Justiça afasta pastor de igreja na Praia do Canto
Decisão aponta “divergências inaceitáveis” com a doutrina Batista como motivo para o afastamento
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Uma decisão judicial determinou que o pastor Usiel Carneiro de Souza, da Igreja Batista da Praia do Canto, em Vitória, se afaste da instituição e entregue as chaves do local, mantendo todos os documentos de gestão, em até 48 horas.
A decisão, publicada na última sexta-feira, aponta “divergências inaceitáveis” com a doutrina Batista como motivo para a sentença.
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Além do afastamento, a decisão impede que o pastor Usiel Carneiro de Souza realize desligamento de membros da igreja e faça reforma do estatuto ou de quaisquer outros documentos.
Junto aos registros de gestão, o pastor deve entregar dados contábeis e senhas de todas as contas bancárias da igreja.
A sentença não detalha quais são as divergências apontadas na decisão, mas diz que elas foram reconhecidas pelo Concílio Decisório, instância formada por 15 pastores que avalia divergências doutrinárias entre os membros da igreja.
Caso a decisão não seja cumprida dentro do prazo determinado, haverá multa diária de R$ 5 mil por cada ato praticado em descumprimento à sentença. Há, contudo, um prazo de 15 dias para a contestação da ação.
O membro da Igreja Batista da Praia do Canto Jairo Peçanha explicou que o pastor estava “mudando os rumos das doutrinas batistas”.
“A membresia foi saindo, descontente com o encaminhamento que ele estava dando”, contou.
Outro membro da Igreja Batista da Praia do Canto, que preferiu não se identificar, contou que o pastor foi notificado pela Convenção Batista de que estaria proibido de realizar modificação no estatuto da igreja. Depois, ele teria pedido desligamento da ordem dos pastores batistas. Ele explica:
“Foi pedido para que ele cumprisse as diretrizes da Igreja Batista. Durante o momento de mudança do pastoreio, a Convenção Batista irá fazer a gestão da igreja”. Procurado pela reportagem, o pastor disse que vai recorrer.
Religioso afirma que não há provas das acusações
O pastor Usiel Carneiro de Souza, de 60 anos, afirmou para a reportagem que vai recorrer da liminar. De acordo com ele, a Igreja Batista tem uma forma democrática de gestão, na qual as decisões são tomadas por um conselho formado por 10 membros. “Nenhuma decisão é unilateral”, destaca.
“Sou acusado por um grupo de ter praticado 'desvio doutrinário', sem que tenha sido apontado ou provado qual é esse desvio que eu teria cometido”, afirma Usiel.
O pastor afirma ainda que no processo é chamado de “ex-pastor” pela acusação, mas que voluntariamente pediu seu desligamento da Ordem dos Pastores Batistas do Espírito Santo em junho do ano passado. “Entretanto, quem ordena os pastores é a instituição Igreja Batista. Continuo sendo pastor”.
Segundo Usiel, ele não fica com as chaves da igreja. “Já entreguei as chaves da minha sala ao oficial de Justiça. É solicitado que eu entregue senhas de contas. Estruturalmente, não movimento despesas. Só mostra o total desconhecimento de quem moveu esta ação, que se arrasta há dois anos”.
Para o pastor, sua postura é que incomoda alguns membros da igreja. “Eu me considero de orientação democrática, de esquerda, apesar de não abraçar nenhum partido. Defendo o direito de pessoas de todas as orientações sexuais a terem sua vida conjugal. Não é questão de fé. É questão social e patrimonial”, afirma.
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