Viciados em drogas ocupam novos pontos na Grande Vitória
A Tribuna percorreu pontos críticos da Grande Vitória e identificou problema. Prefeituras vêm monitorando quadros
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Deitados em colchões rasgados ou acampados em barracas improvisadas, moradores em situação de rua e usuários de drogas estão se espalhando pela Grande Vitória.
Na última semana, a reportagem de A Tribuna percorreu bairros de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica e identificou que, além dos locais considerados críticos, viciados estão ocupando novos pontos nesses municípios, o que vem preocupando moradores e comerciantes, que preferiram ficar no anonimato para evitar represálias.
Na Serra, por exemplo, esse aumento pode ser atribuído ao crescimento da população em situação de rua. Em bairros como Carapina e Jardim Limoeiro, é possível flagrar ruas tomadas por moradores.
De 2022 para 2023, foi registrado aumento de 124 pessoas nessa condição, segundo a prefeitura. Ao todo, o município conta com 942 pessoas vivendo nas ruas.
Na Capital, a situação é semelhante. Atualmente, são cerca de 260 pessoas em situação de rua, sendo que algumas estão vivendo agora embaixo do viaduto próximo à Rodoviária de Vitória.
Já em Vila Velha, embora o número de pessoas em situação de rua tenha diminuído de 442, em 2023, para 412, neste ano, não é difícil ver “espécies de bairros” improvisados. Em Cariacica, por sua vez, há 222 cadastrados este ano.
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Para o especialista em Direito, Ciências Criminais e Psicologia Rusley Medeyros, a população de rua é um reflexo das fragilidades dos programas de integração.
“As pessoas em situação de rua, em sua grande maioria, não são criminosas nem estão dispostas à prática criminal. Então, é necessário que esse estigma seja neutralizado. De outro modo, temos também nesses grupos indivíduos que cometem crimes, seja para manutenção de seus vícios, seja para a prática do crime propriamente.”
Já para o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-ES, Hugo Miguel Nunes, o maior responsável para que uma pessoa se encontre em situação de rua é a dificuldade financeira e a desigualdade social. E trata-se de uma situação que desencadeia vários outros problemas, como o aumento do uso de drogas e criminalidade.
A Defensoria Pública e o Ministério Público foram questionados, mas não responderam até o fechamento da edição.
Especialistas fazem alerta para risco das superdrogas
Com o aliciamento de moradores de rua para o mundo do crime e o surgimento de usuários de drogas nos centros urbanos, também surge o alerta para os efeitos das chamadas superdrogas.
O chefe do Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc), delegado Tarcísio Otoni, afirma que drogas conhecidas por deixarem o usuário como um “zumbi” já são uma realidade nas ruas capixabas.
O fentanil, por exemplo, um analgésico opioide sintético extremamente potente, cerca de 50 a 100 vezes mais forte que a morfina e até 50 vezes mais forte que a heroína, foi apreendido pela primeira vez no Brasil em grande quantidade no Estado.
Em diferentes locais como Cariacica, Vitória e Rio Novo do Sul , autoridades encontraram um total de 139 ampolas dessa substância, associada ao tráfico de drogas.
O opioide é misturado com drogas já conhecidas como crack, tornando-se ainda mais agressivo.
O número
139 ampolas de fentanil foram encontradas no Estado
Nova lei para qualificar moradores em situação de rua
Uma lei que institui a Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para a População em Situação de Rua (PNTC PopRua) foi aprovada e sancionada pelo presidente Lula este ano.
A proposta visa elevar a escolaridade, oferecer qualificação profissional e facilitar o acesso ao mercado de trabalho para esse grupo vulnerável.
Os Centros de Apoio ao Trabalhador em Situação de Rua serão fundamentais, articulando ações de empregabilidade e economia solidária.
Desafios
A implementação descentralizada entre União, estados e municípios traz desafios e oportunidades na garantia dos direitos básicos desses cidadãos.
Para o especialista em Direito, Ciências Criminais e Psicologia Rusley Medeyros, é necessário que os municípios assumam suas reais responsabilidades, proporcionando oportunidades para que os cidadãos em situação de rua possam sobreviver de forma digna.
Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-ES, Hugo Miguel Nunes ressalta que é preciso entender a dependência química como uma doença que deve ser tratada e enfrentada pela política pública.
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