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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

O obscurantismo

Roberto Landell foi visto pela população como impostor, bruxo e padre renegado. Sua genialidade custou-lhe muita dor, sofrimento e isolamento

Pedro Valls Feu Rosa | 15/05/2023, 14:30 14:30 h | Atualizado em 15/05/2023, 14:31

Imagem ilustrativa da imagem O obscurantismo
Pedro Valls Feu Rosa, desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo e colunista de A Tribuna |  Foto: Arquivo/AT

Você sabe quem inventou o rádio? Em todas as nossas escolas ensina-se que foi um italiano de nome Guglielmo Marconi. Já de Roberto Landell de Moura, um padre brasileiro, quase ninguém ouviu falar. No entanto foi ele o verdadeiro inventor do rádio. 

Roberto Landell nasceu em Porto Alegre (RS), no ano de 1861. Concluiu sua educação em Roma, formando-se em Teologia e ordenando-se sacerdote. Naquela época iniciou seus estudos sobre física e eletricidade. 

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De volta ao Brasil continuou suas pesquisas sobre as ondas de rádio. E eis que em 1894 transmitiu a voz humana por 8 km em linha reta, da Avenida Paulista até o Alto de Santana, na zona norte de São Paulo. Detalhe: o invento de Landell transmitia a voz, enquanto que o de Marconi transmitiria apenas sinais telegráficos – e dois anos depois. 

Em seu livro “Brasil Actual”, publicado em 1903, o escritor Artur Dias, sobre Landell, escreveu que “logo que chegou a São Paulo, em 1893, começou a fazer experiências preliminares, no intuito de conseguir o seu intento de transmitir a voz humana a uma distância de 8, 10 ou 12 km, sem necessidade de fios metálicos”. 

Depois desta experiência coroada de sucesso aguardava-o a fama ou a fortuna? Não. Roberto Landell passou a ser visto pela população como herege, impostor, feiticeiro perigoso, louco, bruxo e padre renegado. Sua genialidade custou-lhe muita dor, sofrimento e isolamento. 

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No ano de 1900 Roberto Landell repetiu sua experiência, buscando conseguir auxílio para as suas pesquisas. A notícia repercutiu, mas não como ele esperava: alguns religiosos se indignaram com as bruxarias de um padre e dois dias depois vários fiéis depredaram o seu laboratório. 

Naquela época, mais precisamente no dia 16 de dezembro de 1900, uma reportagem publicada no jornal “La Voz de España”, que circulava em São Paulo, assim registrou: “Quantas e que amargas decepções experimentou Padre Landell ao ver que o governo e a imprensa de seu país, em lugar de o alentarem com aplauso, incentivando-o a prosseguir na carreira triunfal, fez pouco ou nenhum caso de seus notáveis inventos”. 

Algum tempo depois ele teve energias para solicitar ao então presidente Rodrigues Alves dois navios de nossa Marinha para demonstrar seus inventos – só para fins de comparação, quando Marconi fez igual pedido ao governo italiano foi informado de que toda a esquadra estaria à sua disposição. A Presidência da República do Brasil, no entanto, reputando-o um maluco, negou o seu pedido. 

Landell nunca conseguiu ajuda privada ou governamental para continuar suas pesquisas. Amargurado, abandonou a ciência e passou a dedicar-se exclusivamente à vida religiosa.

Agora levante-se. Vá a janela e contemple o nosso País. Quantos 'Robertos' ainda temos por aí? Quantos inovadores foram destruídos no Brasil, juntamente com suas inovações, por conta da mais pura inveja? É estarrecedor: somos um dos povos mais criativos do mundo mas insistimos no mesquinho desestímulo aos nossos!

Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

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