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Cidades

Viciados em drogas ocupam novos pontos na Grande Vitória

A Tribuna percorreu pontos críticos da Grande Vitória e identificou problema. Prefeituras vêm monitorando quadros


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Imagem ilustrativa da imagem Viciados em drogas ocupam novos pontos na Grande Vitória
Pessoas em situação de rua concentram-se em área da Vila Rubim, Vitória, na rua Construtor Vitorino Teixeira |  Foto: Leone Iglesias/ AT

Deitados em colchões rasgados ou acampados em barracas improvisadas, moradores em situação de rua e usuários de drogas estão se espalhando pela Grande Vitória.

Na última semana, a reportagem de A Tribuna percorreu bairros de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica e identificou que, além dos locais considerados críticos, viciados estão ocupando novos pontos nesses municípios, o que vem preocupando moradores e comerciantes, que preferiram ficar no anonimato para evitar represálias.

Na Serra, por exemplo, esse aumento pode ser atribuído ao crescimento da população em situação de rua. Em bairros como Carapina e Jardim Limoeiro, é possível flagrar ruas tomadas por moradores.

De 2022 para 2023, foi registrado aumento de 124 pessoas nessa condição, segundo a prefeitura. Ao todo, o município conta com 942 pessoas vivendo nas ruas.

Na Capital, a situação é semelhante. Atualmente, são cerca de 260 pessoas em situação de rua, sendo que algumas estão vivendo agora embaixo do viaduto próximo à Rodoviária de Vitória.

Já em Vila Velha, embora o número de pessoas em situação de rua tenha diminuído de 442, em 2023, para 412, neste ano, não é difícil ver “espécies de bairros” improvisados. Em Cariacica, por sua vez, há 222 cadastrados este ano.

Imagem ilustrativa da imagem Viciados em drogas ocupam novos pontos na Grande Vitória
Para se proteger do sol e da chuva, muitos escolheram se refugiar embaixo de viaduto na Ilha do Príncipe, em Vitória. |  Foto: Leone Iglesias/ AT

Para o especialista em Direito, Ciências Criminais e Psicologia Rusley Medeyros, a população de rua é um reflexo das fragilidades dos programas de integração.

“As pessoas em situação de rua, em sua grande maioria, não são criminosas nem estão dispostas à prática criminal. Então, é necessário que esse estigma seja neutralizado. De outro modo, temos também nesses grupos indivíduos que cometem crimes, seja para manutenção de seus vícios, seja para a prática do crime propriamente.”

Já para o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-ES, Hugo Miguel Nunes, o maior responsável para que uma pessoa se encontre em situação de rua é a dificuldade financeira e a desigualdade social. E trata-se de uma situação que desencadeia vários outros problemas, como o aumento do uso de drogas e criminalidade.

A Defensoria Pública e o Ministério Público foram questionados, mas não responderam até o fechamento da edição.

Especialistas fazem alerta para risco das superdrogas

Com o aliciamento de moradores de rua para o mundo do crime e o surgimento de usuários de drogas nos centros urbanos, também surge o alerta para os efeitos das chamadas superdrogas.

O chefe do Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc), delegado Tarcísio Otoni, afirma que drogas conhecidas por deixarem o usuário como um “zumbi” já são uma realidade nas ruas capixabas.

O fentanil, por exemplo, um analgésico opioide sintético extremamente potente, cerca de 50 a 100 vezes mais forte que a morfina e até 50 vezes mais forte que a heroína, foi apreendido pela primeira vez no Brasil em grande quantidade no Estado.

Em diferentes locais como Cariacica, Vitória e Rio Novo do Sul , autoridades encontraram um total de 139 ampolas dessa substância, associada ao tráfico de drogas.

O opioide é misturado com drogas já conhecidas como crack, tornando-se ainda mais agressivo.

O número

139 ampolas de fentanil foram encontradas no Estado

Nova lei para qualificar moradores em situação de rua

Uma lei que institui a Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para a População em Situação de Rua (PNTC PopRua) foi aprovada e sancionada pelo presidente Lula este ano.

A proposta visa elevar a escolaridade, oferecer qualificação profissional e facilitar o acesso ao mercado de trabalho para esse grupo vulnerável.

Os Centros de Apoio ao Trabalhador em Situação de Rua serão fundamentais, articulando ações de empregabilidade e economia solidária.

Desafios

A implementação descentralizada entre União, estados e municípios traz desafios e oportunidades na garantia dos direitos básicos desses cidadãos.

Para o especialista em Direito, Ciências Criminais e Psicologia Rusley Medeyros, é necessário que os municípios assumam suas reais responsabilidades, proporcionando oportunidades para que os cidadãos em situação de rua possam sobreviver de forma digna.

Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-ES, Hugo Miguel Nunes ressalta que é preciso entender a dependência química como uma doença que deve ser tratada e enfrentada pela política pública.

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