De solução à problema
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E, de repente, o artilheiro do Vasco na temporada, com 20 gols marcados em 37 partidas, passou a ser, para boa parte dos torcedores, o maior problema do time. Um exagero que os números desmentes. Em 2023, Pablo Vegetti, com quase 35 anos, marcou dez gols em 3.628 minutos jogados – quase um gol a cada dois jogos; em 2024, ano em que festejou seus 36 de idade, fez 23 em 4.615 minutos – um a cada 2,2; e, este ano, com vinte gols em 3.218 minutos, tem a média de um a cada 1,7.
Ou seja, absolutamente, dentro do que costuma entregar.
O problema é que a dois meses e meio de completar seus 37 anos de idade, o argentino mantém a média de minutos em campo, atuando da mesma forma: tentando acompanhar a marcação na saída de jogo do adversário e recuando para disputar as bolas aéreas no seu campo de defesa.
Tantos nos 21 jogos de 2023, quanto nos 54 de 2024, o tempo médio de permanência em campo foi de 85,4 minutos por partida.
Nos 37 jogos deste ano, a média subiu para 86,9 minutos. Nos seis disputados no pós-Mundial, a marca subiu para 88,3.
Entra aqui a responsabilidade do técnico Fernando Diniz e da comissão técnica que o acompanha. Porque foram seis jogos em 18 dias, desde o reinício da temporada em 12 de julho. Significa um jogo a cada quatro dias e envolvendo viagens aéreas.
Sendo um disputado nos 2.850 metros de Quito, e com um jogador a menos por 80 minutos. Se um jovem sentiria tal carga, imagine um centroavante grandalhão que, com quase 36 anos, corre de um lado para o outro tendo às costas o peso de ser a referência ofensiva de um time tecnicamente limitado – como ele.
Entre 28 de janeiro e 31 de julho do ano passado, Vegetti havia marcado 15 gols ao longo de 32 jogos disputados com intervalo de 5,6 dias.
No mesmo período de 2025, um ano mais velho, Vegetti já fez 37 partidas, com média de uma a cada 4,2 dias – sendo quatro com viagens a Peru, Argentina, Venezuela e Equador.
Projeto
Não se vê um projeto para dosagem de carga, nem a exploração inteligente de um dos maiores goleadores do clube nos últimos anos. Fernando Diniz é, portanto, o responsável por transformar a solução em problema.
Cabe ao treinador, testar o time num outro modelo, utilizando atacantes de mais mobilidade, pelo menos em parte dos jogos. Poupar Vegetti é dar ao Vasco a chance de tê-lo por mais tempo.
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