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Cidades

Psiquiatra Alfredo Maluf: “Precisamos nos preparar para as frustrações da vida”

Especialista afirma que a chamada “positividade tóxica” diante da tristeza e até do luto pode provocar danos à saúde mental


Imagem ilustrativa da imagem Psiquiatra Alfredo Maluf: “Precisamos nos preparar para as frustrações da vida”
Alfredo Maluf explica que esse modo de lidar com a vida pode estar relacionado a medos e incertezas |  Foto: Arquivo Pessoal

Negar os sentimentos e pensamentos ruins perante a situações de tristeza, raiva, angústia e até mesmo o luto pode ser prejudicial para a saúde psicológica dos que praticam a “positividade tóxica”, termo que está relacionada a uma certa negação dos sentimentos negativos.

Para o médico psiquiatra Alfredo Maluf, esse modo de lidar com a vida pode estar relacionado a medos e incertezas.

Em entrevista ao jornal A Tribuna, o médico coordenador da psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein e Coordenador da Pós de Psiquiatria do Instituto de Ensino e Pesquisa Einstein, com 35 anos de atuação na área, disse que é importante se preparar para as frustrações da vida.

A Tribuna:  O que é a positividade tóxica?
Alfredo Maluf: Quando pensamos no termo tóxico, que é usado em várias situações hoje em dia, inclusive para definir relacionamento, é algo que causa dano, lesão e prejuízo.

Quando falamos de positividade, isso está muito ligado a aspectos cognitivos e do pensamento. Então é uma área da cognição, uma área do ponto de vista de função superior do humano, no qual existe uma tendência ou um foco em só achar positividade nas coisas da vida, e manter esse tipo de padrão de funcionamento mental ou de pensamento.

Então, se a gente está falando de positividade, de pensamentos sempre ligados a algo positivo, e afastando-se das questões negativas, a positividade tóxica seria uma positividade excessiva que acaba causando problema do ponto de vista de saúde mental.

A positividade tóxica e a negação de sentimentos negativos pode ser prejudicial à saúde mental?
Sobre isso não há dúvidas. Isso é visto até mesmo em pesquisas, no qual a pessoa se mantém só achando que tudo é positivo e projeta o futuro, no qual todas as coisas vão dar certo. É claro que isso não é compatível com a realidade.

E se a pessoa vive em algo que não é compatível com a realidade, em algum momento vai trazer sintomas psíquicos e emocionais, dentre eles a ansiedade ou até induzir a quadros depressivos. O que leva muitas vezes as pessoas a ficarem em um cenário positivo é o medo, a angústia e a ansiedade de que algo ruim pode acontecer.

De que forma a negação de sentimentos negativos pode afetar a vida e o cotidiano das pessoas?
Até um determinado ponto a pessoa consegue levar esse modo de viver. Ela pode estar sempre bem, achando que está tudo bem, mas quantas frustrações as pessoas têm por dia?

Será que isso é uma estrutura de pensamento que se mantém? Ou é um castelo de cartas que um dia vai cair? As pessoas vão recebendo embates, vão recebendo informações e, em algum momento, essas situações não vão se manter.

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Como a positividade tóxica se diferencia do otimismo?
O otimismo está no temperamento de algumas pessoas. Então, vão existir pessoas que têm uma tendência de ver as coisas de forma mais leve ou talvez mais otimista e mesmo incluindo as questões negativas da vida, possuem um ceticismo. É um equilíbrio entre o bom e o ruim.

Já o pensamento de positividade tóxica vai negar totalmente os pensamentos negativos.

Precisamos nos preparar para as frustrações? Como?
No campo psicológico existe muito a noção de desenvolvimento. Quanto mais existe desenvolvimento, quanto mais existe crescimento com as experiências, mesmo com as experiências negativas, mais a pessoa vai se fortalecendo para as frustrações que são naturais.

A frase “pense positivo” já é um positivismo tóxico ?
Se isso se tornar uma regra, com certeza é. “Pense Positivo”, “Pense Positivo”, se a pessoa tornar isso um mantra e negar totalmente os sentimentos negativos, claro que é tóxico. Se você está eliminando os fatores que podem trazer apreensão, uma certa angústia e que você precisa pensar sobre isso. Se você coloca tanta coisa debaixo do tapete, uma hora a sujeira vai aparecer,

Como se afastar da positividade tóxica?
Primeiro você tem que conhecer o que está acontecendo. Se a gente está falando de uma situação comportamental ligada à cognição e pensamento, primeiro a pessoa precisa ter noção de que aquilo está acontecendo com ela.

Depois, acho que ela precisa ter um certo conhecimento também do ponto de vista psicológico, interno dela, se conhecer um pouco mais para saber que fatores estão levando ela a ficar nessa situação ou está se direcionando para isso.

E como devemos enxergar essas situações negativas sem positivismo tóxico, mas com otimismo?
Quando a pessoa se depara com uma situação que é difícil, que traz frustração, que traz angústia, o que é o ser otimista? É saber que alguma solução pode ser dada. Nem sempre é a solução que ela quer. Então pode ser que tenha perdas, frustração, mas alguma solução tem.

A positividade tóxica e a negação de pensamentos negativos podem estar relacionadas a algum distúrbio emocional?
Se uma pessoa que vive numa positividade que a gente chama de tóxica, e só pensando nas coisas positivas por causa da insegurança e do medo do amanhã, que é a minha grande hipótese, isso pode gerar a ansiedade, pânico e depressão. Aliás, isso foi verificado em vários estudos.

Naturalmente, em algum momento, vai acontecer alguma coisa que pode quebrar essa estrutura e o castelo de cartas pode cair.

QUEM É

Alfredo Maluf
> É médico psiquiatra há 35 anos e se especializou com um MBA de Gestão em Saúde pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Insper.

> Ele é coordenador da Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador da Pós de Psiquiatria do Instituto de Ensino e Pesquisa Einstein.

> Foi chefe na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e preceptor da Psiquiatria no Pronto Socorro Urgências e Emergências Psiquiátricas por 30 anos e trabalha em colaboração com a Residência de Psiquiatria do Eisntein.

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