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Regional

O coronel aposentado que faz facas artesanais no ES

Bruno Tadeu Rigo começou a se dedicar à cutelaria como hobby após um desafio feito pelo irmão. Agora, o trabalho é levado a sério


Imagem ilustrativa da imagem O coronel aposentado que faz facas artesanais no ES
Bruno Tadeu Rigo, morador de Guarapari, montou uma oficina para a produção de facas dentro de casa e dedica a maior parte do dia à atividade |  Foto: Aline Couto

Após mais de 30 anos atuando como bombeiro, Bruno Tadeu Rigo, de 51 anos, morador de Guarapari, virou cuteleiro. A princípio iniciada como um hobby, a produção de facas se tornou um trabalho levado a sério há cerca de cinco anos.

“Tudo começou com um desafio feito pelo meu irmão de transformar uma peça de caminhão antiga, que devia ter uns 100 anos, em uma faca. Como já sou familiarizado com trabalhos de mecânica, consegui”, contou o coronel aposentado do Corpo de Bombeiros.

E Bruno seguiu adiante. Depois do desafio, surgiu o interesse em transformar o passatempo em trabalho, que se tornou também uma válvula de escape e uma forma de diminuir o estresse.

“Fui buscando informações, assistindo a vídeos e dicas no YouTube. Logo fui comprando máquinas para a produção e montei uma oficina dentro de casa, onde dedico quase que a maior parte do dia à atividade. Por conta da concentração necessária, me desligo de tudo de fora e é bem legal”.

O agora cuteleiro explicou como é feita a produção, começando sobre a escolha de cada peça, que precisa de um material específico, a começar pelo aço.

“Nem todo aço é propício para a construção de uma faca. Dos aços que têm características para serem transformados em faca, a gente escolhe de acordo com a funcionalidade, tamanho e peso, para ser usado”, contou.

Logo em seguida, é o trabalho para criar a peça. “São duas formas: o forjamento, em que aqueço um pedaço do aço até ele chegar em determinada temperatura e começo a dar pancadas, esticando até transformá-lo em uma barra. Depois desenho o formato e, através de uma lixadeira ou lima, transformo na geometria que pensei”.

Para os cabos, são usadas madeiras nobres, geralmente recicladas. Cada vez mais dedicado à nova atividade, Bruno segue evoluindo e já investiu em praticamente todo o maquinário necessário para dar prosseguimento ao trabalho de forma mais profissional.

“Falta chegar um forno de temperatura controlada, pois atualmente trabalho com uma forja simples, a gás, e uma lixadeira de melhor qualidade. É impossível saber tudo sobre qualquer coisa, estou sempre aprendendo. Cada faca me ensina para a próxima, mas já posso dizer que sou quase um profissional”, ressaltou.

Imagem ilustrativa da imagem O coronel aposentado que faz facas artesanais no ES
Uma das facas personalizadas produzida por Bruno Tadeu Rigo: preços variam de R$ 350 a R$ 1 mil |  Foto: Aline Couto

Peças vão parar nos Estados Unidos

Bruno Tadeu Rigo acredita que já tenha produzido cerca de 30 facas, que custaram entre R$ 350,00 e R$ 1 mil. Três delas foram vendidas para um colecionador do Rio de Janeiro e as demais estão espalhadas pelo Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros estado no País. Duas delas foram vendidas para clientes dos Estados Unidos.

“Uma faca simples demora em torno de 10h a 12h de trabalho, mas dependendo da peça pode demorar de quatro a cinco dias para ser produzida. Quando essa faca é mais rebuscada e tem mais detalhes, tem um tempo maior de produção”, explicou.

O trabalho de um cuteleiro não concorre com grandes marcas que produzem facas em escala industrial. Bruno explica que a exclusividade e até uma peça personalizada são as principais características de um trabalho artesanal.

“Consigo fazer uma peça mais exclusiva, adaptada e com o cabo na ergonomia específica para a mão do cliente”, observou.

Coincidência

No meio de toda a história, o cuteleiro ainda esbarrou em uma coincidência até então desconhecida. Segundo sua mãe, o avô dele era ferreiro e fabricava canivetes e outras ferramentas. “Não tinha como comprar facão, enxada e foice. Eles faziam tudo”, contou.

Imagem ilustrativa da imagem O coronel aposentado que faz facas artesanais no ES
Produção de facas artesanais |  Foto: Aline Couto

Preços até R$ 1 mil

• A primeira faca produzida por Bruno Tadeu Rigo ficou pronta após ele transformar uma peça de caminhão antiga, de aproximadamente 100 anos, no utensílio.

• Bruno montou uma oficina dentro de casa e adquiriu todo maquinário necessário para produção mais profissional de facas.

• Nem todo aço é propício para a construção de uma faca. A escolha tem que ser feita de acordo com a funcionalidade, tamanho e peso.

• Uma faca simples demora em torno de 10h a 12h de trabalho, uma mais produzida pode durar de quatro a cinco dias.

• Bruno já produziu cerca de 30 facas. Os valores variaram entre R$ 350,00 e R$ 1 mil. Três foram vendidas para um colecionador do Rio de Janeiro e duas para os EUA.

• O cuteleiro faz peças exclusivas, adaptadas e com o cabo na ergonomia específica para a mão de cada cliente.

• O avô de Bruno era ferreiro e fabricava canivetes e outras ferramentas.

• Nos mais de 30 anos servindo ao Corpo de Bombeiros, atuou em vários desastres e incêndios.

Mais de 30 anos de atuação no Corpo de Bombeiros

Nos mais de 30 anos servindo ao Corpo de Bombeiros, Bruno Tadeu Rigo dedicou 17 deles ao quartel localizado em Guarapari. “O comando em Guarapari foi gratificante e serviu muito no meu aprendizado. Trabalhei com profissionais da mais alta competência”.

Bruno também serviu em outros quartéis do Estado, como Vitória, Serra e Linhares, e atuou em vários desastres e incêndios, a exemplo das inundações em Alfredo Chaves e Iconha nos últimos anos.

“Talvez essas tenham sido minhas experiências mais marcantes. É difícil especificar qual foi o maior desafio, mas edificar um quartel e ajudar na ampliação da capacidade de atendimento de toda região foi bastante marcante”.

Apesar de todo carinho pelos anos de profissão, o coronel aposentado contou que as lembranças nem sempre são boas, pois algumas vieram por meio de tragédia.

“Evito manter essas memórias ativas, é meu mecanismo de autodefesa. Mas com certeza tudo que vivenciei nessas três décadas foi de alguma forma bem forte”.

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