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Cidades

Chuva do mês não deve resolver crise hídrica no ES

Governo do Estado anunciou regras para uso consciente da água


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Imagem ilustrativa da imagem Chuva do mês não deve resolver crise hídrica no ES
A síndica Wanderleia Bastos afirma que uso de lavadora de alta pressão reduz em 80% o desperdício |  Foto: Leone Iglesias/AT

Depois dos meses de outubro e novembro terem registrado chuvas bem abaixo da média esperada para o período no Espírito Santo, dezembro tem tendência para que chova mais.

Mas, para o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Olivio Bahia, o volume de chuvas não deve resolver o problema de crise hídrica vivido hoje no Estado.

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“O período de chuvas, de forma geral para a região, começa em outubro e termina em abril. Ele é importante para a reposição do volume de água nos rios e reservatórios. O que acontece é que, na faixa que abrange o Sudeste, as chuvas começaram a cair com atraso e ainda de forma pontual e mal distribuída”.

O especialista destacou que, em dezembro, o Espírito Santo tem uma tendência de aumento no volume das chuvas, mas ainda com as características de serem rápidas.

“Não se configurou até o momento nenhuma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que é um dos principais sistemas meteorológicos causadores de chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste entre o fim da primavera e o verão. Geralmente, elas causam chuvas de, pelo menos, três a quatro dias seguidos. Por isso, temos essas regiões com grande déficit de precipitações”.

Ele ainda aponta que o volume médio na série histórica de chuva entre outubro e novembro no Espírito Santo é entre 300 e 400 milímetros, mas não se chegou nem perto da metade disso.

“Não choveu quando e quanto deveria. O grande problema é que se fosse chover o necessário para suprir esse déficit, teríamos realmente chuvas que poderiam causar grandes desastres, alagamentos e deslizamentos. E não há tendência de chover isso tudo”.

O meteorologista da Defesa Civil do Espírito Santo Bruce Pontes afirmou durante coletiva de imprensa ontem que as previsões apontadas pelos modelos meteorológicos para dezembro são de temperaturas altas e chuvas abaixo do normal.

Para janeiro e fevereiro, ele ressalta que não há tendência exata. “De modo geral, pelo menos para o Norte do Estado ainda devemos ter uma situação de estiagem, com temperaturas, mais uma vez, acima do normal e chuva abaixo do normal”.

Barragem do Rio Jucu vai reduzir impactos da seca

Uma das obras esperadas para minimizar os impactos dos períodos de seca, a Barragem do Rio Jucu deve ter o edital de licitação lançado nas próximas semanas.

A Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan) informou que as obras serão iniciadas assim que for declarado o vencedor do processo.

“A barragem estará localizada no município de Domingos Martins, com abrangência também em Viana. Detalhes do projeto serão divulgados assim que o processo licitatório for iniciado”, informou a Companhia por nota.

A barragem do Rio Jucu, que abastece municípios como Vila Velha, Viana e boa parte de Vitória e Cariacica, chegou a ser licitada em 2018, mas as obras foram suspensas em 2022 após a Cesan rescindir o contrato com o consórcio firmado na época.

A rescisão ocorreu após disputa judicial entre o Consórcio e a Companhia. A empresa vencedora da licitação teria alegado na época divergência geológica em relação ao que foi licitado.

A área do terreno que seria utilizada para a barragem é de 109 hectares (153 campos de futebol).

Sobre o novo edital a ser licitado, a Cesan não informou se manterá as mesmas características e local do projeto anterior.

Rio Bonito

Enquanto não se tem uma barragem no Rio Jucu, a crise hídrica tem feito com que medidas sejam tomadas também para garantir a reservação na barragem do rio Santa Maria da Vitória, que abastece a parte continental de Vitória e Serra.

Durante coletiva de imprensa, o diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, anunciou que a barragem de Rio Bonito vai passar a ter proibição de geração de energia abaixo da cota de 645 metros.

Multa de R$ 1.362 por desperdício

O agravamento da crise hídrica, que levou o governo do Estado a adotar medidas mais restritivas para uso da água, também deve fazer com que prefeituras fechem o cerco contra o desperdício.

Lavar calçada, carro ou fachadas pode render multa que chega a R$ 1.362.

Em Vitória, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que a legislação em vigor proíbe uso de água tratada para varrição ou lavagem de calçadas, janelas, fachadas, carros, portões e prevê infração de R$ 908,15. No caso de reincidência, o valor sobe para R$ 1.362,22.

Já em Cariacica, a legislação determina fiscalização para prevenir o desperdício de água no município, sob pena de autuação e multa de R$ 125 em caso do descumprimento. Inicialmente, no entanto, a prefeitura está atuando de forma preventiva.

Em Vila Velha, o município está editando um decreto para atender à decisão estadual, com minuta inclusive pronta. Já a Serra avalia quais medidas serão adotadas.

Em condomínios da Grande Vitória, a orientação para a economia de água tem sido reforçada.

A síndica do condomínio Varandas de Camburi, em Jardim da Penha, Wanderleia Bastos, afirmou que está atenta ao cenário de crise hídrica do Estado, e já são adotadas algumas medidas.

“Recebemos da administradora recomendações que foram repassadas para os moradores também. Já adotamos algumas medidas há algum tempo para economizar, como redução da lavagem das áreas comuns e o uso de lavadora de alta pressão, que reduz em 80% o desperdício”.

Além disso, ainda fez revezamento da limpeza dos blocos, que antes era feita todos os dias.

O presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas de Administração de Condomínios do Estado (Sipces), Gedaias Freire, ressaltou que, desde o primeiro alerta feito, encaminhou às administradoras recomendações e mantém atualizações por meio dos informativos.

“Alguns condomínios adotam medidas como reúso da água do ar-condicionado e da água da chuva para lavagem de calçadas”.

Imagem ilustrativa da imagem Chuva do mês não deve resolver crise hídrica no ES
|  Foto: Leone Iglesias/AT

Entenda

Captação de água da chuva

Entre as medidas que têm sido adotadas para economia de água em condomínios e casa está a captação da água de chuva em caixas d'água voltadas para a reservação. Elas geralmente são usadas na lavagem de áreas comuns, calçadas ou ainda para irrigação. Isso pode reduzir a demanda por água potável.

Armazenamento de água do ar-condicionado

Outra forma de garantir a economia que alguns condomínios adotam são sistemas de reúso da água de ar-condicionado dos moradores. A água pode ser usada também para lavagem de áreas externas ou para irrigação.

Vazamentos

Uma estratégia adotada em muitos locais para conter desperdícios é a manutenção em dia da rede e a verificação regular das contas de água.

A verificação permite visualizar alterações e mudanças no padrão de consumo que podem indicar algum tipo de vazamento.

Um pequeno vazamento por longo período pode desperdiçar grandes quantidades de água e elevar o valor da conta de consumo, seja ela individual ou coletiva.

Frequência de limpeza

Alguns condomínios ainda têm revisto e mudado a rotina de limpeza de áreas comuns e de lazer.

A frequência da limpeza tem sido reduzida para dias alternados ou com revezamento entre andares ou blocos.

Há locais em que se investiu em equipamentos que desperdiçam menos água.

Fonte: Especialistas consultados e síndicos ouvidos.

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