O Brasil e o Espírito Santo na liderança da nova economia verde
Brasil e ES avançam na transição para uma economia verde
Chefes de Estado, empresas e sociedade civil, inclusive capixabas, vão se reunir em Belém (PA) para a COP30. Dez anos após o Acordo de Paris, a conversa climática agora entra em outro patamar: não é apenas proteção ambiental, é modelo de desenvolvimento, emprego e competitividade.
Essa tensão entre limite físico e progresso não é recente. No fim do século XVIII, Thomas Malthus dizia que a população cresceria em progressão geométrica e os recursos, em progressão aritmética, então chegaríamos ao colapso. A história mostrou outra coisa: sempre que a humanidade foi pressionada, respondeu com tecnologia e eficiência e conseguiu produzir mais usando melhor os recursos.
Agora o desafio é o clima. Estamos entrando na revolução da economia verde: crescer emitindo menos, reaproveitar resíduos, gerar energia limpa e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A proposta não é parar o crescimento e sim redesenhar como se cresce. A ideia de “economia verde positiva”: preservar e, ao mesmo tempo, criar valor.
O Brasil parte na frente. Nossa matriz energética já é majoritariamente renovável, temos água, biodiversidade e capacidade produtiva em alimentos e energia limpa. Em outras palavras, estamos hoje onde boa parte do mundo quer chegar nas próximas décadas. Isso coloca o País como candidato natural a liderar a transição para uma economia de baixo carbono, vendendo soluções e não só matérias-primas.
O Espírito Santo mostra isso na prática, construindo uma agenda climática que é, ao mesmo tempo, ambiental e econômica. O Programa Reflorestar, que recupera cobertura florestal e restaura o ciclo da água gerando renda ao produtor rural, é destaque nacional com mais de 2 milhões de mudas replantadas nos últimos dois anos.
Além disso, o Fundo Soberano, financiado por royalties do petróleo – uma fonte fóssil –, está sendo direcionado para investimentos em transição energética. Um exemplo é o projeto de Biometano da Marca Ambiental, que purifica o biogás do aterro sanitário para transformá-lo em gás renovável com qualidade de gás natural e uso industrial. É o resíduo urbano virando combustível limpo, e esse investimento está sendo apoiado justamente pelo Fundo Soberano Estadual para descarbonização.
O Espírito Santo também estruturou um Plano de Descarbonização e Neutralização de Emissões que dá rota clara para reduzir impacto climático, criou um Selo Estadual de Descarbonização para engajar a iniciativa privada, adotou um Orçamento Climático que vincula planejamento e execução orçamentária a metas de mitigação e adaptação. O Estado ainda fortaleceu a logística reversa, responsabilizando toda cadeia pelo destino dos resíduos.
Essa é a mensagem que o Brasil precisa levar à COP30: enfrentar a mudança do clima é urgente, mas é possível e pode gerar emprego e renda. Para isso, precisamos de três frentes: responsabilidade individual, políticas públicas sérias e tecnologia aplicada. Quando essas três forças se alinham, a transição climática deixa de ser promessa e vira futuro competitivo.
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