Mulheres no ES consomem mais álcool que a média nacional
Pesquisa aponta ainda que uma a cada cinco delas bebeu em excesso nos últimos 30 dias. Especialistas alertam para riscos
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O Carnaval já chegou ao fim, mas especialistas continuam chamando a atenção para os riscos do consumo excessivo de álcool.
No Espírito Santo, pesquisas apontam que o uso abusivo supera a média nacional. Entre as mulheres, além de superarem a média brasileira, o consumo tem avançado nos últimos anos. Uma a cada cinco admite que bebeu em excesso nos últimos 30 dias.
A pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, apontou que em 2019 12,9% das mulheres haviam feito consumo abusivo (mais de quatro doses). Já em 2023, o percentual saltou para 18%.
No caso dos homens, apesar de ainda ser maior (29,2%), o percentual tem se mantido estável nos últimos 10 anos. Os dados do Vigitel são coletados nas capitais, sendo no caso do Estado, em Vitória.
A socióloga e coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), Mariana Thibes, destacou que a análise dos últimos 10 anos confirma a tendência de aumento do consumo abusivo entre mulheres.
“Apesar do aumento ter relação com a questão social, de busca por igualdade de comportamento, existe uma preocupação biológica com relação a esse aumento. Em geral, mulheres têm menor capacidade de metabolizar o álcool”.
A coordenadora do Cisa reforçou que, a longo prazo, o consumo abusivo aumenta riscos de doenças como câncer de mama.
A hepatologista e gastroenterologista pela USP Karoline Loureiro Amancio explicou que, do ponto de vista biológico, as mulheres são metabolicamente menos tolerantes ao álcool do que homens.
“Um dos fatores é a maior proporção de tecido gorduroso e menor de água no corpo das mulheres, que faz com que o álcool fique concentrado, intensificando os efeitos. Além disso, há menor concentração nelas de desidrogenase alcoólica, enzima responsável pela metabolização do álcool”.
O coordenador do programa de transplante de fígado do Hospital Evangélico de Vila Velha, Francisco Nolasco, reforçou a necessidade de moderação, tanto para homens quanto para mulheres.
“É preciso evitar misturar bebidas alcoólicas, lembrar de se alimentar e ingerir bastante água. Além disso, lembrar que, se beber, não dirija”.
Espírito Santo é líder em mortes por uso de bebida
Além de superar a média brasileira com relação ao consumo abusivo de álcool, o Espírito Santo se destaca em um indicador preocupante: mortes por causa do álcool.
Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), o Espírito Santo lidera o ranking do País com relação às mortes atribuíveis ao álcool. São 42,9 por 100 mil habitantes, seguido pelo Paraná, com 40,4. O índice nacional é 32,4 mortes.
A socióloga e coordenadora do Cisa, Mariana Thibes, explicou que o levantamento considera dados do DataSUS.
Entre as causas que lideram as mortes no Estado, ela apontou os transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool, seguido de acidente de trânsito, cirrose hepática e violência interpessoal.
Ela acrescentou uma preocupação ainda maior com riscos nos últimos meses, com consumo maior desde as festas de fim de ano até o período de Carnaval.
A hepatologista e gastroenterologista pela USP Karoline Loureiro Amancio enfatizou que o álcool ainda é a principal substância de abuso no Brasil.
Também é a que mais se associa com mortes e agravos relacionados, como distúrbios hepáticos (hepatite, cirrose e câncer de fígado), infarto e AVC, mentais e comportamentais, incluindo a dependência, além de lesões resultantes de violência e de acidentes de trânsito.
“Não existe dose segura de álcool e essa conscientização é fundamental para que possamos reduzir seus danos”, explicou.
Fique por dentro
O que é o consumo abusivo?
É a ingestão de cinco ou mais doses (homens) ou quatro ou mais doses (mulheres) em uma única ocasião, pelo menos uma vez no último mês.
Uma dose corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose (shot) de destilado.
Misturas perigosas
1 Álcool e energético
A psiquiatra e pesquisadora Olivia Pozzolo aponta que efeitos estimulantes dos energéticos mascaram os depressores do álcool. A cafeína aumenta a euforia e reduz a sensação de embriaguez.
2 Álcool e remédios
A interação pode produzir diversos efeitos, dificultando o efeito da medicação, causando descontrole de doenças pré-existentes, acentuando os efeitos da bebida alcoólica ou desencadeando uma reação inesperada, podendo até levar à morte.
3 Álcool e direção
Alterações cognitivas e motoras ocorrem mesmo que não sejam percebidas pelo condutor.
4 Álcool e ambiente aquático
O álcool diminui a capacidade de discernimento quanto à segurança.
5 Álcool e substâncias ilícitas
O uso simultâneo de álcool e maconha pode sobrepor e potencializar os efeitos de ambas substâncias. Quanto à cocaína, pode levar a um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial.
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