ES bate recorde e 162 mil pacientes fazem cirurgia pelo SUS este ano
Número supera em 25% a meta prevista pelo governo para este ano. Maior demanda está na ortopedia, ginecologia e cirurgia geral
Com um ritmo médio de quase 500 cirurgias por dia, o Espírito Santo alcançou um feito inédito em 2025: mais de 162 mil pacientes passaram por procedimentos eletivos (sem urgência) este ano.
O número recorde supera em 25% a meta de 130 mil, prevista pelo governo do Estado para este ano.
O secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, afirmou que em 2019, antes da implementação do programa OperaES, o Estado realizou pouco mais de 36 mil cirurgias eletivas.
Esse avanço nos últimos anos resultou na redução da espera pelos procedimentos para pacientes que precisam dos serviços. “O Espírito Santo apresenta atualmente um tempo médio inferior a 150 dias, abaixo do limite de 180 dias recomendado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça)”.
Ainda assim, Hoffmann reconhece desafios em algumas subespecialidades, especialmente na área de ortopedia. Um exemplo citado por ele é a cirurgia de artroplastia de quadril (prótese de quadril).
“Era um serviço limitado. Passamos a realizá-lo também no Hospital Estadual Central, em Vitória. Com a abertura desse novo fluxo, estamos operando em uma velocidade que nos permitirá, nos próximos meses, praticamente eliminar o acúmulo na área”, afirmou, destacando que a fila é dinâmica, com entrada e saída constantes de pacientes.
Atualmente, as especialidades com maior demanda cirúrgica no Estado são ortopedia, ginecologia e cirurgia geral.
Para ampliar a capacidade cirúrgica, o secretário explicou que o OperaES incorporou inovações como a ampliação do horário dos centros cirúrgicos e a realização de cirurgias aos sábados, uma vez por mês.
Em relação a 2026, Hoffmann afirmou que a orientação do governador Renato Casagrande é não reduzir o volume de atendimentos. “Não pretendemos fazer menos do que estamos fazendo este ano. Pelo contrário, o planejamento é crescer”, disse.
Entre os fatores que devem contribuir para esse avanço estão a abertura do novo Hospital Roberto Silvares, no Norte do Estado, a ampliação do Hospital Dório Silva – com cinco novas salas cirúrgicas dedicadas à ortopedia – e a expansão gradativa do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, voltada principalmente para cirurgias pediátricas.
Alívio de dores e limitações
Com uma rotina marcada por dores, limitações e incertezas nos últimos anos, o autônomo Ricardo Nunes, de 47 anos, começou a respirar mais aliviado.
Em setembro, ele realizou pelo SUS a cirurgia de prótese total no joelho esquerdo e já sente a diferença.
Portador de Hemofilia A grave desde o nascimento, os episódios frequentes de sangramento provocaram lesões severas em todas as suas articulações, em especial nos membros inferiores – joelhos e tornozelos.
Tarefas simples passaram a ser difíceis e ele já precisava de muletas para se locomover. Também fazia uso frequente de medicamentos, incluindo anti-inflamatórios, sem resultados efetivos.
Com o agravamento do quadro, Ricardo passou a integrar uma lista de pacientes hemofílicos que aguardavam cirurgia e, devido à gravidade, conseguiu ser operado no hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Estado (AFPES).
Em janeiro, ele também vai passar pela esperada cirurgia do outro joelho. Com isso, já se prepara para uma vida com menos limitações.
OperaES
Com o objetivo de reduzir a espera por cirurgias que não são de urgência, o governo do Estado vem executando nos últimos anos o Plano Estadual de Redução de Filas de Cirurgias Eletivas (OperaES).
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em 2025, o número de cirurgias realizadas já é recorde.
Rede
Para executar o OperaES, a Sesa conta com serviços em 35 hospitais, entre rede própria, contratada e contratualizada.
Para ampliar o desempenho, hoje são realizadas cirurgias em horários ampliados durante a semana, além de cirurgias realizadas em um sábado por mês.
Especialidades
As especialidades com mais procedimentos são cirurgia oftalmológica, cirurgia geral, cirurgia ortopédica, ginecológica e urológica, além de procedimentos clínicos.
Porta de entrada
Para ter acesso a cirurgias eletivas pelo SUS, a porta de entrada é a atenção primária, ou seja, as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
A partir do atendimento, os pacientes são encaminhados para as especialidades e serviços necessários.
Os procedimentos ocorrem em todas as quatro regionais de saúde do Estado: Norte, Central, Metropolitana e Sul. Cada unidade hospitalar que integra o OperaES, seja ela da rede própria da Sesa ou contratada, tem metas de produção a serem cumpridas ao longo do ano.
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde.
Cirurgias eletivas
Ano - Meta - Realizadas
2022 - 102 mil - 105.825
2023 - 110 mil - 126.397
2024 - 125 mil - 153 mil
2025* - 130 mil - 162.298
* até o dia 05/12/2025
Outros números
470 cirurgias por dia são realizadas no Estado.
R$ 130 milhões é o investimento em cirurgias este ano.
180 dias é o prazo máximo de espera por uma cirurgia eletiva preconizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Menos de 150 dias é o prazo médio de espera no Estado hoje.
Mudança de vida
Foi mais de um ano de espera, em uma cadeira de rodas, até uma cirurgia que permitiu ao aposentado João Carlos Coutinho, 61, voltar a andar.
“Por causa da hemodiálise, tive uma fratura no quadril. Cheguei a colocar pinos, mas não segurou. Desde então esperava pela cirurgia de prótese do quadril”.
Ela foi realizada no Hospital Estadual Central há cerca de 3 meses. “A cirurgia e a recuperação foram muito boas. Tem um mês e meio que voltei a andar. A vida mudou para melhor”.
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