X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Cidades

Pais pagam até R$10 mil em dívidas dos filhos em jogos pela internet

Especialistas revelam que tem aumentado a procura por tratamento para adolescentes, jovens e até crianças viciadas em games


Ouvir

Escute essa reportagem

Imagem ilustrativa da imagem Pais pagam até R$10 mil em dívidas dos filhos em jogos pela internet
Jogos on-line: psiquiatras alertam para o perigo da dependência e para o acúmulo de dívidas |  Foto: © Divulgação/Canva

Na palma da mão ou em telinhas, crianças, adolescentes e jovens têm embarcado em um universo virtual que permite entretenimento e diversão, mas também pode ser a porta de entrada para a dependência em jogos on-line.

Junto à essa dependência, pais têm sido surpreendidos com um outro problema: pagar dívidas feitas pelos filhos com compras de jogos e apostas em cassinos on-line. Os valores variam, mas há casos de pagamento de até R$ 10 mil.

Leia mais sobre Cidades

No dia a dia nos consultórios, é notório o aumento de casos. A psiquiatra infantil Fernanda Mappa, por exemplo, conta que o uso de eletrônicos tem sido cada vez mais em idade precoce.

Imagem ilustrativa da imagem Pais pagam até R$10 mil em dívidas dos filhos em jogos pela internet
|  Foto: Divulgação

O perigo não se restringe à dependência de eletrônicos. “Também estamos vivenciando um aumento de demandas por conta de dívidas decorrentes de gastos em jogos on-line, muitos deles de forma descontrolada, gerando dívidas a serem pagas por pais”.

Ela conta que geralmente as compras são realizadas por meio de cartão de crédito. “Em um dos casos que acompanho, os pais pagaram R$ 10 mil de dívidas”.

Há casos também em que os filhos usam o dinheiro da mesada e até deixam de comer.

Paula Santos, psicóloga infantojuvenil, cita um caso em que os pais foram surpreendidos na fatura do cartão de crédito com compras dentro de jogos on-line. O comprador, um estudante de 8 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Pais pagam até R$10 mil em dívidas dos filhos em jogos pela internet
|  Foto: Divulgação

“Eu não tenho detalhes do valor e tipo de jogo, pois a família não veio por causa disso. A gente já estava em terapia trabalhando a dificuldade da criança em cumprir normas e regras e aproveitamos para trabalhar em cima disso também”.

De forma leve e com muita orientação, ela disse que obteve ótimo resultado. “Eu trabalho com a disciplina positiva, não punitiva. Com muito diálogo, ensinamos que aquilo (comprar jogos) não pode”.

Algumas vezes os pais deixam de comprar algo ou de levar a criança em determinados locais por causa do dinheiro que elas gastaram com jogos. “Mas isso é feito de forma respeitosa, para a criança entender que o dinheiro que gastou já estava destinado para ser usado em outras situações”.

"Quitei e ele voltou a se endividar", diz advogada e mãe de estudante

Um estudante de Medicina, de 24 anos, se viu diante de uma dívida de cerca de R$ 10 mil, adquirida com jogos em cassino on-line.

A primeira dívida, os pais pagaram, sob a garantia de que o problema não voltaria a acontecer, como contou a mãe do jovem, uma advogada de 51 anos, à reportagem de A Tribuna.

Só que a promessa não foi cumprida e, 20 dias depois, ele se viu novamente atolado em uma nova dívida. Desta vez, de R$ 5 mil.

Diferente da primeira vez, os pais decidiram não pagar. Deram uma missão para o filho de gerenciar os aluguéis de uma casa de veraneio em troca de comissões até quitar a dívida.

A Tribuna - Com quantos anos seu filho começou a jogar?

Advogada - Ele começou a jogar com 14 anos. Eram jogos on-line, mas sem nenhum cunho comercial, nada de dinheiro. Era um jogo altamente viciante. Os anos foram passando e ele continuou.

Os jogos atrapalhavam muito as tarefas cotidianas, eram campeonatos. Ele deixava até de se alimentar, de estudar, deixou de se socializar com amigos em função do jogo. À época, buscamos ajuda médica e psicológica para que ele diminuísse o ritmo dos jogos.

- Quanto tempo ele ficava jogando?

Se deixasse, ficava oito, nove horas por dia. O tempo livre que tinha era jogando. Realmente é algo viciante. Eu tive que colocar outras atividades, coisas lúdicas, atividades extras para ele diminuir o ritmo.

- Diminuiu?

Diminuiu, mas nunca parou, até que veio o prejuízo financeiro. Aos 19 anos, ele começou a namorar, deu uma amenizada, mas nos momentos livre, voltava para o jogo.

- Com que dinheiro ele pagava os jogos?

Inicialmente, mesada. Por mês, ele recebia R$ 1 mil, que era para custear algumas despesas, como alimentação e momentos de lazer.

- E a dívida, como vocês descobriram?

Foi em abril deste ano. Ele usou toda a mesada e pediu mais dinheiro. Adiantei a mesada e mesmo assim não foi suficiente. Em três dias, foi a mesada toda e ele veio se abrir comigo, disse que estava altamente viciado.

- O que ele disse?

Ele contou que começou a jogar no início do ano em apostas em cassino on-line. Ele admitiu que jogar libera um neurotransmissor chamado dopamina, mas revelou que estava entrando em depressão.

Meu filho contou que fez um cartão de crédito que liberava até R$ 1 mil por mês e quando ele viu, em menos de dois meses estava atolado em uma dívida de R$ 10 mil.

O jogo é viciante, permite ganhar no começo, mas é feito para perder depois. Foi ali que o meu filho se desesperou.

- O que tem feito para ajudá-lo?

Apoio. Recorri à terapia, acompanhamento com psiquiatra, psicólogos, peguei licença do trabalho para ajudar no tratamento dele. É o último ano de faculdade.

Ele disse que estava muito mal e me pediu ajuda para saldar as dívidas e virar a página.

- Quitou a dívida?

Sim, em julho. Ele diminuiu nos jogos e prometeu que não entraria mais no cassino on-line, só que infelizmente não durou 20 dias. Fez dívida de novo. Mais R$ 5 mil. Eu fiquei muito revoltada e dei uma surra de cinto. Cheguei no auge do desespero de mãe.

- Pagou novamente a dívida?

Não quitei. Agora, o pai dele o colocou para trabalhar, tomar conta dos aluguéis de veraneio da nossa casa de praia. Ele controla tudo pelo celular e com parte do dinheiro que arrecada, vai abatendo a dívida.

- Ele concordou? Parou de jogar?

Ele está bem tranquilo. No cassino on-line, eu acredito que ele tenha parado, espero que tenha parado. Mas nos outros jogos on-line ele continua, mas eles não trazem prejuízo financeiro.

A minha preocupação é que ele, no futuro, gaste o dinheiro que irá ganhar na profissão com apostas. Farei de tudo para ajudá-lo a se libertar desse vício. No fundo, acho que ele se envergonha um pouco, é uma sensação de fracasso, imagino eu. É um drama, é um fantasma perseguindo a gente.

- Antes, como ele era?

Ele sempre foi um menino muito bom, inteligente. Gostava de sair, era muito sociável, risonho, brincalhão, mas se tornou um jogador compulsivo. A sensação que eu tenho é de impotência.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: