Ausência que custa caro: a falta de visão no investimento cultural
Um chamado para que grandes empresas assumam seu papel no fortalecimento da cultura capixaba
Leitores do Jornal A Tribuna
O Espírito Santo é um estado cheio de talentos, histórias e manifestações artísticas. A gente sabe disso. Mas quando olhamos para a cena cultural capixaba, fica claro um vazio: muitas grandes empresas não enxergam a cultura como espaço de investimento e transformação. E esse silêncio custa caro. O poder público tem feito a sua parte. Só em 2024, foram R$ 102 milhões investidos em cultura: R$ 33,3 milhões em editais, R$ 25 milhões via Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC) e R$ 52,2 milhões captados pela Lei Rouanet, um crescimento de 15% em relação a 2023 e de 667% desde 2017. O salto é enorme, mas o setor privado segue distante.
Não se trata apenas de patrocinar espetáculos ou exibir marcas. Estamos falando de acesso, de pessoas se emocionando, formando público, encontrando pertencimento. De economia criativa que gera empregos, movimenta turismo, restaurantes, hotéis e transporte. De manter talentos aqui, que muitas vezes precisam sair por falta de apoio.
E quando olhamos pra trás, a sensação é de perda. Houve um tempo em que um circuito cultural marcou época, deixando memória viva: acesso democrático, ingressos populares, diversidade de linguagens, do teatro à música. Mais do que entretenimento, era formação de público, aproximação entre artistas e sociedade, orgulho de ver o Espírito Santo no mapa da cena cultural brasileira. Quem perde? Todos nós! Ficamos sem um circuito estruturado, sem a continuidade que cria raízes e forma tradição.
Quanto custa deixar experiências assim se perderem? Projetos que encantavam, educavam e movimentavam a economia local, projetando o Estado além das fronteiras.
É preciso lembrar: cultura não é gasto, é investimento. Ao ignorá-la, as empresas deixam de: Formar públicos mais criativos, críticos e conectados; Protagonizar narrativas transfor madoras e criar legado; Estimular economia criativa com retorno social e econômico (cada R$ 1 via Lei Rouanet gera R$ 1,59 de retorno à economia, segundo Secretaria de Estado de Cultura).
O problema é que, quando grandes empresas se omitem, quem paga a conta é a população: menos acesso, menos oportunidades, menos futuro.
O Espírito Santo merece mais. Os capixabas merecem mais. As empresas precisam ocupar o palco que lhes cabe. Não por obrigação, mas porque investir em cultura é investir em gente, desenvolvimento e legado.
Se o Espírito Santo mostra que é possível estruturar e democratizar, o que falta para o setor privado assumir compromisso real? Coragem de enxergar que cultura não é adereço. É hora de as grandes empresas capixabas serem agentes transformadores, com visão estratégica e conexão verdadeira com a sociedade.
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Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna