"Nunca é tarde para despertar o amor pela leitura", diz especialista
Nunca é tarde para começar a ler e descobrir os benefícios da leitura para a mente e as relações

Falta de tempo, condições de estudo, recursos ou oportunidades são algumas das justificativas que a biblioterapeuta Carla Souza já escutou de pessoas que não cultivaram cedo o hábito de ler. Mas nunca é tarde para começar, destaca.
“Defendo que nunca é tarde para despertar o amor pela leitura. Conheço muitos que começaram a ter uma relação mais profunda com a leitura apenas depois de adultos”, destaca.
Ela conta que ouve com frequência o argumento de que não há tempo para ler. Sua resposta é uma frase do escritor e teórico Daniel Pennac, de quem é fã: “Ele diz assim 'tempo para ler é como tempo para amar, é sempre um tempo roubado'. Precisamos roubar um tempinho da nossa rotina para ler, nem que seja 10 ou 20 minutinhos”.
Como biblioterapeuta, Carla lembra que gêneros diferentes despertam reações distintas e que é bom experimentar o que funciona para cada um.
A neuropsicóloga Márcia Mapurunga acrescenta que cada tipo de conteúdo gera benefícios específicos, pois ativa áreas diferentes do cérebro.
“A ficção favorece o desenvolvimento da criatividade e flexibilidade, a partir da imersão no mundo dos personagens e diversas situações imaginárias”.
Já a poesia, explica, estimula a sensibilidade e a inteligência emocional. “A leitura informativa estimula a análise crítica de dados, argumentos e evidências, aprimorando as habilidades de raciocínio, interpretação e comunicação”.
Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia no Espírito Santo, Daniela Barbieri acrescenta: “A depressão é menos frequente em pessoas idosas que leem regularmente, principalmente se o consumo de livros for maior”.
Investimentos
Professor da Universidade Federal do Espírito Santo e coordenador do programa ReLer & Fazer, Orlando Lopes explica que a leitura desenvolve consciência histórica e precisa de mais investimentos.
“Nós temos programas de extensão na Ufes. Somos ativistas tentando aumentar a quantidade de leitores. Existem iniciativas, principalmente do poder público no Brasil, de estímulo à formação de leitores. São louváveis, mas é preciso investir mais e buscar metodologias, olhar por outros ângulos”, destaca Orlando Lopes.
Dicas para criar o hábito
Comece pequeno
Especialistas recomendam iniciar com textos curtos, como contos, crônicas e poesias.
Opte por autores contemporâneos
Clássicos são valiosos, mas nem sempre acessíveis para quem não tem o hábito. Escritores contemporâneos costumam ter uma linguagem mais próxima do cotidiano e isso ajuda.
Aproveite o tempo livre
Bastam 10 minutos por dia para criar o hábito. Troque parte do tempo no celular por algumas páginas. Ou aproveite iniciativas como a Biblioteca Transcol.
Ler pode (e deve) ser compartilhado
Clubes de leitura ajudam a manter o hábito e aprofundar experiências. No Espírito Santo, há grupos como o Leia Mulheres, voltado para obras escritas por mulheres, e o Clube do Livro Espírito Santo com encontros temáticos, como livros de suspense.
Experimente gêneros diferentes
Não é por que um livro está em listas de mais vendidos que ele vai te agradar. Teste diferentes estilos – de biografias de esportistas a histórias em quadrinhos japonesas. O melhor livro é aquele que desperta seu interesse.
Cuide da saúde para continuar lendo
A leitura faz bem em qualquer idade, mas desconfortos físicos, como visão comprometida, podem afastar leitores, especialmente os mais velhos. Consultas regulares ao oftalmologista, uso de óculos ou lupas são medidas que ajudam a manter o prazer da leitura.
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