Conselho de Medicina quer banir PMMA no País
Recomendação de órgão federal se baseia no fato do produto causar complicações graves e que deixam sequelas irreversíveis
Escute essa reportagem
O Conselho Federal de Medicina (CFM) recomendou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), durante uma reunião realizada ontem, que o uso do polimetilmetacrilato (PMMA) como preenchimento seja banido no País. Solicitou ainda a imediata suspensão da produção e comercialização de preenchedores à base do produto.
O pedido ocorreu porque, segundo o CFM, o uso de PMMA, que na estética serve para preencher e dar volume a áreas do corpo, tem demonstrado riscos graves e irreversíveis aos pacientes. Infecções, hipercalcemia, granulomas e insuficiência renal têm o risco de serem desencadeadas por procedimentos com a substância.
“Quando se usa indiscriminadamente, aumenta a chance de necrose da pele, porque acaba comprimindo o vaso sanguíneo”, disse José Armando Faria Júnior, cirurgião plástico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP-ES).
Outros problemas que podem acontecer são atrofias e depressões na pele. A dermatologista Thaiz Rigoni comentou que, quando aplicado em grandes volumes, há um risco de embolia e morte.
Ela explicou ainda que para retirar a substância é problemático e até mesmo cirurgias às vezes não conseguem remover, pois o PMMA se “entranha” pelos tecidos.
Por conta de tantos problemas, a SBCP e a Sociedade Brasileira de Dermatologia condenam o uso do produto para fins estéticos. O posicionamento dessas instituições esteve presente no documento entregue à Anvisa.
Segundo a dermatologista Karina Mazzini, existem atualmente opções seguras que podem ser usadas em vez de PMMA, como o ácido hialurônico, que é mais seguro, absorvível e que dá um aspecto natural. “Mesmo com ele, não devemos aplicar grandes quantidades”, comentou.
Ela mencionou que os biostimuladores de colágeno também são uma boa alternativa.
Comentários