha, o feminicídio qualificado e as recentes atualizações envolvendo monitoração eletrônica e ampliação de medidas protetivas — as estatísticas e as manchetes provam que a resposta legal, sozinha, não dá conta da profundidade do problema.

As leis existem, são atualizadas e fortalecidas ano após ano. Delegacias especializadas, redes de atendimento, casas-abrigo e políticas intersetoriais avançam, apesar das limitações. Mas nada disso será suficiente enquanto a violência continuar sendo vista como um assunto privado, enquanto o controle e o ciúme ainda forem romantizados, enquanto a sociedade insistir em silenciar sinais evidentes de agressão.

O que falta não é norma. É consciência. É responsabilidade coletiva. É escuta, acolhimento e ação imediata diante do primeiro sinal de risco. Falta preparo institucional, mas falta também empatia cotidiana — aquela que impede que a violência seja naturalizada dentro das casas, comunidades, igrejas, escolas e ambientes de trabalho.

Os crimes bárbaros recentes devem nos arrancar do conforto e nos obrigar a reconhecer que cada mulher ferida ou morta é resultado de uma cadeia de negligências sociais e institucionais. A barbárie não é fruto de ausência legal; é fruto de ausência humana.

E por isso, diante de tantas vidas destruídas e de tanto sofrimento evitável, uma verdade precisa ser dita com todas as letras — e ser enfim compreendida:

Não está faltando lei. Está faltando humanidade.

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