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Opinião Internacional

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Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

De Mamdani a Maduro, a roda gira

Derrota eleitoral marca virada política nos EUA e enfraquece influência de Trump

José Vicente de Sá Pimentel, Colunista de A Tribuna | 10/11/2025, 13:12 h | Atualizado em 10/11/2025, 13:12

Imagem ilustrativa da imagem De Mamdani a Maduro, a roda gira
José Vicente de Sá Pimentel, nascido em Vitória, é embaixador aposentado |  Foto: Divulgação

Parecia que a lei de Newton não se aplicava a Trump. Nem que ele atirasse em alguém às 5 da tarde em plena 5ª Avenida, não sofreria uma força contrária de mesma intensidade. Mas em 5 de novembro, um ano exato após a eleição para o segundo mandato, a lógica da Física prevaleceu e Trump levou a primeira lambada pelo muito que vem aprontando.

Dias antes da eleição, o presidente deu uma suntuosa festa de Halloween em sua propriedade de Mar-a-Lago; coisa de filme, não faltou nem a mocinha de biquíni girando dentro de uma taça gigante de Martíni. Um pouco antes, Trump congelara a verba orçamentária prevista para a construção de um túnel entre Nova Jersey e Nova York, considerado “o projeto de infraestrutura mais urgente dos EUA”. Paralelamente, demoliu uma ala da Casa Branca para construir um salão de festas, orçado em 300 milhões de dólares. Enquanto isso, o Congresso continuava paralisado.

E continua. A lei orçamentária precisa de 60 votos para ser aprovada no Senado, e os Republicanos só têm 53 cadeiras (os Democratas detêm as outras 47). Quando um impasse acontece, a tradição é o partido majoritário convocar uma reunião com o minoritário, até encontrar-se uma fórmula conciliatória. Desta vez, os Republicanos recusam-se a negociar qualquer cláusula do pacote social, sobretudo os benefícios incluídos no chamado Obamacare. Para deixar claro que não haverá negociação, o líder Republicano Mike Johnson deu férias aos congressistas e interrompeu os trabalhos.

Hoje é o quadragésimo dia da paralisação, a mais longa da história. O país sofre as consequências. Há milhares de funcionários sem receber, porque os Ministérios e agências federais estão sem dinheiro para depositar salários. Os controladores de voos podem parar de trabalhar, imagine os transtornos nos aeroportos.

Numa situação dessas, é natural que o chefe de governo seja punido pelos eleitores. Não deu outra. Nas eleições do dia 5, o Democrata Zohran Mamdani, de 34 anos, tornou-se o primeiro muçulmano eleito prefeito de Nova York, com uma plataforma declaradamente social-democrata. No mesmo dia, Abigail Spanberger, de 46 anos, e Mikie Sherrill, de 53 anos, foram eleitas governadoras respectivamente da Virgínia e de Nova Jersey, deixando longe os rivais Republicanos. Na Califórnia, os eleitores validaram, também por ampla margem, a proposição do Governador Gavin Newsom de redivisão das zonas eleitorais, em resposta a uma manobra dos Republicanos no Texas.

A eleição, por confortáveis margens de votos, de duas mulheres e de um jovem que é a antítese de Trump, além da consolidação de Newsom como candidato a candidato Democrata nas próximas eleições presidenciais, faz pensar numa dessas mudanças de ventos que reorientam as nuvens políticas. Até porque os abalos se fazem sentir também na economia. Grandes investidores, do nível de Michael Burry, e peritos como David Solomon, do Goldman Sachs, além do prêmio Nobel Robert Shiller fizeram recentes alertas sobre perigos de bolha no mercado acionário. Após meses de alta, impulsionada pela IA, as ações das “magnificent seven” estão puxando a Bolsa para baixo. Nvidia, Microsoft, Amazon, Meta e Alphabet (dona do Google), além de Palantir e SuperMicroComputer levaram tombos, alguns de dois dígitos, nos últimos dias. Esta foi a pior semana para o índice Nasdaq Composite, desde que Trump anunciou sua política tarifária, em 2 de abril.

Em paralelo, constata-se que o tarifaço está finalmente incidindo sobre os preços internos. A média de aumentos nos artigos de alimentação se aproxima de 3%. E vejam só, entre os itens que mais contribuíram para esse cenário inflacionário encontram-se as carnes (aumento de 14,7%) e o café (18,9%). É um momento auspicioso, portanto, para darmos início às negociações sobre as tarifas que incidem sobre os produtos brasileiros, tarifas que não têm justificativa econômica e cujosresultados políticos são contraproducentes para os Republicanos, como as urnas demonstraram.

Mas nem sempre Trump escolhe o caminho racional. Na verdade, muitos dizem que diante das adversidades ele costuma pôr a culpa num bode expiatório e dobrar a aposta. Um bode possível, na presente conjuntura, seria a Venezuela. Esse é um risco que o Brasil, líder regional, não pode subestimar.

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