Complicações da gripe afetam coração e jovem morre aos 17 anos
Gabriel Henrique Souza, de 17 anos, desmaiou durante jogo de futsal, sofreu uma parada cardíaca e morreu 8 dias depois
Um jovem de sorriso fácil, rodeado de amigos e cheio de sonhos. Assim Gabriel Henrique Souza foi descrito por quem conviveu ao seu lado durante 17 anos. No dia 10 deste mês, ele desmaiou na quadra da escola onde jogava futsal, sofreu uma parada cardíaca, ficou internado por oito dias e, no último sábado (18), morreu.
Complicações de uma gripe recente, que evoluiu para uma miocardite — inflamação no músculo do coração —, foram as causas do problema que tirou a vida do estudante, segundo o farmacêutico Guilherme Henrique de Souza Campos, 40 anos, irmão de Gabriel.
Guilherme contou que o irmão foi levado inconsciente para o hospital que fica perto da escola, em Vila Velha, reanimado pela equipe médica e ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Meu irmão não tinha nenhum histórico. No mês de julho, nas férias escolares, a minha mãe o levou para fazer um check-up junto. O médico falou que estava tudo certo. Ele era bem saudável. Tanto é que estava participando dos jogos olímpicos internos da escola. Ele jogou a partida toda. Na hora da saída da quadra, desmaiou”.
No entanto, Guilherme relatou que, duas semanas antes, o irmão havia tido um quadro de gripe muito forte, mas se tratou em casa, tomou antigripal, se recuperou e foi jogar.
“Ele jogou a semana toda, mas na sexta (dia 10) passou mal. Foi socorrido por funcionários da escola e levado de carro para o hospital, que fica cerca de seis minutos de distância. Lá, foi reanimado e o coração voltou a bater. Ele não tinha falado nada sobre estar passando mal, nem demonstrado cansaço. No dia do último jogo, desmaiou. Ele já chegou no hospital em parada cardíaca”.
Após uma bateria de exames, veio o diagnóstico, de acordo com o irmão. “Identificaram a miocardite, que resultou em uma lesão cerebral pela falta de oxigênio e o coração parou de bater. Infelizmente, o vírus da gripe desceu pela circulação e se alojou no coração, começou a se multiplicar, criou uma colônia de vírus ali dentro e não teve jeito”, lamentou Guilherme.
“Meu irmão deixou um legado de amor”
Mostrando a foto do irmão na tela de um tablet, o farmacêutico Guilherme Henrique de Souza Campos, de 40 anos, falou sobre como tudo aconteceu e do legado deixado pelo estudante Gabriel Henrique Souza, de 17 anos.
A Tribuna — Desde o desmaio, como foram esses dias?
Guilherme Henrique de Souza Campos — Ele estava jogando no último dia 10 e, por volta das 11h30, desmaiou na quadra da escola. Ficou insconciente, foi levado para o hospital e faleceu por volta das 14 horas do último sábado (18).
Como define seu irmão?
Ele era um garoto sensacional, muito alegre, sonhador. Desejava muito estudar, ter uma profissão, uma vida digna. Era muito amoroso. Os amigos o amavam muito. Tanto que está repleto de homenagens no Instagram dos amigos desde o dia que ele passou mal e foi socorrido.
A gente chegava lá para visitá-lo e já tinha alunos nos esperando em busca de informações sobre o boletim médico.
No domingo à noite, dia 12 de outubro, foi realizada uma corrente de oração em frente ao hospital, reunindo mais de 250 pessoas pela recuperação dele.
Qual legado ele deixou?
Meu irmão deixou um legado de amor, de amizade, de orar a Deus e pedir uma bênção. Ele deixou esse legado: que os laços, que a amizade, são mais importantes do que qualquer coisa material.
Lembra quando foi a última vez que vocês conversaram?
A gente falava praticamente todo dia. Sempre que precisava de alguma coisa, ele me ligava — um projeto, um plano, uma viagem, um passeio. Minha mãe, eu, ele e minha irmã, a gente estava sempre junto. Moramos perto um do outro.
Quais eram os planos dele para o futuro?
Ele tinha muitos sonhos. No dia do sepultamento (último domingo), ele faria a prova da UVV para Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Pretendia começar a faculdade no ano que vem.
Ele estava animado porque os amigos da turma dele, a maioria, também ia fazer. Queriam estudar juntos, conseguir bolsa, manter os laços. Ele estudou na mesma escola por 11 anos, desde a alfabetização. Era uma turminha muito unida.
Acredita que foi uma fatalidade? Poderia ter sido evitado?
A miocardite é uma doença silenciosa. Em algumas pessoas os sintomas se potencializam, em outras não. Vou citar um exemplo: o caso do meu irmão foi por uma gripe. O vírus se deslocou e se alojou no coração.
Tem gente que espreme uma espinha, a bactéria entra na circulação, se aloja no coração, e a pessoa tem miocardite.
Então, talvez se ele não tivesse praticado atividade física, poderia ter sido diagnosticado, mas ele não teve nenhum sintoma.
Agora, vamos conviver com as saudades e lembranças boas que ele deixou para todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
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