Pedra nos rins atinge cada vez mais crianças, diz médico
Especialista explica que problema se deve a hábitos como o menor consumo de água e alimentação rica em sódio e açúcares
Escute essa reportagem
Dor intensa e aguda nas costas, muitas vezes incapacitante, que pode ser acompanhada de náuseas, sangue e dor para urinar. Esses são os sintomas comuns de uma cólica renal, causada pelos cálculos renais ou pedra nos rins.
Ainda que a doença tenha grande relação com a baixa ingestão de água e excesso de sal nos alimentos, ter uma dieta rica em açúcar aumenta o risco da formação de pedras nos rins, alerta o urologista Rodrigo Tristão. O médico ressalta ainda que cada vez mais as crianças têm sido atingidas pela doença.
Leia mais conteúdos do Fala, doutor aqui
“É importante destacar que diversos serviços de saúde têm relatado um aumento da frequência de cálculo renal em crianças, possivelmente devido ao estilo de vida moderno, que inclui uma alimentação rica em sódio, açúcares, e menor consumo de água. Estudos publicados anteriormente, inclusive, indicaram que a quantidade de crianças diagnosticadas com pedras nos rins triplicou nas últimas décadas”, destacou o médico urologista.
A Tribuna – O que são os cálculos renais ou pedra nos rins?
Rodrigo Tristão – São formações endurecidas que se constituem nos rins ou nas vias urinárias, resultantes do acúmulo de cristais existentes na urina.
Todo paciente com cálculo terá dor intensa? Quais sintomas que podem indicar a doença?
Os cálculos renais podem se manifestar de diversas maneiras. Cálculos renais não obstrutivos geralmente são assintomáticos.
Já a cólica renal é decorrente da obstrução da drenagem de urina proveniente do rim, causada pelo cálculo.
Algumas vezes, as manifestações clínicas são quadros de infecção urinária de repetição ou sangramento urinário.
Quais são os vilões das pedras nos rins?
Existem vários fatores predisponentes para a formação dos cálculos urinários, como predisposição genética (história familiar), baixa ingestão de líquidos, dieta rica em sódio e proteínas de origem animal, clima quente, exposição ao calor, sedentarismo, obesidade, alterações anatômicas, obstrução das vias urinarias, imobilização prolongada e presença de doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn.
Açúcar em excesso também pode levar à condição?
Há muito tempo há evidências de que o açúcar aumenta a quantidade de cálcio na urina e há várias razões pelas quais evitar o açúcar seria parte de uma dieta que encoraja a prevenção de cálculos renais. Um estudo recente norte-americano estabeleceu um risco aumentado em média de 39% em pacientes com dieta rica em açúcar.
A ingestão de açúcares também pode causar ganho de peso aumentado, que está associado à pressão alta, resistência à insulina, síndrome metabólica e diabetes, todos considerados fatores de risco para aumento das taxas de cálculos renais.
Estima-se que no verão os casos de cálculos aumentem. Por que isso acontece?
Durante o verão existe um aumento de cerca de 30% na incidência de cálculos renais. Isso acontece devido ao aumento da perda de líquido por meio do suor sem a hidratação adequada para supri-la. O ideal é consumir de 2 a 3 litros de água diariamente.
Quem mais está propenso a ter o cálculo? Crianças também podem ter?
Estima-se que uma em cada 10 pessoas no Brasil sofra de cálculo renal. Essa condição é mais comum entre adultos jovens, entre os 20 e 35 anos e mais frequente em homens.
Crianças também podem apresentar cálculos renais. A formação de cálculo nelas costuma estar mais associada a distúrbios metabólicos e ao histórico familiar.
É importante destacar que diversos serviços de saúde têm relatado um aumento da frequência de cálculo renal em crianças, possivelmente devido ao estilo de vida moderno, que inclui uma alimentação rica em sódio, açúcares, e menor consumo de água.
Quando a cirurgia para retirada da pedra é indicada?
Intervenções cirúrgicas para quadros de pedra nos rins são indicadas para pacientes que apresentem cálculos considerados grandes, geralmente maiores que 5 mm, ou para situações em geral onde o indivíduo não conseguiu expelir as pedras naturalmente, mesmo com o auxílio de medicamentos, e para os casos onde exista uma infecção urinária concomitante.
Há algum risco ao não tratar um cálculo renal?
Cálculos renais pequenos e assintomáticos podem ser apenas acompanhados, pois apresentam uma grande chance de eliminação espontânea.
Já os cálculos renais maiores e obstrutivos, caso não tratados, podem levar a sérios riscos com infecção urinária grave e até mesmo a perda da função renal.
Mais de 300 pedras
Uma jovem de 20 anos retirou mais de 300 pedras do rim em hospital de Taiwan. Segundo os médicos do Centro Médico Chi Mei em Tainan, na região sul de Taiwan, a mulher não gostava de tomar água e se hidratava, há anos, com chás açucarados, suco de frutas e bebidas alcoólicas.
A mulher procurou ajuda médica após ter febre intensa e dores na região da cintura. As pedras retiradas, por meio de uma cirurgia, variavam entre 0,5 e 2 centímetros.
Fique por dentro
Nos casos de uma pessoa apresentar cólica renal, é importante procurar um serviço de saúde para fazer o diagnóstico correto da causa relacionada à dor.
Uma vez formado o cálculo, não existem líquidos que possam dissolver a pedra. A ingestão de líquidos é importante para prevenção e ajuda na eliminação espontânea de pequenos cálculos.
Café, chás, bebidas alcoólicas e refrigerantes, quando consumidos frequentemente, podem levar à formação de cálculos. O café e os chás, especialmente os escuros, contém oxalato, um dos principais componentes dos cálculos.
Sentir vontade de tomar água é um sinal de alerta do organismo, que está ficando desidratado.
Distúrbios metabólicos - Conjunto de doenças que aumenta o risco de problemas cardiovasculares.
Concomitante - Existe ao mesmo tempo que a doença primária.
Os números
30% é o aumento de casos de pedra nos rins no verão
10% da população sofre com a doença no País
20 anos é a idade média de pessoas acometidas pela doença
MATÉRIAS RELACIONADAS:
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Comentários