Universidade recruta mulheres com endrometriose para teste de uso de canabbis
Pesquisa pretende testar uso de cannabis na diminuição da intensidade da dor em mulheres que sofrem com endometriose
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Cólicas, dores na relação sexual, dor pélvica crônica, dor ao evacuar e até mesmo infertilidade. Esses são alguns sintomas da endometriose.
Os casos que não melhoraram com o tratamento hormonal ou com a cirurgia chamaram a atenção de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Eles estão buscando voluntárias em pesquisa que vai avaliar o efeito do canabidiol, medicamento derivado da planta Cannabis sativa, a maconha, na diminuição da intensidade da dor.
Ginecologista especializada em endometriose, Gabriele Lomonte explica que o distúrbio é uma doença inflamatória estrogênio-dependente, em que o tecido semelhante ao revestimento do útero (endométrio) cresce fora da cavidade uterina, causando dor e/ou infertilidade.
“Estima-se que a infertilidade esteja presente em 30% a 50% das pacientes com endometriose.”
Em relação aos tratamentos, a médica diz que são clínicos ou cirúrgicos. “Dividimos em tratamento clínico ou tratamento cirúrgico. A cirurgia tem suas indicações, nem toda paciente com endometriose precisa ser operada”.
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O tratamento clínico, explica, baseia-se no uso de medicamentos hormonais e suplementação.
De acordo com o neurocirurgião e especialista em dor Walter Fagundes, da Clínica MedSativa, já há estudos que comprovam os benefícios do canabidiol na redução da dor da endometriose.
“Porém, este novo estudo é extremamente importante, devido à metodologia, por exemplo, com controle do número de casos”.
A ginecologista afirma que nos casos em que foram tentados tratamentos hormonais e cirurgias e, mesmo assim as pacientes continuam sentindo dor, o canabidiol pode ser uma alternativa. “Ele nunca será terapia de primeira escolha, e não trata a endometriose, mas pode auxiliar na melhora da dor”.
As voluntárias precisam ter mais de 18 anos, disponibilidade de participar de algumas consultas presenciais e coletas de sangue em intervalos de uma a quatro semanas em Ribeirão Preto.
Metade das voluntárias recebe o medicamento canabidiol e a outra metade recebe o placebo. Mais informações e pré-inscrição: [email protected].
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