"Mesmo com dor, em nenhum momento foi agressivo", diz veterinário sobre Churros
CPI ouviu testemunhas do caso do cachorro morto por policial em Guarapari nesta quarta. Suspeito foi notificado, mas não compareceu
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A sessão da CPI dos Maus Tratos Contra os Animais da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (ALES) sobre o caso do cachorro assassinado em Guarapari aconteceu na noite desta quarta-feira (13) sem a presença do principal suspeito. Anderson Carlos Teixeira, subtenente da Polícia Militar de Minas Gerais, foi notificado para prestar depoimento — mas não compareceu.
Durante a sessão, foram ouvidas as versões dos tutores dos animais, de uma testemunha e também do veterinário que atendeu o animal da raça Golden Retriever após o crime.
A empresária e influencer Iasmin Lima Peçanha Avelar, de 32 anos, foi a primeira a ser ouvida. Ela levava Churros para passear juntamente com o marido, sua filha de 1 ano e seus dois irmãos, de 12 e 9 anos de idade, quando o encontro com o policial aconteceu.
“Estava na hora de levar ele passear. Como o quarteirão é bem deserto, ele tinha o costume de ir solto. Fomos dar a volta com as crianças e no meio do caminho a única pessoa que apareceu foi o policial. O cachorro foi na direção dele e na hora que ele se assustou, levou os braços pra cima. Aí o cachorro também se assustou e começou a latir grosso. O cachorro voltou a pular no policial, mas sem encostar nele", explicou a tutora.
Nas imagens divulgadas pela CPI durante a sessão, é possível ver o momento em que o encontro aconteceu. Anderson Carlos atravessa a rua e, então, Churros vai até ele, dá um pequeno pulo e retorna em direção aos tutores. O policial mineiro se assusta e vai atrás do cachorro, que volta e se aproxima dele novamente.
Nesse momento, segundo os tutores e a testemunha ouvida pela CPI, o policial teria dito "eu vou matar esse cachorro". As gravações mostram Anderson Carlos sacando a arma e atirando em direção ao animal, que sai cambaleando já ferido acompanhado dos tutores que seguem em direção à casa que residem na Praia do Morro.
Iasmin contou que, mesmo após o tiro, o policial seguiu apontando a arma em direção ao animal e à família. "O churros já tinha saído de perto dele e estava perto do meu irmão de 9 anos. Ele mirou para acertar e o tiro ser certeiro. O churros começou a pular e a chorar que nem um doido, as crianças não viram o sangue na hora. Em momento nenhum ele abaixou a arma, ele ficou com a arma apontada intimidando. O meu medo era ele atirar novamente", contou.
Ao fim da sessão, a presidente da CPI, deputada Janete de Sá, solicitou que o suspeito seja novamente intimado a comparecer. A próxima sessão da CPI dos Maus Tratos aos Animais está marcada para a próxima terça-feira (19), às 18h30.
Dor da perda e trauma para a família
Durante os seus depoimentos, Iasmin Lima e o seu pai, André Luiz, se emocionaram ao falar sobre a falta que o cachorro tem feito na casa da família. "Aquela casa não é a mesma coisa sem a alegria do Churros, as crianças estão numa tristeza", disse Iasmin.
André Luiz, que também era tutor do cachorro, contou que o filho de 20 anos, que tem autismo, apresentou regresso no seu estado de saúde após a perda do animal de estimação. Ele não presenciou o crime, mas viu o cachorro ferido e o levou até a clínica veterinária.
"O [filho] João não sai do quarto, não toma banho, não come. Só dorme com a coleira do cachorro na mão. Ele regrediu quatro anos em três dias. Os pequenos assimilam o que aconteceu, mas pra ele o mundo acabou. Na hora que eu dei a notícia, parece que ele morreu junto com o cachorro", desabafou o pai.
“Quem faz com os animais, tem enorme propensão de fazer com as pessoas. Ninguém é obrigado a amar os animais como amamos, mas respeitar sim. Sobretudo um servidor público Deputado Fred Costa, durante a CPI
Testemunhas
Uma testemunha foi ouvida durante a sessão. Um jovem, morador da rua onde o crime aconteceu, relatou que ouviu o policial fazer a ameaça e disparar o tiro contra o cachorro. Ele confirmou que ouviu o subtenente dizer "eu vou matar o seu cachorro".
Em seguida, o veterinário que atendeu Churros na clínica veterinária após o crime prestou o seu depoimento. Segundo dele, o Golden Retriever chegou ao local pálido, perdendo muito sangue — mas ainda alerta. O animal recebeu os primeiros atendimentos e foi levado para a sala de cirurgia, mas não resistiu aos procedimentos. Em sua fala, o veterinário destacou o perfil dócil de Churros. "Mesmo com dor, em nenhum momento ele foi agressivo, nem veio me atacar", declarou.
Relembre o caso
Anderson Carlos Teixeira, subtenente da Polícia Militar de Minas Gerais, foi preso em Guarapari no final da noite de sábado (9), após atirar e matar Churros, que passeava com a família pela rua na Praia do Morro. Três crianças presenciaram o crime.
O cachorro chegou a ser socorrido pela família, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com a clínica veterinária, a bala atravessou o corpo do cachorro, atingido os pulmões, diafragma, estômago e baço.
A polícia foi acionada e ao ser questionado, Anderson Carlos confessou o crime. Ele foi liberado da prisão para responder ao processo em liberdade. No momento do crime, o cachorro estava sem a coleira. A tutora afirma que o animal latiu e pulou no policial, que se assustou, atirou duas vezes, e foi embora sem prestar socorro.
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