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Olhares Cotidianos

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Colunista

Sátina Pimenta, psicóloga clínica, advogada e professora universitária

Entre o luto e a saudade

Reflexão sobre o Dia de Finados e a forma como transformamos a dor em saudade

Sátina Pimenta, colunista A Tribuna | 06/11/2025, 12:37 h | Atualizado em 06/11/2025, 12:37

Imagem ilustrativa da imagem Entre o luto e a saudade
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária. |  Foto: Divulgação

Brasileiro não é muito chegado a falar de morte. Mandam a gente bater na boca quando o assunto aparece – como se falar atraísse o acontecimento. Mas ela é a única certeza da vida. Podemos fazer o que quisermos ou pudermos… Ela vem.

Lembro que, certa vez, dei uma entrevista como advogada sobre testamentos e o porquê de algo tão simples, que evita tanta briga, ser tão pouco feito no Brasil. Descobri que o problema não é fazer o documento — é aceitar que um dia vamos morrer. E que precisamos nos organizar para isso.

Em outras culturas, a morte não é esse tabu. No México, por exemplo, o Día de los Muertos é uma das maiores festas populares. As pessoas enfeitam as ruas, colocam flores, música, comida, e montam altares com fotos e lembranças dos que se foram. É celebração, não lamento. É uma forma de dizer: “você partiu, mas continua comigo”.

Por aqui, a gente costuma lidar com a morte tentando afastá-la, como se ignorar bastasse. Mas, quando ela chega — e sempre chega —, o que fica é um vazio.

E esse vazio tem nome: luto. No início da minha prática clínica, eu não sabia muito bem como trabalhar o luto. Até que uma paciente me disse: “Quero que a gente aprenda juntas a lidar com a minha dor.”

Estudei, fiz supervisão, reconheci meus limites, e fomos caminhando. Descobri, com ela, que o luto não termina. Ele se transforma.

A psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross descreveu cinco fases do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Mas na vida real elas não seguem ordem. Se misturam, voltam, somem e reaparecem. O luto não é linha. É mar.

Com o tempo, a dor muda de nome. Passa a se chamar saudade.

E quando lembramos com saudade de quem partiu, estamos dizendo: “Obrigada por ter passado por aqui. Por ter me permitido viver ao seu lado por um tempo. Mas eu ainda sinto sua falta.”

É assim que eu sinto. E talvez por isso ache o Dia de Finados um dia cheio de contrastes.

Por mais que lembremos dos que se foram, há também quem chegue.

Duas pessoas muito importantes na minha vida nasceram neste dia — e isso me faz pensar que o mundo é mesmo sábio.

Enquanto uns partem, outros chegam.

Enquanto uns choram, outros celebram. E a vida segue, sempre em movimento.

Entre o luto e a saudade, seguimos nós — aprendendo, pouco a pouco, a agradecer até pelas ausências.

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