Novembro Azul: cuidar da saúde é um golaço em favor da vida
Um alerta para transformar prevenção em hábito entre os homens
A campanha Novembro Azul começou na Austrália em 2003 e chegou ao Brasil em 2011. Desde então, o que realmente mudou na forma como os homens cuidam da própria saúde?
Apesar de anos de divulgação e ações educativas, muitos ainda deixam de lado exames simples, e a prevenção que poderia salvar vidas continua sendo negligenciada. A campanha nasceu para conscientizar sobre o câncer de próstata, mas hoje busca reforçar a importância da saúde masculina de maneira mais ampla.
Muitas vezes, o básico já funciona. Exames como o toque retal e a dosagem de PSA, quando realizados regularmente, permitem identificar alterações precocemente. Associados a hábitos saudáveis, alimentação equilibrada, prática de atividade física e atenção ao peso corporal, esses cuidados são capazes de reduzir consideravelmente os riscos de complicações graves.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, no Brasil, ocorram 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano entre 2023 e 2025. É o tipo de câncer mais comum entre os homens e a segunda mais recorrente no país. Em 2020, mais de 15,8 mil homens morreram em decorrência da neoplasia, que atinge com maior frequência indivíduos acima de 65 anos.
Mesmo com esses números, muitos homens ainda evitam procurar o médico. A dificuldade tem raízes culturais, como a associação da força à masculinidade, o constrangimento de falar sobre saúde íntima e o medo de descobrir algo sério. Um levantamento feito a pedido da Pfizer mostra que muitos deles desconhecem fatores de risco básicos. Cerca de 71% dos homens não sabem que o avanço da idade aumenta o risco de desenvolver a doença.
Além disso, 85% desconhecem a maior incidência entre pessoas negras e 60% não associam a obesidade ao aumento das chances de adoecimento. Desconsiderar esses fatores é como entrar em jogo sem entender a tática do oponente, e as consequências, muitas vezes, não são favoráveis.
O levantamento também indica que 39% dos homens só buscam atendimento médico quando surgem sintomas mais incômodos. Boa parte adia a consulta por falta de tempo, receio de um diagnóstico grave, confiança em remédios caseiros ou pela crença de que os sintomas passarão sozinhos. Esses hábitos revelam que o cuidado preventivo ainda está distante da rotina de muitos homens.
Falar sobre prevenção deveria ser tão natural quanto comentar a tática do time de futebol durante um campeonato. Campanhas como o Novembro Azul são importantes, mas o verdadeiro impacto surge quando cuidar da própria saúde deixa de ser tabu. Procurar o médico não é sinal de fraqueza, e sim uma demonstração de responsabilidade consigo mesmo e com quem se ama.
Cuidar da saúde é agir com consciência e no momento certo. Assim como no futebol, em que quem cobra o pênalti precisa de foco e decisão, a prevenção também exige atenção e regularidade. Realizar exames de rotina e manter hábitos saudáveis permite identificar possíveis problemas precocemente, e isso pode ser o verdadeiro gol da vitória no placar da vida.
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