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Cidades

Famílias publicam livros para contar suas histórias

Editoras contam que, após a pandemia, aumentou a procura de grupos familiares em busca de produzir as publicações


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Imagem ilustrativa da imagem Famílias publicam livros para contar suas histórias
Carlos José Vieira desvendou a história da sua família, desde 1750 até os dias de hoje, e lançou um livro |  Foto: Kadidja Fernandes/ AT

Uma conversa com os anciãos da família desperta nostalgia, revela segredos e facilita a compreensão do passado. Essas respeitadas figuras familiares cada vez mais mergulham no passado e transmitem valores para as futuras gerações. Tanto que, no Estado, famílias publicam livros para contar suas histórias e preservar a memória familiar.

O aumento do interesse em publicar livros com histórias familiares é percebido, ao longo dos últimos anos, pela editora-executiva da Editora Formar, Camila Gava Folli Carvalho.

Para ela, a pandemia foi um marcador importante na valorização da história familiar.

“O mais interessante é que constatamos que, após a pandemia, essa procura se tornou mais latente, pois houve um crescente apego emocional à família, à valorização das trajetórias e às lembranças dos parentes”.

Os benefícios do registro da memória familiar são apontados pela psicóloga Monique Nogueira. “A preservação das memórias familiares é crucial na construção de uma identidade coletiva e no fortalecimento dos laços entre os membros da família”.

Entre os exemplos de capixabas que aderiram à publicação de livros que honram a memória da família está o aposentado Carlos José Vieira, de 75 anos.

A busca por conhecer as origens dos Vieira começou como uma homenagem ao pai do aposentado, que tinha o sonho de conhecer a própria origem. Um processo de pesquisa de 10 anos em cartórios, igrejas e jornais do Brasil e de Portugal culminou no livro “Família José Vieira: De Ramalde a São José do Calçado”, lançado em 2023.

Com a pesquisa, o aposentado descobriu que a família é oriunda de Santiago de Compostela, na Espanha, e se radicou na cidade do Porto, em Portugal, antes de vir ao Brasil. Para ele, o trabalho de anos é uma honra à memória do pai.

“O livro foi uma homenagem ao nosso pai, que pouco conhecia sobre a família dele. Minha irmã, meu filho e eu levantamos essa história. Com base em documentos de cartórios, conseguimos desvendar a história da nossa família, desde 1750 até os dias de hoje”.

Carlos José Vieira defende a importância da publicação do livro para o seus descendentes. “A importância do nosso trabalho é, além de conhecer a trajetória da nossa família, de seus membros e da vida deles, construir um documento importante para as futuras gerações que tenham interesse no conhecimento e nos documentos familiares”.

Livros fortalecem cultura familiar

Os livros com histórias familiares se tornam um importante documento histórico para as pesquisas sobre os antepassados. Muitas vezes, hábitos culinários, expressões idiomáticas e crenças populares fazem parte de uma herança cultural que os livros podem ajudar a documentar, a explicar e a perpetuar entre gerações mais novas.

Quem defende a transmissão da cultura familiar pela publicação de livros é a editora-executiva da Editora Formar, Camila Gava Folli Carvalho.

“Livros registram e eternizam a história e as trajetórias e experiências das famílias para gerações futuras. Eles são fontes de fortalecimento de laços com familiares, e, muitas vezes, transmitem lições valiosas que foram aprendidas pelas gerações anteriores, além de ajudar a manter viva as culturas e as tradições”.

A publicação dos livros familiares resgata, até mesmo, informações sobre os povos originários do Espírito Santo, conta a editora-executiva da Editora Formar.

“Ao longo do processo de publicação percebemos quão ricas são as histórias. Algumas vezes, elas chegam a resgatar fatos e informações relacionadas aos povos originários. Isso contribui para o desenvolvimento da nossa literatura e para a pesquisa de estudantes, por exemplo”.

As histórias familiares, transmitidas de geração em geração, não apenas mantêm viva a memória dos antepassados, mas também oferecem um sentido de continuidade e pertencimento, analisa a psicóloga Monique Nogueira.

“Quando compartilhadas, essas narrativas podem fomentar a empatia e a compreensão mútua, promovendo um ambiente de respeito e solidariedade”.


Saiba mais

Pesquisas pela internet

- Internet

Buscas na internet podem ajudar a revelar algumas informações sobre histórias familiares. Sites de referência, como o “Projetos Imigrantes”, do Acervo Público do Estado do Espírito Santo (Apees), disponível em imigrantes.es.gov.br, oferecem informações sobre imigrantes que chegaram ao Espírito Santo, por exemplo.

É possível, ainda, criar uma conta em sites de genealogia, que cruzam dados de usuários e sugerem parentescos. Na plataforma MyHeritage, por exemplo, o usuário faz a árvore genealógica e pode conhecer antepassados em comum com outros usuários de todo o Brasil.

- Arquivo Nacional

O Arquivo Nacional do Rio de Janeiro possui o maior banco de dados com listas de imigrantes que chegaram ao Brasil entre 1875 e 1910. A pesquisa pode iniciar pelo Sistema de Informações do Arquivo Nacional, no site sian.an.gov.br.

- Acervo Público

O Acervo Público do Espírito Santo auxilia os capixabas a localizarem documentos necessários para a obtenção da dupla-cidadania, para a formulação de árvore genealógica e para o resgate da história familiar.

Para mais informações sobre como iniciar o processo de busca, acesse ape.es.gov.br.

Fonte: Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Acervo Público do Estado do Espírito Santo (Apees) e MyHeritage.

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