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Fala Doutor

Cansaço e ansiedade podem ser confundidos com TDAH, diz neurologista

Para que diagnóstico do transtorno seja confirmado é preciso uma investigação dos sintomas, explica Ana Cláudia Andrade


Imagem ilustrativa da imagem Cansaço e ansiedade podem ser confundidos com TDAH, diz neurologista
Ana Cláudia Andrade diz que é feita uma entrevista clínica com o paciente |  Foto: Aquiles Brum

Pesquisadores identificaram em março deste ano uma menção ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em um texto médico holandês de 1753. De lá para cá, o TDAH, caracterizado por sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade, tem ganhado mais destaque.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, a condição afeta entre 5% e 8% da população mundial. Para que o diagnóstico seja confirmado é preciso investigação, já que cansaço e privação de sono podem ser confundidos com TDAH, conforme explicou a neurologista Ana Cláudia Andrade, pós-graduada em TDAH e autismo.

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“O cansaço, a privação de sono e o transtorno de ansiedade podem ser confundidos com o TDAH. Quando vamos fazer um diagnóstico, tudo isso precisamos levar em consideração. Temos de ver se esse paciente está em um processo de privação de sono, burnout, ou talvez ele precisa melhorar sua condição física ou rotina do sono”, explica a médica, que esteve no Estúdio Tribuna Online.

A Tribuna - TDAH é uma doença? Já nascemos ou podemos manifestar a condição na vida adulta?

Ana Cláudia Andrade - "Temos preferido abandonar o uso do termo doença e chamar de transtorno. Por ser considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, espera-se que desde a infância os sintomas já estejam presentes. Embora, hoje em dia, existe uma discussão mais atualizada no meio acadêmico de que o TDAH pode ser manifestado um pouco mais tarde.

A pessoa tem de ter manifestado alguns sintomas antes dos 12 anos de idade para ser considerado um Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade."

- Se não manifestei os sintomas até essa idade, depois não posso receber esse diagnóstico?

"Pode, o diagnóstico pode ser feito em qualquer idade. Mas a gente espera, pelo menos de acordo com os critérios atuais do DSM-5, que já tenha sintomas desde a infância. É possível que na infância os sintomas tenham sido negligenciados, camuflados ou tenham passado despercebidos, e na idade adulta ou no final da adolescência é que eles se tornam mais evidentes, vindo o diagnóstico mais tarde."

- É mais complexo diagnosticar TDAH em adultos ou em crianças?

"O diagnóstico é feito de uma forma semelhante em adultos e crianças. A gente faz uma entrevista clínica investigando os sintomas de déficit de atenção, os sintomas de impulsividade, de hiperatividade, tanto no adulto quanto na criança.

No adulto, o diagnóstico é mais desafiador, porque vem, às vezes, camuflado com outros sintomas. O adulto pode ter um TDAH associado a um transtorno de ansiedade, ou só um transtorno de ansiedade causando desatenção. Podemos ter uma depressão causando uma dificuldade de memória, que pode ser confundida com TDAH."

- Os sinais diferem entre adultos e crianças?

"Algumas crianças, por exemplo, ou adultos, podem ter só desatenção. Outros podem ter desatenção junto a hiperatividade. Nas crianças a gente vê com mais frequência uma hiperatividade. No adolescente e no adulto, os sintomas de hiperatividade vão ficando mais sutis, e começamos a observar mais a impulsividade, a disfunção executiva, que é a capacidade de planejar e resolver problemas."

- Como saber se estou só cansado ou tenho TDAH?

"Quando chega até a mim essa suspeita de TDAH, eu proponho uma mudança de rotina nos três primeiros meses. Quando fazemos essa mudança de rotina, em boa parte dos pacientes os sintomas já melhoram, não precisando medicar. No caso das crianças, proponho ter horário para dormir, acordar, para fazer as refeições do dia, exposição à luz solar, brincadeiras ao ar livre e diminuir a exposição às telas. Em muitos casos falta essa rotina, falta dormir bem."

- É possível tratar sem medicação?

"A gente tem duas linhas de tratamento para o TDAH: a terapia cognitivo-comportamental e o tratamento medicamentoso, para os pacientes que têm indicação de fazer esse tratamento.

Quando a gente faz os dois tratamentos juntos o resultado é ainda melhor. O TDAH está entre as condições na neurologia que melhor respondem ao tratamento com remédio."

- Quais implicações podem haver se não tratar o TDAH?

"Existem estudos mostrando que o adulto que não recebeu o diagnóstico adequado ou que mesmo que teve o diagnóstico e não fez o tratamento se envolve mais em acidente de trânsito, pela impulsividade. Eles têm mais dificuldade de manter relacionamentos, maior taxa de desemprego e estão mais propícios a se envolver com drogas, cigarro e álcool."


Parou de dirigir

A atriz e apresentadora Tatá Werneck, hoje com 40 anos, revelou em 2016 que tem TDAH. Ela, porém, preferiu não tratar, como contou na época em uma entrevista a um programa no Multishow, já que poderia perder sua capacidade de improviso, mas teve que parar de dirigir.

“Tenho um déficit de atenção muito sério. Já bati várias vezes. Na última, estava acompanhando o percurso de um passarinho e acertei uma van”, relatou na época.


Fique por dentro

Não existem exames para a identificação de transtornos mentais. O diagnóstico para TDAH é realizado de modo clínico, podendo contar com o suporte de escalas e testes específicos.

Os podem ser apresentados por qualquer indivíduo e em qualquer momento da vida, mas os primeiros sintomas geralmente são identificados entre crianças e adolescentes.

Nos transtornos do neurodesenvolvimento, o diagnóstico precoce é fundamental para o devido prognóstico e tratamento.

O tratamento deve sempre levar em conta o controle dos sintomas. Ele deve ser multifatorial, podendo combinar medicamentos, orientações a pais e professores e terapia cognitivo-comportamental.

Burnout - É um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema resultante de situações de trabalho.

DSM-5 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais feito pela Associação Americana de Psiquiatria.

Os números

- 70% das crianças com TDAH apresentam outra comorbidade associada

- 30% das crianças com TDAH vão ter um ou ambos os pais com o transtorno

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