Desafios e vitórias de 8 mil bebês prematuros no Espírito Santo
Considerada uma das principais causas de mortalidade neonatal, a prematuridade ocorre quando nascimento se dá com até 37 semanas
A jornada enfrentada pelos bebês prematuros e por suas famílias pode ser carregada de desafios. No Estado, de janeiro a julho deste ano, 3.259 bebês nasceram prematuramente. Em 2024, foram 5.359 durante todo o ano. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
No Dia Mundial da Prematuridade, lembrado na última segunda-feira (17), foi realizada mais uma edição da Festa do Prematuro, que reúne bebês prematuros nascidos ao longo dos anos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do Hospital Jayme Santos Neves, inaugurada em 2013.
O autônomo Jean Silva, de 48 anos, e a hoteleira Michele Luna, de 47, são pais do pequeno Arthur Luna, de 8 anos, que nasceu prematuro, de 29 semanas, em 2017. O irmão, Miguel Luna, de 3 anos, que não nasceu prematuro, também esteve com a família na festa.
“Tive uma gravidez totalmente normal, só que o Arthur tinha um problema no esôfago que não foi visto no pré-natal. A minha bolsa estourou antes do tempo, e a gente só descobriu esse problema na hora do parto. Ele ficou internado cinco meses. Nesse tempo, enfrentou diversos desafios, mas não ficou com sequela nenhuma”.
A pequena Ana Eloisa dos Santos Figuiredo, de 6 anos, também enfrentou uma batalha em 2019. A mãe, Elisangela Gama dos Santos, de 44 anos, dona de casa, conta que a filha nasceu com 24 semanas e 815 gramas. “Enfrentou várias complicações. Foi um dia após o outro. Hoje, está sem sequelas”.
A prematuridade é uma das principais causas de mortalidade neonatal em todo o mundo. São considerados prematuros os bebês nascidos com até 37 semanas de gestação. No mundo, cerca de 10% dos bebês nascem nessa condição.
Líbia Pimentel, gerente da Unidade Materno Infantil do Hospital Jayme Santos Neves, explica que a prematuridade pode trazer uma série de complicações à saúde dos recém-nascidos. “Era para ele estar dentro da barriga mãe, se formando, e, por algum motivo, ele nasceu antes do tempo”.
Silvia Louzada, médica coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) do Hospital Jayme Santos Neves, conta que a festa é para comemorar. “Para cada prematuro que está aqui existe uma história que foi vivida”.
Histórias de superação
Batalha pela vida
A batalha da pequena Maria Cecília, de 3 anos, aconteceu em setembro de 2022. Seus pais, Núbia de Oliveira Borlini, de 39 anos, lash design, e Richard Borlini, de 43 anos, encarregado de obras, estavam, sempre que podiam, ao lado da filha.
“Ela nasceu com 26 semanas, 28 centímetros e 500 gramas. Depois do parto, teve várias complicações. Inclusive, ficou 58 dias intubada, pois nasceu com o pulmãozinho não completamente formado”, lembra Núbia.
No total, foram três meses na incubadora. “Teve meningite, sangramento no cérebro... Conseguiu vencer tudo”, celebrou a mãe.
Várias complicações
Larisse Daniele Jesus Ramos, de 29 anos, manicure, é mãe do Miguel Ramos dos Santos, de 10 meses, que nasceu em dezembro de 2024.
“Ele nasceu de 27 semanas. Durante os mais de três meses internados, ele teve várias complicações. Uma delas, mais grave, foi um sangramento no pulmão. E um sangramento na cabeça, que gerou sequela: a hidrocefalia. Ele até colocou a válvula agora, dia 6 de outubro”.
Perdeu o irmão no parto
Ana Rita Cima, de 26 anos, é mãe do Pedro Cruz Perciliano, de 11 meses. Ele nasceu em novembro de 2024, com 28 semanas de gestação.
“Nasceu com 870 gramas e 36 centímetros. Eu tive pré-eclâmpsia. Foi um parto gemelar. Eram dois bebês, ele e o Nicolas. O irmãozinho dele nasceu com 465 gramas, mas não resistiu e, cinco dias depois, ele faleceu”, lamentou.
Saiba Mais
Dados de prematuridade no Espírito Santo
49.859 bebês nasceram no Espírito Santo em 2024, de acordo com dados da Sesa. Desse total, 5.359 eram bebês prematuros, o que equivale a 10,75% dos nascimentos totais.
Já em 2025, de janeiro a julho, foram registrados 30.778 nascidos no Estado. Desses, 3.259 foram prematuros, o equivalente a 10,59% do total.
O Espírito Santo registrou 466 óbitos de prematuros em 2024. Neste ano, de janeiro a outubro, foram 621 óbitos de prematuros
A prematuridade é uma das principais causas de mortalidade neonatal em todo mundo.
São considerados prematuros os bebês nascidos até 37 semanas de gestação.
Essa condição pode ocorrer devido a múltiplos fatores.
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