Mais de 84 mil não têm o que comer todo dia no ES, diz IBGE
Insegurança alimentar grave atinge 2,2% da população capixaba, apesar da redução de pessoas nos últimos 5 anos nessa condição
Escute essa reportagem
O Espírito Santo tem hoje 84.300 pessoas vivendo com insegurança alimentar grave, ou seja, sem ter o que comer todos os dias. O número representa uma parcela de 2,2% da população do Estado, hoje estimada em aproximadamente 3,8 milhões.
A insegurança alimentar – por privação severa no consumo de alimentos – atinge ao todo 20,8% da população capixaba, aproximadamente 790 mil – sendo 2,9% de grau moderado e 15,7% leve.
Os dados, referentes ao ano de 2023, são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua: Segurança Alimentar, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Brasil, são 8,6 milhões de pessoas vivendo com insegurança alimentar grave. O número representa uma parcela de 4% da população, estimada em 216,1 milhões.
Considerando algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave), o número chega a quase 64,2 milhões de pessoas. A escala utilizada pelo levantamento contabiliza desde endereços com incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro até os casos mais extremos, de locais já afetados pela fome.
Segundo o estudo, o Norte é a região com maior proporção de domicílios com pessoas passando por algum tipo de insegurança alimentar. Ao todo, são 7,7% de domicílios nessa situação.
Em seguida, vem o Nordeste, com 6,2% de casas sem pleno acesso à alimentação. Na sequência, aparecem o Centro-Oeste (3,6%), Sudeste (2,9%) e Sul (2%).
A boa notícia é que, segundo o levantamento, o número de pessoas nessa condição diminuiu nos últimos cinco anos.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), com dados de 2018, indicou que, à época, 10,3 milhões de brasileiros estavam nessa situação. Em 2013, 7,2 milhões viviam sem ter o que comer todos os dias.
André Martins, analista do IBGE, associou a redução da insegurança alimentar na Pnad 2023, ante a POF 2017-2018, a fatores como a recuperação do mercado de trabalho e a ampliação de programas sociais.
Outro possível impacto, segundo o pesquisador, veio da deflação (queda dos preços) dos alimentos. “A recuperação que a gente vê em outros indicadores vai se refletir no acesso aos alimentos”, disse.
O rendimento teria sido impulsionado pela melhora do mercado de trabalho e ampliação do Bolsa Família – programa do governo federal.
Os números- 8,6 milhões no País não têm o que comer
- 84.300 em insegurança alimentar grave no Espírito Santo
Entenda
3 tipos de insegurança alimentar
- Segurança alimentar
O IBGE classifica a segurança alimentar como sendo o acesso pleno e regular aos alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.
Já a insegurança alimentar é classificada em três níveis – leve, moderada e grave – da seguinte maneira:
- Insegurança alimentar leve
Quando há preocupação com o acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentação consumida.
- Insegurança alimentar moderada
Quando os moradores, sobretudo os adultos da família, passaram a conviver com a restrição quantitativa de alimentos.
- Insegurança alimentar grave
Quando há redução quantitativa de alimentos também entre as crianças, ou seja, todos os moradores do domicílio passaram por privação severa no consumo de alimentos, podendo chegar à sua expressão mais aguda, a fome.
Fonte: Pnad.
Comentários