Carteira para pilotar moto elétrica custa mais de R$ 2 mil
Valor inclui autoescola e todas as taxas do Detran. Nova resolução do Contran estabelece regras para circular com o veículo
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Já está valendo: para circular com motos elétricas é preciso ter habilitação na categoria A ou a Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC). Quem não tem carteira e precisa se adequar pode ter de desembolsar mais de R$ 2 mil, incluindo todas as taxas para tirar uma primeira habilitação.
A nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabelece as regras para circular com as motos elétricas, além de bicicleta e patinete elétricos.
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O diretor de Segurança no Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES), Fernando Stockler, explicou que está estabelecido que motos elétricas com motor de combustão interna de até 50 cilindradas ou de motor de propulsão elétrica de até 4 quilowatts se enquadram como ciclomotores.
“Nesse caso, não podem andar nas ciclovias, precisam de habilitação e devem cumprir as demais regras já estabelecidas pelo Código de Trânsito, como usar capacete”.
Ele destacou que, apesar da possibilidade de circular com a ACC, nos Centros de Formação de Condutores a categoria não é algo comum de ser encontrada.
Dados do Detran-ES apontam que apenas três pessoas têm esse tipo de autorização no Estado. “Como o processo é semelhante ao da categoria A e o custo é praticamente o mesmo, não há demanda. Os CFCs não têm esses veículos”.
Stockler frisou que para facilitar o processo da ACC, o Detran está editando uma regra liberando que condutores façam as aulas e a prova com a sua própria moto elétrica.
Luciano Bonjardim, consultor jurídico do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Estado, explica que os valores variam conforme cada empresa, mas em média, tirar CNH categoria A na Grande Vitória pode custar entre R$ 1.900 e R$ 2.300 (primeira habilitação), com todas as taxas.
Já nos demais municípios, a quantia pode ser ainda maior, chegando a R$ 2,6 mil (categoria A para quem não é habilitado).
Uma simulação solicitada pela reportagem em um CFC demonstrou que a adição de moto para quem já tem habilitação na categoria B, sai, no total, por 1.242,50. Os valores, no entanto, variam.
TIRANDO CNH
Quem usa uma moto elétrica para trabalhar é o auxiliar de vendas Daniel Rodrigues, de 24 anos. À reportagem, ele contou que antes mesmo de saber da resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que traz regras para ciclomotores, já tinha decidido tirar a CNH, na categoria A, processo que está em andamento.
Como já tem CNH categoria B, ele disse que o valor ficou mais em conta. “Eu fiz várias pesquisas antes e estou pagando menos de R$ 1 mil para tirar a categoria A”.
Sobre as regras em proibir que condutores andem por ciclovias e calçadões, ele é contrário. “Andar no meio dos carros, mesmo com carteira, será perigoso. Muitos vão trocar a scooter por moto”.
Fique por dentro
> Nova resolução
- Já está em vigor a nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que diferencia e estipula regras para veículos ciclomotores (motos elétricas), bicicletas elétricas e outros equipamentos.
> Potência
- Equipamento com motor de combustão interna cuja cilindrada não exceda a 50 cm (ou 3,05 pol) , ou de motor de propulsão elétrica com potência de até 4 quilowatts.
> Velocidade máxima até 50 km/h.
- Se a potência ou velocidade ultrapassarem esses patamares, o veículo deixa de ser um ciclomotor e passa a ser considerado uma motoneta ou motocicleta.
> Regras
- Segundo o Código de Trânsito, os condutores de ciclomotores só podem circular usando capacete com viseira ou óculos protetores; segurando o guidom com as duas mãos e com calçado que se firme nos pés.
- Os passageiros de ciclomotores só poderão ser transportados com capacete de segurança em assento suplementar atrás do condutor.
- Também será obrigatório emplacamento do veículo e licenciamento.
> Onde andar
- Os ciclomotores devem ser conduzidos pela direita da pista de rolamento, preferencialmente no centro da faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que não houver acostamento ou faixa própria a eles destinada.
- É proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre as calçadas das vias urbanas.
> Quem pode usar
- É preciso ser maior de 18 anos.
- No caso de passageiros, devem ser maiores de 10 anos, assim como no caso de motocicletas.
> Habilitação
- Para circular em um ciclomotor é necessário ser habilitado na categoria A ou ter Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC).
- A maior parte dos Centros de Formação de Condutores (CFCs) ainda não oferece o serviço para o condutor obter a ACC, segundo eles “por falta de procura” e por não ter esse tipo de veículo para que os condutores façam a prova.
- Por isso, a procura maior é por habilitação na categoria A.
> Diferenças entre habilitação na Categoria “A” e “ACC”
- Categoria A: Pode conduzir motos e ciclomotores. Processo exige 45 horas/aulas teóricas, prova teórica, 20 aulas práticas e prova prática.
- ACC: Autoriza conduzir ciclomotor. Processo exige 20 horas de aulas teóricas, prova teórica, 5 horas de aulas práticas e prova prática.
> Valores
- Segundo o Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Estado, na Grande Vitória, o valor da habilitação na categoria A pode variar de R$ 1.900 a R$ 2.300, para primeira habilitação. Isso inclui todas as taxas, incluindo do Detran, dos Centros de Formação e exames.
- Nas demais regiões, pode chegar a R$ 2.600.
- Já se for adição de categoria, por exemplo, quem já tem a categoria B, os valores são menores. Uma das simulações ficou em R$ 1.200.
- Segundo o Detran, os valores para tirar as ACCs são semelhantes aos da categoria A, mas dependem de cada CFC. Somente as taxas do Detran, tanto para ACCs, quanto para a categoria A, fica em R$ 463,98, no caso de 1ª habilitação. Já para adição de categoria, é por R$ 330,80.
> Mudança do Detran
- Por causa da dificuldade de conseguir locais onde as pessoas possam tirar a ACC, o Detran está editando uma nova norma para permitir que o candidato faça as aulas e prova com sua própria moto elétrica ou scooter.
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