Mudanças climáticas agravam doenças e preocupam médicos
Médicos já estão preocupados com o aumento de problemas respiratórios, mentais e infecciosos nos próximos anos
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A crise climática global demonstra, mais do que nunca, que é um dos maiores desafios da humanidade para as próximas décadas. Com a intensificação dos eventos climáticos extremos, cresce a preocupação de médicos sobre os efeitos desses fenômenos na saúde.
Os riscos associados às mudanças climáticas na saúde humana incluem, por exemplo, o aumento de doenças respiratórias, da propagação de doenças infecciosas, de doenças de veiculação hídrica, como a leptospirose, as hepatites virais e as doenças diarreicas, e de doenças mentais, alertam especialistas.
O doutor em doenças infecciosas e professor da Emescam Lauro Ferreira Pinto revelou que a preocupação com os efeitos das mudanças climáticas é sustentada por estudos que já relacionam o fenômeno ao aumento de complicações na saúde.
“Isso causa uma série de problemas, com riscos como ataques cardíacos, infarto, arritmia, doenças respiratórias, doenças renais, complicações da gravidez e piora nos quadros de ansiedade e de depressão. Existem estudos que atribuem até aumento de suicídio e aumento de violência relacionada a ondas de calor”, diz.
Com o aumento das queimadas e as mudanças bruscas na temperatura, o sistema respiratório pode ser um dos mais afetados, alerta a pneumologista Cilea Victoria Martins.
“Quando a temperatura muda bruscamente, nosso nariz fica ressecado, não filtra o ar e acaba acumulando poluentes, vírus e bactérias na mucosa. Dependendo da imunidade do organismo, esse processo pode provocar viroses, resfriados, crises alérgicas, pneumonia, crises de asma e, até mesmo, enfisema pulmonar”.
Já o impacto dos fatores ambientais sobre a saúde cardiovascular e potencial contribuição no desenvolvimento de tais doenças têm sido cada vez mais estudado principalmente pela possibilidade da criação e adoção de medidas preventivas, explica a cardiologista Daniella Motta da Costa Dan.
“Temperaturas elevadas foram associadas a um maior risco cardiovascular, principalmente em situações de variação térmica abrupta. Há, também, associações prejudiciais entre o tempo frio e as mortes por doenças cardíacas. As variações adaptativas, como a elevação da pressão, e as infecções respiratórias aumentam o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares”.
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Efeitos
Riscos associados às mudanças climáticas na saúde humana já são estudados por cientistas.
Doenças respiratórias
Com o aumento das queimadas de biomas brasileiros, da queima de combustíveis fósseis e da frequência de mudanças bruscas de temperatura, doenças respiratórias, como a asma, por exemplo, serão mais comuns.
Doenças infecciosas
As mudanças climáticas intensificam a propagação de doenças transmitidas por vetores, como a dengue, a malária, a leishmaniose e outras arboviroses, ou seja, doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos.
Doenças de veiculação hídrica
O aumento da frequência de enchentes favorece a transmissão de doenças de veiculação hídrica, como a leptospirose, as hepatites virais e as doenças diarreicas.
Complicações da gravidez
Estudos demonstram que mulheres grávidas expostas a altas temperaturas ou à poluição do ar são mais vulneráveis a ter filhos prematuros e com baixo peso. Essa consequência facilita, até mesmo, o risco de mortalidade infantil.
Saúde mental
Quadros de ansiedade e de depressão podem se agravar por efeitos das mudanças climáticas na estabilidade emocional e psicológica. Estudos já atribuem, até mesmo, o risco de aumento de suicídios.
Doenças cardiovasculares
A exposição às ondas de calor e aos poluentes atmosféricos aumenta o risco de morte por doenças cardíacas, apontam os especialistas.
Intervenções
A prevenção do colapso na saúde pública em razão da crise climática depende, principalmente, de ações dos governos e de acordos a nível internacional, mas médicos apontam possíveis cuidados individuais para reduzir os riscos à saúde.
Vacinação
Manter a vacinação em dia e se informar corretamente são medidas essenciais, que se tornam ainda mais importantes em razão da maior propagação de doenças por conta da crise climática. Especialistas saúde reiteram que as vacinas salvarão vidas.
Monitoramento
Tornar os check-ups médicos mais frequentes é uma medida preventiva para detectar precocemente doenças e, assim, evitar maiores complicações à saúde.
Proteção solar
Aumente a proteção solar durante os dias mais quentes, com reaplicação dos produtos conforme orientação médica. Mesmo em dias nublados e em ambientes fechados, é importante aplicar o protetor solar.
Hidratação
O consumo adequado de água, principalmente nos dias mais quentes, é essencial para evitar a desidratação. Com as ondas de calor, o corpo pode superaquecer, causando indisposição e sensação de tontura, por exemplo.
Atividade física
A prática regular de exercícios aeróbicos e de força fortalece a imunidade, condiciona o corpo e melhora a disposição nos dias mais frios e mais quentes.
A orientação médica é evitar os exercícios ao ar livre durante os horários mais quentes do dia, principalmente entre 10h e 16h. Durante as ondas de calor, é possível prolongar esse período: das 9h às 17h.
Alimentação
Opte por alimentos nutritivos, livres de ultraprocessamento. Consulte um nutricionista para obter uma alimentação individualizada, que aumente a imunidade e melhore a saúde, principalmente se houver diagnóstico de doenças como diabetes e hipertensão.
Cuidados mentais
Cuide de quadros de ansiedade, de depressão e de outros transtornos mentais com psicólogos e psiquiatras.
Fonte: Especialistas consultados.
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