Casamentos em queda e divórcios em alta: o retrato das relações no ES
Levantamento do IBGE mostra queda nos casamentos, aumento dos divórcios e crescimento da guarda compartilhada no Espírito Santo
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Depois de um ligeiro aumento registrado nos anos seguintes à pandemia de covid-19, o número de casamentos voltou a cair no Brasil, uma tendência que vinha sendo registrada desde 2016 e que está relacionada principalmente com a liberalização dos costumes e com a maior independência das mulheres.
No Espírito Santo, foram registrados 22.360 casamentos em 2023. Esse número representa 849 casamentos a menos em relação ao ano anterior.
Os dados fazem parte do levantamento Estatísticas do Registro Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado ontem.
O total de uniões civis entre pessoas do mesmo sexo também caiu 12,9% no Espírito Santo, entre 2022 e 2023. Em números absolutos, foram 169 registros de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, sendo 70 entre homens e 99 entre mulheres.
Apesar da queda no número de casamentos, o Espírito Santo está entre as unidades da federação com a maior taxa de nupcialidade legal (número de casamentos por mil habitantes), ao lado de Rondônia, Acre e Mato Grosso.
A coordenadora de divulgação do IBGE no Espírito Santo, Renata Coutinho Nunes, destaca que a idade média ao se casar no Estado, entre pessoas de sexos diferentes, é a terceira menor do País.
Enquanto a média da idade dos homens solteiros, ao se casarem, era de 30,3 anos, a das mulheres foi de 28 anos, em 2023.
O número de divórcios no Espírito Santo, por sua vez, cresceu 1,4% entre 2022 e 2023, aponta Renata. Ao todo, foram concedidos 7.523 divórcios em 2023.
“Caiu também o tempo médio de duração dos casamentos. Em 2010, o tempo médio entre a data do casamento e a data do divórcio, entre pessoas de sexos diferentes, era de 15,9 anos. Já em 2023, passou para 13,1 anos”.
Com relação à queda no número de casamentos e ao aumento dos divórcios, o psicólogo com especialização em Filosofia e Psicanálise Alexandre Vieira Brito destacou que tem sido percebido uma maior liberdade e possibilidade de arranjos familiares.
“Diferente de outras culturas e de outras épocas — em que os casamentos eram obrigatórios —, as pessoas hoje têm mais liberdade de escolher se casar e também de encerrar um relacionamento em que não estão felizes”.
Para ele, essas mudanças estruturais da sociedade e a luta pelos direitos — principalmente das mulheres — contribuem para o maior número de divórcios. “A pessoa não se sente um fracasso quando se separa, nem se sente condenada a continuar em um casamento”.
Opiniões



Guarda compartilhada na maioria dos casos
Além do aumento no número de divórcios, o levantamento de registros civis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta uma mudança significativa no padrão de guarda dos filhos definido no divórcio.
No País, em 2014, a proporção de guarda compartilhada entre os pais com filhos menores era de 7,5%. Em 2023, a modalidade passou a representar 42,3%.
No Espírito Santo, o percentual é ainda maior e já representa a maioria dos acordos.
Do total de 4.981 divórcios judiciais concedidos em 1ª instância em 2023, 2.970 (59,6%) envolviam famílias com filhos menores de idade.
A coordenadora de divulgação do IBGE no Espírito Santo, Renata Coutinho Nunes, frisou que nota-se um aumento significativo do percentual de divórcios judiciais em cuja sentença consta a guarda compartilhada dos filhos menores.
“No Espírito Santo, essa modalidade de guarda aumentou de 51,3% em 2022 para 55,9% em 2023, continuando a representar mais da metade das sentenças de divórcios judiciais concedidos em 1ª instância a casais com filhos menores de idade”, pontuou.
Já o percentual de divórcios em que as mulheres são responsáveis pela guarda dos filhos menores caiu de 43,1% para 39,1% no Espírito Santo, e de 50,3% para 45,5% no Brasil, entre 2022 e 2023.
Mulheres vivem seis anos a mais que os homens
Dados de registro civil têm confirmado o cenário desenhado nos últimos anos de envelhecimento da população brasileira, que tem vivido mais.
Em 2023, a expectativa de vida ao nascer foi de 79,7 anos para mulheres e 73,1 anos para os homens, ou seja, em média seis anos a mais.
A geriatra e vice-presidente da Sociedade de Geriatria e Gerontologia no Estado (SBGG-ES), Fernanda Sperandio Cott Paiva, destacou que são muitos os motivos para as mulheres viveram mais do que os homens.
“Em geral, os homens tendem a adotar mais comportamentos de risco ao longo da vida, como o consumo excessivo de álcool, tabagismo e alimentação menos saudável. Além disso, procuram menos por cuidados médicos”.
Ela ressaltou que normalmente as mulheres buscam mais prevenção e seguem melhor os tratamentos propostos, o que também contribui para um melhor envelhecimento. “Outro motivo é o envolvimento maior de homens em acidentes de trânsito. Por fim, há fatores protetores genéticos, como os hormônios femininos, que ajudam a melhorar níveis de colesterol”.
Dados do IBGE
Divórcios
7.523 divórcios foram concedidos no Espírito Santo em 2023.
1,4% foi o crescimento em relação a 2022.
13,1 anos é o tempo médio entre a data do casamento de cônjuges de sexo diferente e a data da sentença ou escritura do divórcio.
Taxa de divórcios
A taxa geral de divórcios no Espírito Santo em 2023 foi de 2,5%, ou seja, 2,5 divórcios para cada 1.000 pessoas de 20 anos ou mais de idade, taxa menor que a média nacional.
Guarda compartilhada em divórcios
2022 - 51,3%
2023 - 55,9%
Casamentos
22.360 casamentos foram registrados no Estado.
3,7% foi a queda em relação a 2022.
3,6% foi a queda no número de casamentos entre pessoas de sexo diferente.
6,9 é a taxa de nupcialidade no Estado, o que significa que foram realizados 6,9 casamentos por mil habitantes com 15 anos ou mais de idade.
Ranking da taxa de nupcialidade
1. Rondônia: 9,1
2. Acre: 8,5
3. Distrito Federal: 7,9
4. Mato Grosso: 7
5. Espírito Santo: 6,9
Idade média em casamento de pessoas de sexo diferente
Homens - 30,3 anos
Mulheres - 28 anos
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