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Opinião Internacional

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Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

Da boa diplomacia aos jantares na Casa Branca

Semana marca protagonismo brasileiro enquanto a COP30 encara impasses

José Vicente de Sá Pimentel, Colunista de A Tribuna | 24/11/2025, 13:13 h | Atualizado em 24/11/2025, 13:13

Imagem ilustrativa da imagem Da boa diplomacia aos jantares na Casa Branca
José Vicente de Sá Pimentel, nascido em Vitória, é embaixador aposentado |  Foto: Divulgação

Esta foi mais uma semana de intensa atividade para a diplomacia brasileira. No momento em que escrevo não foi ainda divulgado o comunicado final da COP30. Faz parte. Nas reuniões da ONU sobre a mudança de clima, é comum a prorrogação dos trabalhos para discutir a última forma dos textos.

Na conferência de Belém, uma das causas de prováveis atrasos é a proposta inclusão no comunicado de um roteiro para estabelecer o fim gradual dos combustíveis fósseis. Petróleo, carvão e gás contribuem com 80 por cento do aquecimento global, portanto são alvos naturais de qualquer tentativa de reduzir a crise climática. Mas como fazer um país como a Arábia Saudita, por exemplo, aprovar um roteiro que vai contestar a exploração de sua principal riqueza? Lembro que no encerramento da COP29, em Baku, o presidente do Azerbaijão fez um discurso emocionado em que defendeu os seus planos de expansão da produção de energia fóssil, que seriam um “presente de Deus” para o povo azeri.

A implementação de semelhante roteiro é, portanto, muito difícil. Assim, a mera inclusão desse tema nas discussões já é considerada um avanço por vários ambientalistas. Estes apoiam a ideia da delegação colombiana, que quer fazer uma espécie de COP paralela em 2026, para discutir, especificamente, a questão dos fósseis.

Não há dúvida de que um dos momentos definidores da COP30 foi a atuação do presidente brasileiro nas negociações. Não sei de nenhum outro chefe de governo que tivesse atuado de forma tão vigorosa em nenhuma das 29 conferências precedentes. Lula arregaçou as mangas e sentou-se à mesa com os outros negociadores, numa demonstração explícita de empenho. Seja qual for o resultado da conferência, ele gravou seu nome na história das negociações da ONU sobre a mudança de clima.

Aliás, Lula estava em grande forma. No dia 9, deixou Belém e voou para Santa Marta, Colômbia, a fim de participar da reunião da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e discutir a questão dos navios de guerra americanos no Caribe. Notar que a reunião estava prevista para os dias 10 e 11 de novembro, mas o presidente Gustavo Petro antecipou a abertura para domingo, 9, a fim de possibilitar a participação do mandatário brasileiro. Temos aí mais uma evidência da posição ímpar que o Brasil ocupa na América do Sul.

Tão logo termine a COP30, Lula viajará para a África do Sul, onde terá lugar a reunião do G20, da qual os EUA estarão conspicuamente ausentes. Levará consigo, além dos resultados da COP30, a vitória obtida nas negociações relativas à sobretaxa americana à importação de produtos brasileiros. O Itamaraty sofreu em silêncio, durante um longo tempo, críticas por não dispor de canais de comunicação de alto nível com o governo americano. O recuo de Trump na imposição da tarifa adicional a produtos brasileiros reflete o acerto da estratégia e engrandece o Brasil, e seus governantes.

Um assunto que deverá atrair as atenções mundiais durante o encontro de Joanesburgo é o tratamento a ser dado pela China e pelo Japão à crise que se abriu entre os dois países. Nomeada primeira-ministra em 21 de outubro, Sanae Takaichi, considerada da direita linha dura, declarou que a situação entre a China e Taiwan tornou–se grave e poderá determinar uma mobilização militar japonesa. Os chineses reagiram com dureza. As declarações de Takaichi foram consideradas “irresponsáveis”, uma “retratação” exigida e o embaixador japonês em Pequim foi convocado para prestar explicações. Não há, até o momento, previsão de conversas entre a japonesa e o primeiro-ministro chinês Li Qiang na África do Sul.

Por sua vez, e apesar de ausente de Belém e Joanesburgo, Trump continua onipresente na imprensa mundial. Deu o que falar – quase sempre falar mal – o jantar de gala que ofereceu ao príncipe saudita Mohammed bin Salman, que não visitava Washington desde 2018, quando foi acusado de mandar torturar e matar, dentro do consulado saudita em Istambul, o jornalista Jamal Khashoggi, do Washington Post. Além de Cristiano Ronaldo, pontificava entre os convidados Elon Musk, que pela primeira vez pisou na Casa Branca desde que deixou o governo, em meio a imprecações de baixíssimo nível contra Trump. Musk parece agora retornar à arena política, e já marcou na agenda uma reunião em Austin, Texas, com vários correligionários do DOGE. Aí vem coisa.

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