Alunos de Guarapari criam óculos que “detectam” sono
Projeto desenvolvido em escola da zona rural de Guarapari é capaz de identificar sinais de sonolência no motorista e ainda emitir alertas

Um projeto de iniciação científica desenvolvido na zona rural de Guarapari vem chamando a atenção pelo potencial inovador e pelo impacto que já conquistou. Alunos da EMEIF João Lima da Conceição, em Samambaia, criaram um protótipo de Óculos Anti-sono em Rodovias (ASR), capaz de identificar sinais de sonolência no motorista e emitir alertas para evitar acidentes.
A ideia surgiu em 2023, dentro de um projeto-piloto do Núcleo de Tecnologia Educacional da Secretaria de Educação. Localizada às margens da BR-101, a comunidade escolar convivia de perto com os acidentes na rodovia, ainda mais frequentes antes da duplicação.
A partir de pesquisas, os alunos Caleb Gomes Meneguete Fabris, 15 anos, Henrique Velten da Silva e Natalia Dantas Sá, ambos de 16, identificaram que a sonolência era o terceiro maior causador de acidentes no País. Foi então que surgiu a proposta de criar um dispositivo para ajudar a reduzir esses riscos.
Segundo a professora Naiara dos Santos Nobre, coordenadora do Núcleo e orientadora do projeto, a iniciativa começou como uma investigação científica e evoluiu para a prototipagem.
“Eles foram estimulados a pensar como verdadeiros pesquisadores. Quando decidiram criar uma solução tecnológica, participaram de um curso de Arduino e tiveram contato com componentes de robótica, sempre com apoio do coorientador José Elton Pereira Neto, engenheiro elétrico do Núcleo”, explica.
O protótipo utiliza sensores infravermelhos para monitorar os movimentos oculares. Se os olhos ficam fechados por mais de dois segundos, os óculos emitem um alerta sonoro e vibram, despertando o condutor.
Desenvolvido com baixo custo — cerca de R$ 120 —, o dispositivo ganhou reconhecimento em feiras científicas, como o 1º lugar na categoria Engenharias na Feira de Ciências do Capixaba e o 4º lugar da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, na USP. Em outubro, o projeto será finalista da Mostra Nacional de Robótica, em Vitória.
Embora ainda precise de ajustes, há possibilidade de o protótipo evoluir para um produto comercial. Para Naiara, o valor maior está no processo vivido pelos alunos. “Mais do que um dispositivo, o projeto mostra que a ciência é uma ferramenta viva de descobertas. Os alunos aprenderam a questionar, imaginar, testar e criar, e isso transforma trajetórias”.
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