Cometa de fora do sistema solar intriga cientistas e atrai atenção internacional
Partículas e átomos da cauda do cometa podem atingir a nave Europa Clipper, da Nasa, nas próximas semanas
	O cometa 3I/Atlas vem, literalmente, de outro sistema solar, e está intrigando cientistas de todo o mundo. Partículas e átomos da cauda do cometa podem atingir a nave Europa Clipper, da Nasa, nas próximas semanas, o que atrai a atenção da comunidade científica.
O motivo de tamanha apreensão é explicado pela origem do cometa. É a primeira vez que será possível analisar material de um corpo celeste de fora do sistema solar da Terra, explica o físico Antônio Prado, chefe da divisão de pós-graduação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“O 3I/Atlas foi formado em alguma estrela desconhecida e, por alguma razão, foi lançado para fora do sistema solar dele. É uma oportunidade rara de conhecer a composição química e estrutural do cometa, para encontrar pistas da formação de outro sistema solar da nossa galáxia, a Via Láctea”, disse.
A nave Europa Clipper faz parte de uma missão para observar a lua Europa, de Júpiter, onde existe expectativa de encontrar matéria orgânica que ajude a entender o início da vida na Terra.
A velocidade do cometa indica que, após atravessar o sistema solar da Terra, não retornará mais, o que torna ainda mais rara a possibilidade de coleta de material do corpo celeste, destaca o físico.
“Quando passa perto do Sol, o cometa vaporiza material, como se fosse gelo seco, e emite partículas chamadas íons. Dependendo da força e direção do vento solar nos próximos dias, pode ser que um pedaço dessa cauda se aproxime da nave, que terá coleta de material gratuita”, afirmou.
O cometa 3I/Atlas foi descoberto em julho deste ano, por pesquisadores europeus. Ele é considerado o terceiro grande “turista” vindo de fora do sistema solar. Durante sua passagem, chegou muito perto da órbita de Marte e, depois disso, atingiu o ponto mais próximo do sol, na última quarta-feira.
A descoberta foi feita a partir de um programa chamado Talicatcher, desenvolvido pelos pesquisadores, capaz de rastrear o movimento de partículas carregadas pelo vento solar, que é um fluxo contínuo de partículas, principalmente elétrons e prótons, que são impulsionados pelo calor extremo da estrela.
“Estudar corpos celestes é importante por vários motivos. Aprimora o desenvolvimento de veículos espaciais que possam ser usados para evitar a colisão de asteroides com a Terra, por exemplo”.
Saiba mais
Cometa poderá alterar órbita
- Até a próxima quinta-feira, o cometa passará no periélio, distância mais próxima do sol.
 - A observação do 3I/Atlas será possível a partir do início da manhã da próxima quinta-feira.
 - Em 19 de dezembro, o 3I/Atlas chegará à aproximação máxima com a Terra, quando passará a cerca de 1,80 Unidades Astronômicas (UAs), aproximadamente 269 milhões de quilômetros do planeta.
 - em março de 2026, o 3I/Atlas se aproxima de Júpiter, a cerca de 0,36 UA (54 milhões de km), o que poderá alterar levemente sua órbita devido à gravidade do planeta gigante.
 - Após passar por Júpiter, a luminosidade do cometa continuará caindo, e ele desaparecerá gradualmente da vista da Terra.
 - Por conta disso, a Rede Internacional de Alerta de Asteroides, uma colaboração mundial de astrônomos, planeja estudar a trajetória da rocha espacial.
 
Fonte: Agência Espacial Europeia (ESA).
Agora ou só em 1.300 anos: Cometa Lemmon poderá ser visto no Brasil
O cometa C/2025 A6 Lemmon poderá ser visto a olho nu em várias regiões do Brasil. Ele está seguindo pelo ponto mais brilhante e mais próximo da Terra pelas próximas semanas.
O C/2025 A6 foi descoberto em janeiro deste ano pelo observatório Mount Lemmon, em Arizona, nos EUA. De acordo com projeções dos astrônomos, o corpo celeste só voltará a ser visível daqui a 1.300 anos.
O intervalo milenar de surgimento do cometa é explicado porque o corpo celeste vem da Nuvem de Oort, uma região muito distante do sistema solar, explica Júlio Fabris, coordenador do Núcleo de Astrofísica e Cosmologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e professor do Departamento de Física.
“Essa Nuvem de Oort é de onde se originam os cometas, e está localizada a um trilhão de quilômetros da Terra. Há especulações que o C/2025 A6 Lemmon poderia ser um dos objetos mais distantes da Nuvem, ou até mesmo originário além dela”, pontuou.
Neste ano, o corpo celeste será o cometa observável mais brilhante do céu, conta o físico.
“Entre os cometas, o C/2025 A6 Lemmon tem se revelado com um brilho intenso, lembrando que esse brilho não é próprio, é a reflexão da luz solar. O brilho que ele apresenta para nós depende diretamente da distância que está da Terra. No caso deste, mesmo distante, poderá ser visível a olho nu”, afirmou.
Se a taxa de aproximação do corpo celeste se mantiver em alta, será possível observá-lo até o próximo sábado. O brilho pode variar conforme a quantidade de gás e poeira que o cometa libera durante o superaquecimento.
“A observação será melhor na primeira semana de novembro, mas é um período de lua cheia, o que pode criar algumas dificuldades. O melhor horário é logo após o pôr do sol. Ele estará próximo da constelação de Escorpião, uma das mais fáceis de identificar no céu”, disse o professor.
Outros cometas similares, visíveis a olho nu, são observáveis no Brasil, destacou Júlio.
O Observatório da Ufes deverá organizar observações do cometa, explicou o professor.
“Porém, existem dois parâmetros importantes: se as condições climáticas permitirem, e se a lua não estiver muito brilhante como será o caso no início de novembro. Outros núcleos da Ufes também tentarão fazer observações”, disse.
Fique por dentro
Corpo celeste mais brilhante
- O Cometa C/2025 A6 Lemmon é o mais fácil de observar em 2025, tanto no Hemisfério Norte quanto no Sul, e será o mais brilhante do ano.
 - O brilho atual do corpo celeste varia entre magnitude 4 e 2,5, o que o coloca entre os objetos mais visíveis do ano. A magnitude do brilho de um cometa é medida em forma decrescente, onde número menores indicam um objeto mais brilhante.
 - O cometa vai se afastar lentamente e só voltará a estar no campo observável do céu daqui a 1.300 anos.
 - Em 3 de janeiro o cometa foi descoberto pelo observatório Mount Lemmon Survey, no Arizona (EUA), que realiza levantamentos para detecção de asteroides e cometas.
 - O cometa poderá ser visto em todo o Brasil, logo após o pôr do sol, baixo no horizonte Oeste.
 - Para uma boa observação, é importante procurar um local com horizonte livre, como zonas rurais ou longe de centros urbanos, para evitar poluição luminosa.
 
Fonte: Royal Astronomical Society.
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