Bombeiros capixabas sofrem com temperatura abaixo de zero
Seis bombeiros e uma cadela embarcaram para o país, onde participam de missões operacionais e de ajuda humanitária
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Um cenário de destruição e mais de 37 mil mortos até o momento. Após um terremoto de magnitude 7,8 graus na escala Richter, que assolou a Turquia e a Síria no último dia 6, os olhos de todo mundo se voltaram para a situação trágica nos países.
Entre os escombros do que restou das regiões mais atingidas, uma equipe de capixabas do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) está na Turquia desde a última sexta-feira para ajudar no socorro às vítimas. Na missão, são seis militares e uma cadela de resgate.
O frio intenso tem sido um dos obstáculos enfrentados pelos militares, que relatam temperaturas de até -5ºC.
Major Fábio e major Siwamy, no comando estratégico, transmitem diariamente as missões para a equipe operacional. Já o capitão Marinho, o sargento Sperancini, o sargento Breno e o cabo Vicentini integram o Centro Especializado de Resposta a Desastres (Cerd) e estão nos trabalhos de ajuda humanitária.
Esta mesma equipe atuou em outros desastres fora do Estado, como nos rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho, ambos em Minas Gerais, e nas enchentes de Itabuna, na Bahia, em 2021, e em Petrópolis (RJ) e Recife (PE), no ano passado.
Além dos militares, a equipe conta com a cadela Case, da raça pastor alemão, que tem sete anos de idade e atua na localização de vítimas desde 2016.
Case localizou 23 vítimas em Petrópolis e a última a ser encontrada na enchente em Recife. Na Turquia, a cadela já indicou quatro locais com vítimas.
A equipe saiu do Espírito Santo na madrugada da última quarta-feira com destino a São Paulo, onde embarcou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para a Turquia. A aeronave pousou em Ancara. Atualmente, eles estão em Kayramanmaras, no sul-sudeste.
Casada com o sargento Breno, a empresária Tainara Torezani, 33, conversou com A Tribuna e falou sobre o sentimento dos últimos dias após a ida do marido ao país.
Juntos há 12 anos, os dois têm uma filha, Helena, de 9 anos. A família lida com a saudade sabendo da importância do ofício desempenhado pelo pai.
“Não temos domínio sobre o que ele está passando por lá. Além da região ser de guerra, nós não controlamos a natureza. Não sabemos se haverá outro terremoto”, disse Tainara. Por outro lado, o sentimento também é de orgulho e admiração.
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“É um sentimento de orgulho e de preocupação”
A Tribuna - Como fica o coração com o marido estando nessa missão tão importante?
Tainara Torezani - É um sentimento de orgulho e de preocupação ao mesmo tempo. A esperança daquelas famílias está nesses militares. A gente se põe no lugar das pessoas que dependem do trabalho deles para sobreviver. Muitos estão à espera de encontrar seus familiares vivos ou pelo menos os corpos para enterrar.
Qual foi a sua reação ao saber da viagem?
Quando ele me contou que tinha sido convocado, perguntei para quando seria a viagem. Ele respondeu: ‘agora, estou indo arrumar minha mala’. Não tive reação. Mas sei que meu papel é apoiar, porque o trabalho dele é um propósito de vida.
Vocês têm conseguido se comunicar com ele?
Conseguimos nos comunicar diariamente por ligação, mensagem ou chamada de vídeo.
O que ele conta da rotina?
Eles têm trabalhado durante toda a madrugada. Como o fuso horário é de 5 horas e 40 minutos, fazemos as chamadas ou muito cedo, pela manhã, ou muito tarde, à noite. Além disso, como eles estão no inverno, venta e faz muito frio.
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Missão
O Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) enviou 6 militares e uma cadela para a missão na Turquia.
A equipe é constituída, no comando estratégico, pelo major Fábio e pelo major Siwamy, que são oficiais especialistas para atuar na busca e recuperação de vítimas em estruturas colapsadas.
Ambos são fluentes em inglês e estão compondo o centro de comando local, transmitindo diariamente as missões para a equipe operacional.
OS Outros quatro militares que integram o Centro Especializado de Resposta a Desastres (Cerd) são o capitão Marinho, o sargento Sperancini, o sargento Breno e o cabo Vicentini.
Esta mesma equipe atuou em outros desastres fora do Estado, como nos rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho, ambos em Minas Gerais, e nas enchentes de Itabuna, na Bahia, em 2021, e em Petrópolis (RJ) e Recife (PE), no ano passado.
Cadela de resgate
Da raça pastor alemão, a cadela Case tem 7 anos de idade e atua na localização de vítimas desde 2016, quando foi certificada para esta modalidade.
Case já atuou em diversos desastres no Brasil, entre eles Petrópolis (onde localizou 23 vítimas), Recife (onde localizou a última vítima que não era encontrada por outras equipes) e diversas ocorrências no Espirito Santo, incluindo pessoas perdidas em florestas.
Na Turquia, Case já indicou 4 locais com vítimas.
O terremoto
O tremor atingiu 7,8 graus na escala Richter, no último dia 6.
Até o final da tarde de ontem, mais de 37 mil pessoas tinham morrido, de acordo com as autoridades locais.
Foram 31.643 vítimas fatais na Turquia e 5.714 na Síria.
Como ser um bombeiro
Para se tornar um bombeiro militar, o cidadão passa por rigorosa seleção física e intelectual.
Outra seleção é oferecida aos que se voluntariam às especializações. A atuação em situações mais complexas envolvem mergulho, salvamento em alturas, incêndio florestal e combate a incêndio confinado.
A equipe enviada à Turquia integra o Centro Especializado de Resposta a Desastres (Cerd).
Especialistas em resgate urbano, resgate em estruturas colapsadas, resgate em áreas de vegetação, resgate em desastres, resgate com cães, entre outras, são pré-requisitos para se tornarem integrantes do Cerd.
Fonte: Corpo de Bombeiros.
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