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Cidades

Poder feminino no Corpo de Bombeiros

Desde 2002, elas passaram a ser admitidas para atuar em ocorrências externas. Hoje já são 177 bombeiras


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Imagem ilustrativa da imagem Poder feminino no Corpo de Bombeiros
Thais Marini Borges, soldado. Andresa Silva, capitã. Bianca Cozzer Filipini, soldado. |  Foto: Leone Iglesias/ AT

Até pouco tempo, entrar para o Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, carreira conhecida por força física e combate em campo, era uma possibilidade restrita ao sexo masculino. Mas, desde 2002, elas também passaram a ser admitidas em concursos para atuar em ocorrências e hoje 177 mulheres fazem história na corporação.

Carla Andresa Nascimento Silva, a capitã Andresa Silva, 36 anos, trabalha no Quartel Central do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo. Segundo ela, seu maior desafio até agora foi trabalhar nas buscas das vítimas do rompimento da barragem de Mariana, em 2015.

“A missão mais desafiadora foi quando eu ainda estava no curso de formação para oficiais e fomos empenhados para trabalhar no desastre de Mariana. Isso me marcou muito. Nós realizamos buscas pelos corpos naquela área toda embaixo de lama”, disse ela.

Atuando na corporação há 15 anos, há três a capitã Andresa é porta-voz do Corpo de Bombeiros e atua na assessoria de comunicação. Mas quem pensa que vai vê-la sempre maquiada e com a farda administrativa, na sede da corporação, está enganado. Nas ocorrências é possível encontrá-la com equipamentos de combate a incêndio que pesam cerca de 25 quilos.

Sobre possíveis situações de machismo no ambiente de trabalho, a capitã garante que nunca enfrentou. “A partir do momento que você prova que é capaz, não há espaço para machismo”.

As soldados Thais Marini Borges e Bianca Cozzer Filipini são recém-chegadas na corporação. Para elas, para ser bombeira, é preciso coragem. “É um trabalho menos difícil quando perdemos o medo”, disse Thais.

Já Lorena Sarmento Rezende, de 40 anos, foi primeira mulher a ser promovida a major do Corpo de Bombeiros do Estado, em 2021.

Não bastasse isso, ela foi primeira bombeira combatente, a primeira tenente e a primeira capitã da corporação no Estado. Apenas alguns anos depois, outra mulher passou em concurso e se juntou a ela na instituição. Antes disso, mulheres ocupavam apenas funções administrativas na corporação.

“Nós, mulheres, podemos ocupar quaisquer espaços de poder e é importante que a gente ocupe, porque as conquistas só vêm com representatividade”.

“Foi a profissão que me escolheu”, afirma a Capitã Andresa Silva

A Tribuna- Por que escolheu a carreira no Corpo de Bombeiros?

Capitã Andresa Silva- Eu digo sempre que não escolhi a carreira. Ela me escolheu. Eu passei no concurso, fiz o curso de formação e me apaixonei. Decidi que era aquilo que queria fazer para o resto da minha vida. Quando passei no concurso estava no último ano da faculdade de Farmácia.

Havia passado primeiro para o concurso de soldado da Polícia Militar, mas minha mãe insistiu para que eu fizesse o dos Bombeiros também. Ela, inclusive, me deu o dinheiro da inscrição. Passei no concurso de 2008, mas abdiquei da antiguidade para fazer o curso em 2009, após a minha formatura de Farmácia.

Minha mãe morreu, mas sempre disse a ela que era minha heroína. Ela se orgulhava muito do meu trabalho. Acompanhava tudo de perto. E estes resultados não seriam possíveis sem o apoio dela e do meu pai.

O que diria sobre a população atribuir ao bombeiro, em muitas pesquisas, o título de herói nacional?

De fato, temos um nível de aceitação muito grande na sociedade e somos muito gratos por isso. Eu acredito que isso se deve à percepção da população de que o bombeiro atenderá todas as ocorrências para as quais for acionado.

Atuamos no salvamento aquático, terrestre e em altura. Em todos os locais onde as outras forças de segurança não vão, os bombeiros são acionados, vão e resolvem. Então, creio que isso leva a população a ter um olhar de confiança e gratidão sobre a nossa corporação.

Qual é o seu maior medo?

Na profissão é com relação a algumas ocorrências que a gente não consegue alcançar os resultados que espera.

Numa cena de ocorrência o oficial é responsável pelo gerenciamento de todo aquele espaço, pela segurança de todos que estão ali. Então, o maior medo é acontecer algo com alguém da equipe e até comigo mesma. Todos temos famílias e a gente preza por chegar em casa com segurança.

Que conselho daria a outras mulheres que pretendem seguir carreira no Corpo de Bombeiros?

Qualquer mulher que queira seguir a carreira militar, seja na Polícia Civil, Militar ou no Corpo de Bombeiros, deve se dedicar e correr em busca dos seus sonhos.

Com força de vontade, determinação, garra e muito estudo a gente consegue. E lembrar que as etapas do concurso não são apenas teóricas. Tem a parte física também. Seguir as regras do edital para alcançar o que se deseja.

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