Médicos voluntários fazem cirurgias em crianças com doenças raras no ES
Duas crianças do Norte do Estado, que tinham doenças raras, foram operadas por equipe que percorre o País para ajudar pacientes
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Toda mãe deseja que seu filho seja feliz e tenha qualidade de vida. O destino nem sempre colabora, mas há pessoas tentando ajudar. Um grupo de médicos tem se voluntariado pelo Brasil atendendo crianças. Na sexta-feira e ontem, eles realizaram duas cirurgias inéditas no Estado.
O grupo é liderado pelo cirurgião pediátrico aposentado José Carnevale, de 89 anos. Ele explica que o grupo recebe pelas cirurgias e arca com os próprios custos de passagem e hospedagem.
“Cada um está vindo operar às suas próprias custas. O que me move é a medicina, é meu hobby”, diz Carnevale.
Mas para realizá-las, utilizam a estrutura hospitalar dos locais onde vão. Neste caso, do Vitória Apart Hospital. Até o momento, o grupo já realizou mais de 140 cirurgias no Brasil.
As crianças que sua equipe operou eram do Norte do Estado. Uma delas, de Colatina, tem um ano e possui extrofia de cloaca. Segundo os médicos, trata-se de uma doença rara que atinge uma criança a cada 400 mil nascidos vivos.
“Um defeito congênito raro em que o intestino, a bexiga e os órgãos reprodutivos ficam expostos fora do corpo, através de uma abertura abdominal”, ressalta Antônio Amarante, um dos médicos.
O outro menino, de Linhares, foi operado ontem, tem cinco meses e possui extrofia de bexiga.
“A bexiga fica exposta no exterior do corpo. No caso desse bebê, essa condição envolve o trato urinário, os órgãos genitais e os ossos pélvicos”, explica o cirurgião Jovelino Leão, adicionando que acomete uma a cada 50 mil crianças.

Isabela Quintaes foi a única capixaba que integrou e a responsável por coordenar a equipe local envolvida na cirurgia. Ela destaca que além dos cirurgiões é preciso toda uma equipe multidisciplinar.
“Estamos diante de um marco para a medicina no Espírito Santo. Temos que lembrar que este procedimento também abre caminho para que outros pacientes do Espírito Santo, portadores de patologias complexas e que necessitem desse tipo de tratamento possam ter a realização aqui no estado”.
A previsão é que as crianças fiquem uma semana na Unidade de Terapia Intensiva do Vitória Apart Hospital e permaneçam internadas por umas duas ou três semanas.
“São crianças que vão ficar em torno de três dias completamente sedadas, cinco dias intubadas, e mais ou menos uma semana de UTI. Após isso, permanecem 15 dias internadas no hospital. É uma recuperação bem difícil e bem complexa”, destaca Augusto Filho.
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