Aumenta a procura por planos de saúde e hotéis para cães
Mercado para pets faturou um total de R$ 75,4 bilhões no ano passado
Com a demanda cada vez mais crescente, a procura por produtos e serviços para pets aumentaram. Planos de saúde, hotel, fotógrafo, fisioterapeuta, acupunturista, enfim, todo o setor voltado para os bichinhos cresceu.
Raphael Wawruk, idealizador do Habitare Pet Club, que é um espaço em Vila Velha voltado para o cuidado e a educação de cães em formato de creche, conta que o número de matrículas subiu de 46 para 68 alunos ativos em um ano.
No Habitare, as atividades são planejadas e personalizadas de acordo com o perfil e as necessidades da raça. Além da rotina no espaço físico, o lugar também oferece orientação às famílias para manter os hábitos adequados em casa.
“A gente auxilia os tutores a entenderem os comportamentos naturais da espécie e a criarem ambientes que favoreçam isso. Não adianta deixar o cão aqui e em casa não ter rotina, brinquedos ou regras”, afirma.
Seguindo na mesma linha de cuidados com os pets, o plano de saúde Petsalut atua no Espírito Santo desde 2016. Felipe Marchesi é CEO e proprietário do plano.
“Muitos falam da humanização dos pets, mas eu prefiro dizer que eles estão mais inseridos na família. Antigamente, o cão era aquele animal de guarda que ficava no quintal. Hoje ele participa da rotina, ajuda na criação dos filhos e faz companhia para idosos. É realmente um ente da família”, explica.
Com o avanço da medicina veterinária, que hoje utiliza equipamentos e tratamentos tão modernos quanto os da medicina humana, a preocupação com a saúde dos animais cresceu, assim como os custos.
Nesse contexto, o plano de saúde surge como uma alternativa de segurança financeira e cuidado contínuo.
“O plano vem para democratizar o acesso à medicina veterinária. Nosso foco é a prevenção. Quando o tutor mantém as consultas de rotina, evita surpresas maiores e reduz o risco de emergências”, destaca.
Além da saúde, alimentação e bem-estar, na fotografia o pet também já conquistou seu lugar. Carol Paulino sempre teve aptidão pela fotografia de animais. Ela conta que a demanda cresceu bastante.
“Hoje, o pet está totalmente inserido no núcleo familiar. No meu dia a dia, percebo que existem muitos casais que acabam optando por não ter um filho humano, mas adotam ou compram um pet. Também tenho muitos clientes que a família é a pessoa e o pet”, contou.
Adotar não é só dar ração e água
Jéssica Martins de Lima, veterinária, tem dois cachorrinhos adotados que moram com ela: o shih tzu chamado Dante e a poodle Flora.
Por causa dos animais, ela precisou adotar uma rotina de passeios, idas ao pet shop semanais e exames regulares, além de medicações para evitar doenças.
“Flora foi achada na rua, toda embolada, cheia de carrapato, bem magra e doente. O Dante veio de outra família que se separou e a tutora não quis mais ele. Estou com eles há mais ou menos 7 anos. A rotina é totalmente outra. Com eles, as responsabilidades aumentam e existem outros custos que precisam ser encarados com seriedade”, destaca.
Jéssica afirma que adotar não envolve apenas prover ração e água. “Lazer e cuidados são coisas básicas, e prevenir é melhor que remediar. Na medicina veterinária não seria diferente. Assim como os humanos, os pets precisam de exames de rotina, medicação mensal de pulga e carrapato, além de uma boa ração”.
Jéssica conta que Flora e Dante são apenas uma extensão do amor pelos animais.
“Na verdade eu tenho outros 12 cães adotados na casa da minha mãe, que eu peguei da rua também. Sempre tive muita pena dos animais em estado de rua, e me tornei veterinária para pode ajudá-los”, contou.
DADOS SOBRE PETS
O Brasil é o 3º maior país do mundo em número de pets.
- 160 a 168 milhões de animais de estimação (média de 1,6 animal por residência).
- São 60 milhões de cães.
- 40 milhões de aves.
- 30 milhões de gatos.
No Espírito Santo
Três milhões de pets (dados de 2024).
Estado está na 13ª posição no ranking nacional com as maiores populações de animais de estimação do País.
Mercado pet
- No Brasil são mais de 285 mil empresas no setor.
- 30,27% das famílias declaram gastos com animais.
- 145% de aumento nas despesas com pets entre 2002 e 2018.
- R$ 431,40 é o gasto médio mensal do brasileiro com cães.
- O setor faturou R$ 75,4 bilhões em 2024, aumento de 9,6% em relação a 2023.
Faturamento
A venda de alimentos industrializados para animais de estimação encerrou o ano com R$ 40,8 bilhões (54,1% do total do setor).
Em seguida, vem a venda de animais por criadores, representando R$ 8,1 bilhões, ou 10,8% do faturamento do mercado.
Logo depois, os produtos veterinários (pet vet) representam R$ 7,8 bilhões, ou 10,4% do total do faturamento do setor.
Serviços veterinários são o quarto maior segmento em faturamento, com R$ 7,7 bilhões (10,2%).
Fontes: Abinpet, IBGE, Abempet e Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF).
ANÁLISE
“Eles fazem parte da família sim, mas são de outra espécie” - Letícia Barcellos, membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado
“Os pets deixaram de ser apenas 'animais de estimação' para se tornarem parte real das famílias. Antes, viviam nos quintais. Hoje, são membros da chamada família multiespécie, participando ativamente da nossa rotina, das nossas emoções e até das nossas decisões. Essa transformação reflete mudanças profundas na forma como vivemos e nos relacionamos com os animais e entre nós mesmos.
Ter um pet hoje vai muito além da companhia. É uma decisão que envolve tempo, responsabilidade e conhecimento sobre as necessidades físicas e emocionais desse novo membro da casa.
Cães e gatos precisam de cuidados veterinários regulares, boa alimentação, estímulos mentais e oportunidades de convivência e movimento — o que pode incluir passeios, creches, pet sitters e até terapias integrativas.
Toda a família deve estar preparada e disposta a acolher esse novo integrante. Antes de adotar, vale refletir: Como é a rotina da casa? Quanto tempo você tem disponível? O espaço é adequado? Há condições para oferecer os cuidados que o animal precisa? Cada espécie, raça e indivíduo tem suas particularidades.
Os gatos, por exemplo, costumam se adaptar bem a espaços menores, mas precisam de estímulos que despertem o instinto de caça, de um ambiente enriquecido com móveis verticais (gatificação) e de acompanhamento veterinário regular.
Os cães, em geral, necessitam de mais movimento, interação social e de acompanhamento veterinário e estímulos adequados à rotina e ao perfil de cada um. Eles fazem parte da família sim, mas são de outra espécie, com necessidades diferentes”.
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