Clima de La Bombonera em Guarapari
Moradores do distrito de Buenos Aires, a 13 km da cidade, fizeram um torneio de futebol inspirado nos times originais da Argentina

É domingo, dia de futebol. Na região serrana de Guarapari, a disputa foi entre San Lorenzo e Lanús, dois times tradicionais do futebol argentino, pela primeira rodada do Campeonato de Futebol Argentino. Mas o que essa peleja tem a ver com um dos balneários mais famosos do Espírito Santo?
Inspirados no nome do distrito de Buenos Aires, a cerca de 13 km do centro da cidade, moradores criaram um campeonato com times que levam nomes das equipes argentinas.
“Em 2016, após a saída do time de Buenos Aires do Campeonato Rural, criamos um campeonato só para a comunidade”, explica Dirceu Brambati, morador do bairro e um dos idealizadores do torneio.
O campeonato começou com seis equipes, formadas por jogadores da própria comunidade, mas ganhou força já na segunda edição, quando nove times entraram em campo.
Após uma pausa na pandemia, a competição chegou agora à sua oitava edição, reunindo oito equipes em jogos que seguem até novembro.
O diferencial é a organização: os atletas se inscrevem individualmente, pagam uma taxa, que garante o uniforme completo, e, em seguida, participam de um sorteio, que define a composição dos times.
A cada edição, os jogadores se misturam, promovendo equilíbrio técnico e novas amizades. “Aqui é democrático. Todo mundo que gosta de futebol tem a oportunidade de jogar”, destaca Brambati.
Além de jogos disputados, o torneio se transformou em um evento social da comunidade. Famílias se reúnem no campo centenário do bairro para acompanhar as partidas, em clima de festa, churrasco e confraternização.
A estrutura também cresceu: a organização garante arbitragem, massagista e socorrista em campo. Neste ano, um patrocínio possibilitou a presença de árbitros da Federação de Futebol do Espírito Santo.
Mais do que futebol, o Campeonato Argentino de Buenos Aires é um espaço de encontro e pertencimento para a comunidade, onde a tradição do esporte se mistura à história local. O campo, que completa 100 anos em 2025, é testemunha dessa paixão.
E o nome do bairro, curiosamente, nasceu a partir de uma coincidência histórica: imigrantes italianos que pretendiam seguir para a Argentina acabaram ficando na região após uma parada imprevista em Anchieta.
“Eles gostaram daqui e decidiram permanecer, batizando o lugar com o nome do destino original: Buenos Aires”, conta Brambati.
Futebol em família movimenta a comunidade

Se em campo a disputa é acirrada, fora o clima é de confraternização. O Campeonato Argentino de Buenos Aires, em Guarapari, reúne não só os jogadores, mas também suas famílias, que acompanham e incentivam cada partida.
É o caso de Ramon Francisco Miranda, 15 anos, que faz questão de estar presente nos jogos do pai. “Sempre gostei de ver ele jogando. Quando minha mãe e minha família vêm junto, acho ainda melhor, porque ele se sente mais apoiado”.
Para o jovem, ver o pai defendendo o Lanús é motivo de orgulho. “Quando ele me falou que ia jogar, fiquei muito feliz. É como se fosse um time profissional”, disse.
Já Franciele Garcia Matos, 29 anos, acompanha o marido Altieles, que participa pela primeira vez da competição. Mãe de dois filhos, ela vê no campeonato uma oportunidade de lazer e união familiar.
“A gente sempre assiste, é um programa de família. Eu acho muito bom porque incentiva também a futura geração. Para a comunidade, é importante, e para nós é um momento de lazer e apoio”.
O envolvimento das famílias vai além da torcida. Muitas aproveitam para almoçar na comunidade e transformam o campeonato em um evento de encontro. “A gente se reúne, vê o jogo e aproveita o momento juntos”, resume Franciele.
Confraternização familiar
Experiência e amizade em campo

Aos 60 anos, Elimar Reis já acumula seis participações no Campeonato Argentino de Buenos Aires, em Guarapari.
Morador da sede do município, ele conta que foi bem acolhido pela comunidade da região serrana e que a competição se tornou um espaço de amizade e convivência. “O nível é muito bem organizado, o pessoal tem respeito grande. Eu me sinto muito bem jogando aqui em cima”.
Elimar já defendeu diferentes equipes ao longo das edições, incluindo River Plate, quando foi campeão, e Independiente, chegando até a ser rebaixado em uma temporada. “É bem disputado. Todo ano tem sorteio e você pode cair em qualquer time. Até o Boca Juniors já foi rebaixado”.
Para ele, mais do que resultados, o campeonato é uma confraternização familiar. “Minha família sempre me acompanha. No próximo jogo, quero entrar em campo com meu neto. É um ambiente muito acolhedor, vale a pena conhecer”.
Saiba mais
Curiosidades do futebol argentino
Boca Juniors e River Plate dividem a maior rivalidade do país. O Superclássico é considerado um dos jogos mais intensos do mundo, mobilizando torcedores de dentro e de fora da Argentina.
Além de Boca e River, outros clubes de grande torcida e tradição são: Independiente, Racing Club e San Lorenzo. O Independiente, por exemplo, é conhecido como “Rei de Copas”, por ser o maior campeão da Taça Libertadores da América.
Diego Maradona e Lionel Messi são os maiores nomes da história do futebol argentino, com reconhecimento mundial. Outros ídolos, como Gabriel Batistuta, Juan Román Riquelme e Daniel Passarella, também marcaram época.
A Seleção Argentina é tricampeã mundial (1978, 1986 e 2022). O título de 1986, no México, ficou marcado pelo gol de mão de Maradona contra a Inglaterra, batizado de “La Mano de Dios”.
As arquibancadas argentinas são famosas pelas “barras bravas”, organizadas que ditam a festa, os cantos e também carregam um histórico de rivalidade intensa.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários