Em missa, famílias cobram justiça por vítimas no trânsito
Homenagem ao Dia da Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito reúne parentes e amigos em luto no Convento da Penha
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Perder um familiar é algo que marca a vida, principalmente se essa morte acontece de uma forma tão repentina, onde a vítima nem mesmo tem chance de reagir, como é o caso das mortes que acontecem no trânsito. Para quem fica, o que resta é lutar por justiça em nome daqueles que já não podem.
A Lei Estadual nº 9.689/2011 instaurou o Dia Estadual em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito, lembrado neste domingo (04). É neste dia que acontece, há 18 anos, a tradicional “Missa em Memória das Vítimas de Trânsito”, no Convento da Penha. Nela, pais, mães, irmãos, familiares e amigos lembram e rezam pelos entes já falecidos e buscam força para continuar lutando por justiça.
O Guardião do Convento da Penha, Frei Djalmo Fuck, explica que a missa tem o intuito de trazer conforto para as famílias das vítimas.
“Há 18 anos nos unimos, de forma solidária, à dor das famílias que perderam seus entes queridos, vítimas da fatalidade, mas também da imprudência e do descaso com o trânsito”.
Além disso, o evento é ainda uma oportunidade de reforçar a importância de a população refletir sobre a defesa de um trânsito mais seguro.
O senador Fabiano Contarato, um dos idealizadores da celebração e que atuou por mais de 10 anos na Delegacia de Delitos de Trânsito, fortalece a mensagem de responsabilidade e segurança no trânsito.
“A missa é um ato simbólico para a promoção da conscientização pública sobre o tema, bem como para amparar as famílias que sofrem com a dor da perda de um ente querido. Vivi de perto a desoladora situação das vítimas de acidentes de trânsito e de suas famílias”.
Ele continua: “O Brasil é um dos países que mais matam no trânsito; a conscientização sobre os riscos de comportamentos irresponsáveis ao volante e a promoção de uma cultura de segurança e responsabilidade são fundamentais para proteger vidas e garantir a segurança de todos os usuários das vias públicas. Um trânsito seguro é direito de todos e dever do Estado”, frisa o parlamentar.
“É uma dor que não passa”, diz mãe de jovem morta
Vítima de um acidente, a jovem Amanda Marques, de 20 anos, morreu enquanto estava a caminho do supermercado. No dia 17 de abril de 2021, ela estava em uma moto, com o namorado, trafegando pela rodovia Darly Santos, em Novo México, Vila Velha, quando um carro, a 135km/h, atingiu a moto e matou a jovem.
Wagner Nunes, de 28 anos, que dirigia o carro, se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ele irá a júri popular. Desde de 2021, a mãe de Amanda, Renata Aparecida Marques, de 43 anos, briga para que a justiça seja feita.
A Tribuna - É dura a luta por justiça por sua filha?
Renata Aparecida - "Estou nessa luta desde 2021 e ele continua solto. A Justiça brasileira é lenta. Enquanto isso eu não consigo colocar um ponto final nessa dor que não passa. Sempre lembrando e revivendo essa história. Ter justiça deveria ser um direito. Ter que lutar para que o assassino da minha filha pague pelo que fez é uma tarefa muito difícil. Ter uma justiça digna, uma justiça automática, é o mínimo."
- Como a família está lidando com o luto?
"Eu costumo dizer que ainda não pude vivenciar o luto, por causa de toda essa batalha para conseguir que o assassino pague pelo que fez. Mas já sinto os efeitos disso na pele. Todos aqui em casa. O surgimento de doenças psicológicas, como depressão, ansiedade, que acarretam em outras doenças. Remédios e mais remédios que tenho que tomar agora. É um sofrimento sem fim."
- Ele interrompeu sonhos da Amanda?
"Com certeza. Amanda era alegre e o sonho dela era conquistar as próprias coisas, coisa que ela estava fazendo. Ela já tinha feito a matrícula na faculdade e ia estudar Fisioterapia."
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